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Olhar adiante

Jovens cristãos sonham com futuro profissional promissor, sabendo que a comunhão com Deus é fundamental

Por Evandro Teixeira

Quando um bebê nasce, seus pais têm a expectativa de vê-lo crescer forte e sadio, a ponto de se tornar um adulto independente, capaz de formar e manter a própria família. Entretanto, esse processo de amadurecimento é longo e engloba diversas experiências e situações que moldarão paulatinamente as perspectivas e escolhas desse indivíduo. À luz das mudanças ambientais, dos desastres naturais, das doenças, das guerras e da escalada de conflitos internos em vários países, a perspectiva das novas gerações não é das mais animadoras.

Nicolas Cipriano, aluno do terceiro ano do Ensino Médio, afirma: “É importante que os jovens estejam atentos às suas escolhas hoje, pois, certamente, elas servirão de base para suas conquistas futuras”
Foto: Arquivo pessoal

Um levantamento recente da YouGov (empresa especializada em pesquisas de mercado), que ouviu adolescentes britânicos com idades de 14 a 17 anos, mostrou que metade dos entrevistados apresentou visão negativa em relação ao futuro, particularmente em relação a dinheiro e emprego. De acordo com a sondagem, 55% expressaram a crença de que, quando chegarem aos 30 anos de idade, viverão pior do que seus pais.

Para o Pr. Rogério Postigo, a projeção da carreira precisa estar associada à fé, deve estar em Deus
Foto: Arquivo Graça / Solmar Garcia

No Brasil, uma investigação semelhante, realizada pelo Datafolha no fim de 2022, ouviu jovens de 15 a 29 anos e revelou que poucos tinham esperança de dias melhores: apenas 25% disseram acreditar que o país estaria melhor nos dez anos seguintes. Curiosamente, quanto ao próprio futuro, os brasileiros se mostraram mais otimistas que os britânicos: 65% acreditavam que a própria situação financeira estaria melhor em dez anos.

Diante desses resultados compilados, a reportagem de Graça/Show da Fé foi a campo para conversar com alguns jovens cristãos e, assim, descobrir se eles tinham percepções similares às dos entrevistados dos levantamentos da YouGov e do Datafolha. Nicolas Cipriano, 16 anos, aluno do terceiro ano do Ensino Médio, entende que uma dose de pessimismo – como aquela demonstrada pelos participantes britânicos – pode até ser estratégica. “Ao projetar um cenário negativo, evitam-se as frustrações de um sonho não concretizado”, pondera o rapaz, membro da sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em São Paulo. Em contrapartida, observa Cipriano, manter uma expectativa baixa e ficar em uma zona de conforto são atitudes que podem dificultar o crescimento pessoal. “É importante que os jovens estejam atentos às suas escolhas hoje, pois, certamente, elas servirão de base para suas conquistas futuras.”

Sophia Lobato, aluna do primeiro ano do Ensino Médio, destaca a importância de colocar o Senhor à frente de tudo e, assim, desenvolver uma expectativa profissional saudável: “Agindo dessa forma, teremos mais segurança na hora de tomar decisões”
Foto: Arquivo pessoal

Nicolas relata que se dedica bastante aos estudos, porque pretende ingressar no curso de Engenharia Elétrica e se tornar empresário. Além disso, busca estar sempre informado sobre o mercado de trabalho e a situação econômica do país. Paralelamente, ele defende que ter uma vida cristã saudável é essencial para desenvolver o otimismo. “Diante das dificuldades, pelas quais todos nós podemos enfrentar, sabemos que existe um Deus que está à nossa frente, mostrando a direção certa.”

Saudável e otimista – De fato, no entendimento do Pr. Rogério Postigo, líder estadual da Igreja da Graça em Minas Gerais, a projeção da carreira precisa estar associada à fé. Para ele, embora entenda que dinheiro e emprego gerem uma sensação de estabilidade, a confiança das pessoas, especialmente dos cristãos, deve estar em Deus, conforme registra o Salmo 62.10: Se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração. [Leia, no final desta reportagem, o quadro Futuro promissor]

Esther da Lyra Lunz Pereira, aluna do primeiro ano do Ensino Médio, reafirma a necessidade de buscar uma boa formação acadêmica e se informar sobre o mercado de trabalho para construir uma carreira sobre uma base sólida
Foto: Arquivo pessoal

Pensamento semelhante tem Sophia Lobato, 15 anos, aluna do primeiro ano do Ensino Médio. Ela destaca a importância de colocar o Senhor à frente de tudo e, assim, desenvolver uma expectativa profissional saudável. “Agindo dessa forma, teremos mais segurança na hora de tomar decisões”, salienta a moça, membro da sede estatual da Igreja da Graça no Maranhão. Sophia, que pretende cursar Psicologia, reconhece que a questão financeira mexe com muitos jovens. Ela relata que sua família tem estabilidade nessa área, mas não se acomoda com tal situação, porque está consciente de que, para colher bons frutos, terá de se esforçar. “Alguns jovens querem vida fácil e ter tudo na mão”, critica a estudante secundarista.

O mesmo posicionamento de Sophia é partilhado por Esther da Lyra Lunz Pereira, 15 anos, também aluna do primeiro ano do Ensino Médio. Membro da Igreja de Nova Vida Ministério É de Deus em Cascadura, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), a jovem, que pretende cursar Odontologia, reafirma a necessidade de buscar uma boa formação acadêmica e se informar acerca do mercado de trabalho a fim de construir uma carreira sobre uma base sólida.

João Pedro Santos Rodrigues, estudante do segundo ano do Ensino Médio, lembra-se de que, em casa, sempre foi estimulado a manter o foco nos estudos: “Cresci ouvindo que os conselhos deles valem ouro”
Foto: Arquivo pessoal

No entanto, para ela, mesmo que as pessoas estejam bem preparadas, terão de lidar com situações problemáticas na carreira – especialmente com os altos e baixos inerentes ao mundo do trabalho. “Já tenho percebido hoje em dia a dificuldade enfrentada por alguns profissionais bem qualificados, para encontrar um bom emprego, e essa é uma realidade preocupante”, pontua Esther, que vê o mercado digital como um caminho para conquistar a independência financeira. Porém, afirma que, seja qual for a direção a seguir, é necessário ter metas claras e planos concretos. “Sem um objetivo específico e uma motivação diária, podemos nos perder no meio do caminho.”

Nessa mesma linha de raciocínio, João Pedro Santos Rodrigues, 16 anos, defende a construção de um projeto laboral bem definido. Estudante do segundo ano do Ensino Médio, ele, que pretende seguir carreira militar, lembra-se de que, em casa, sempre foi estimulado a manter o foco nos estudos. João Pedro, membro da Assembleia de Deus em Bangu, zona oeste carioca, diz que, mesmo buscando trilhar o próprio caminho, a influência dos pais na vida dos adolescentes e jovens é positiva. “Eles nunca devem parar de influenciar os filhos. Cresci ouvindo que os conselhos deles valem ouro.”

Foto: Scrudje / Gerado com IA / Adobe Stock

Por sua vez, Bernardo Gomes de Araújo da Silva, 19 anos, membro da Assembleia de Deus Ministério Ouro Fino, em Nova Iguaçu (RJ), observa que, em alguns casos, a família pode prejudicar as escolhas do jovem: quando pai ou mãe tentam transferir para os filhos suas frustrações por não terem obtido sucesso profissional. Na opinião de Bernardo, esse tipo de situação pode acabar desmotivando a pessoa, que tem, diante de si, a própria realidade familiar a influir em suas projeções. “Não basta sonhar. É preciso encontrar condições para a concretização dos nossos planos”, pondera o rapaz, que se prepara para fazer, pela segunda vez, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

“Escolhas pessoais” – Ao ser indagada sobre os resultados das pesquisas citadas no início desta reportagem, a educadora Rosane Gomes de Araújo da Silva, mãe do Bernardo, concorda que é preciso relativizar a realidade de cada país e a situação financeira das famílias. Em sua opinião, quando se trata de mercado de trabalho, em tese, terá maior chance quem tiver acesso à melhor educação e uma boa formação profissional.

Bernardo Gomes de Araújo da Silva (na foto, ao lado da mãe, a educadora Rosane) observa que, em alguns casos, a família pode prejudicar as escolhas do jovem: quando pai ou mãe tentam transferir para os filhos suas frustrações por não terem obtido sucesso profissional
Foto: Arquivo pessoal

Ao comentar o peso exercido pelas influências dos pais, a educadora ressalta que a primeira referência na vida de alguém é a familiar, e, por isso, ela é essencial. Ela pontua que, em geral, as orientações paternas e maternas visam conduzir os filhos por um caminho promissor. “Pai e mãe desejam que seus descendentes sejam mais bem-sucedidos do que eles. No entanto, deve-se ter o cuidado de não interferir nas escolhas pessoais.”

Segundo Rosane, a igreja tem condições de ajudar os jovens na construção de seu futuro, lançando mão da experiência dos diferentes profissionais que façam parte daquele ministério. “Além de trazer informações sobre mercado de trabalho, eles podem estimular os jovens a persistir em seus objetivos profissionais”, sugere.

Daniel Miguel Lopes de Oliveira, estudante do primeiro ano do Ensino Médio, diz que o planejamento é a base para ser bem-sucedido
Foto: Arquivo pessoal

Diversos especialistas afirmam que os jovens são naturalmente dispostos a pesquisar aquilo que consideram interessante. E, hoje, com tanta informação disponível na internet, muitos não perdem a oportunidade de ampliar seus conhecimentos para garantir um futuro promissor. Esse é o caso de Daniel Miguel Lopes de Oliveira, 14 anos, estudante do primeiro ano do Ensino Médio. Ele deseja cursar Direito e ingressar na carreira militar, mas, paralelamente, busca conhecer bem as áreas de empreendedorismo e marketing. Para o adolescente, o planejamento é a base para ser bem-sucedido, mas deixa claro que o Evangelho está acima de tudo. “Sempre faço meu devocional e meus estudos bíblicos. Temos de nos alimentar diariamente”, assinala Miguel, membro da sede estadual da Igreja da Graça no Rio de Janeiro. “Seguindo a direção de Deus, é fundamental estar bem preparado e atento às oportunidades para aproveitá-las”, conclui.

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