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Compositora e escritora de grande talento, Frances Ridley Havergal consagrou todos os seus dons exclusivamente a Deus
Por Élidi Miranda*
A ti seja consagrada/ Minha vida, ó meu Senhor/ Meus momentos e meus dias/ Sejam só em Teu louvor. Essa é uma das versões em português do Hino 269 (do Cantor Cristão), a canção mais famosa composta pela escritora, poetisa e musicista britânica Frances Ridley Havergal (1836-1879). Esses versos resumem sua vida de permanente consagração ao Altíssimo. Detentora de uma inteligência acima da média e de notável talento musical, ela teria boas razões para se engrandecer. Contudo, creditava todos os seus dons a Deus e os utilizava tão somente para o louvor da glória dEle.
Havergal nasceu em Astley, no Norte da Inglaterra, em 14 de dezembro de 1836. Seu pai era um ministro anglicano, compositor e músico. Aos quatro anos, já era capaz de ler a Bíblia e sabia escrever. Musicista nata, sob a influência do pai, aprendeu piano e, ainda pequena, demonstrou seu talento para o canto. Frances era possuidora de uma voz aprazível e bem treinada. Estudou hebraico com um de seus irmãos, grego com o pai e era fluente em francês e alemão.
Embora seus pais tenham sido diligentes em apresentar o Evangelho aos filhos, Frances somente se converteu a Cristo, de fato, na adolescência, quando estudava em um colégio interno para moças. Depois de aceitar o Salvador, lançou mão de seu conhecimento de hebraico para estudar com profundidade – e demoradamente – os Salmos, o que contribuiu para o desenvolvimento de suas habilidades como compositora.
Capaz de ler o Novo Testamento na língua original, o grego, também se aplicou a estudá-lo. Ela se deleitava em meditar no Livro Sagrado. Desenvolveu o hábito de ler a Bíblia todos os dias, de manhã e à noite. Além disso, preocupava-se em pôr em prática os princípios da Palavra ao seu dia a dia: o maior desejo da jovem Frances era se parecer mais e mais com Jesus.
Sua inteligência e memória privilegiadas fizeram com que decorasse grandes porções das Escrituras. No início da vida adulta, ela sabia de cor os Salmos, o livro de Isaías (seu favorito), os quatro evangelhos, as epístolas e o Apocalipse. Mais tarde, viria a memorizar os profetas menores.
Mesmo com tantos talentos, ela nunca considerou ingressar em uma carreira secular como musicista ou escritora. Isso porque só cantava músicas sacras. E, quando cantava em público, sempre tinha o objetivo de ganhar almas para o Senhor, tarefa à qual se dedicou com afinco.
Frances foi professora na escola bíblica dominical em sua igreja e escreveu cartas, folhetos evangelísticos e vários livros. Compôs dezenas de hinos, muitos dos quais constam nos hinários das denominações históricas brasileiras. Já adulta, dirigia reuniões de oração e pregava quando era possível. Mesmo com saúde debilitada desde a infância, ela não media esforços para servir ao seu Senhor.
Alegria do Senhor – Frances Ridley Havergal jamais foi ao campo missionário, mas apoiava a obra de evangelização transcultural. Meses antes de falecer, doou todas as suas joias para o sustento da obra missionária. Ela teve uma vida relativamente pacata e morou na casa que pertencia a seus pais até morrer. Com sua dedicação ao Redentor, vivendo de modo piedoso e santo, levou muitas almas a Cristo. Falava da salvação de maneira fervorosa.
Conta-se que, certa vez, foi passar alguns dias na casa de uma família onde havia dez pessoas. Algumas eram convertidas, contudo não estavam firmes na fé. Frances sentiu o desejo de que elas experimentassem, durante sua estada, a alegria da salvação em Cristo. Suas orações por aquele grupo foram atendidas. Todos creram no bom Pastor e ficaram cheios do regozijo dEle antes que ela deixasse a residência.
Frances Ridley Havergal nunca se casou e morreu aos 42 anos, deixando um extenso legado de obras escritas. No ano de seu falecimento, ela estava no auge de seu ministério como compositora e escritora. A agenda também estava lotada de compromissos e viagens, por meio dos quais ministrava e divulgava a obra missionária. Porém, a saúde seguia cada vez mais debilitada.
No dia 3 de junho de 1879, ela estava acamada em seu quarto, cercada por parentes. Vítima de uma peritonite [inflamação da membrana que reveste a parede abdominal], sentia suas forças indo embora. Porém, seu contentamento em Cristo permanecia intacto. Em dado momento, ela sorriu e disse: Como é esplêndido estar à entrada das portas celestiais! Estou perdida em meio a tantas maravilhas.
Os familiares que a cercavam naquele instante testemunharam seu encontro com o Salvador. Frances levantou os olhos, e seu semblante expressava uma felicidade extrema. Tentou cantar e, com uma nota aguda, foi capaz de entoar apenas uma palavra: Ele. Mas sua voz começou a perder a força até desaparecer, enquanto ela cruzava, feliz, os portais da eternidade. (*Com informações de Wholesome Words, Banner of Truth, CS Lewis Institute)
2 Comments
Amei conhecer a linda e esplêndida história de Frances Havergal.
Missionária iluminada, culta, brilhante, desbravadora do Evagelho!
Glória a Deus! De fato, uma serva do Senhor! Um exemplo de vida para todos nós.