FORÇA DO GOSPEL
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Os princípios bíblicos são a estratégia mais confiável para sanar as dívidas e retornar ao equilíbrio das contas
Por Marcelo Santos
O endividamento nos lares brasileiros tem atingido níveis alarmantes. É o que demonstram dados de julho de 2024 divulgados pela Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com o levantamento, 78,5% das famílias possuíam algum tipo de dívida, e 47,6% estavam inadimplentes com uma ou mais contas em atraso. Esses percentuais refletem a crise financeira que vem afetando, de maneira significativa, a qualidade de vida da população.
Mesmo com o apoio de programas de incentivo, como o Desenrola Brasil – que permitiu a 15 milhões de pessoas renegociar ou pagar suas dívidas, tirando seus CPFs das listas de restrição ao crédito –, as dificuldades econômicas continuam afetando milhares de famílias. Especialistas em finanças afirmam que a inadimplência pode ser provocada por fatores como desemprego ou questões de saúde. No entanto, eles lembram que a falta de planejamento e o descontrole de gastos no ambiente familiar, muitas vezes, resultam em crises mais profundas, como o divórcio.
Pastores e estudiosos da área ouvidos pela reportagem de Graça/Show da Fé enfatizam que, diante de um mundo cada vez mais consumista e materialista, que induz as pessoas a gastar o que não têm, é essencial buscar orientações na Palavra com intuito de manter a vida financeira equilibrada.
Bem gerido – Na opinião do Pr. Paulo Maximiano, especialista em Gestão Financeira e coordenador do Ministério Crown de Finanças, alinhar a administração dos recursos aos princípios bíblicos é fundamental e um ato de obediência a Deus. “O dinheiro é o principal rival de Jesus pelo amor do cristão”, avalia ele, citando a parábola dos talentos (Mt 25.21), na qual o Salvador elogia o servo que gerenciou bem as finanças, mostrando que uma boa governança nessa área pode promover uma conexão mais íntima com o Senhor. “A Bíblia possui 2.350 versículos sobre esse tema, o mais presente nas Escrituras”, aponta.
Para aqueles que desejam organizar a vida financeira, o pastor recomenda começar com oração, inspirando-se na história da viúva e da botija de azeite relatada em 2 Reis 4.1-7, e adotar uma abordagem estratégica para quitar as dívidas: “Venda o que não estiver sendo usado”, aconselha ele, ressaltando que as dívidas com juros mais altos devem ser priorizadas.
O ministro do Evangelho explica que o “método bola de neve”, que consiste em pagar primeiro os débitos menores para ganhar motivação e, depois, focar nos maiores, também é uma sugestão válida. No entanto, enfatiza que controlar o uso do cartão de crédito e “contentar-se com o que se tem” são regras fundamentais para evitar gastos desnecessários. [Leia, ao final desta reportagem, o quadro Dez passos para acabar com as dívidas].
De acordo com Maximiano, um dos princípios mais importantes a serem seguidos é investir parte do que se ganha na expansão do Reino de Deus, refutando a ideia, disseminada por alguns, de que devolver o dízimo não é uma prática atual, e sim um costume do Antigo Testamento. “É um conselho antibíblico”, afirma ele, destacando o que a Palavra de Deus ensina em Atos 20.35 – NTLH: É mais feliz quem dá do que quem recebe.
Para o especialista em Gestão Financeira, a crise econômica afeta todos. Entretanto, os que seguem os ensinamentos da Bíblia acerca desse assunto encontrarão suporte e sabedoria para superar as adversidades. “O Senhor prometeu que jamais nos abandonaria e que nunca nos faltaria nada.” Além disso, ressalta o pastor, é importante educar os filhos quanto à gestão das finanças desde a infância, a fim de que estejam preparados para lidar com essa questão no futuro. Seguindo o conselho descrito em Provérbios 22.6 (Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele), Maximiano ressalta que os adultos têm um papel fundamental na formação de um caráter financeiro sólido nos pequenos: “Os pais devem ser exemplos de como lidar com o dinheiro de maneira sábia”.
Fidelidade a Deus – OPr. Elias Costa Ferreira reforça que é crucial colocar o Todo-Poderoso sempre em primeiro lugar, inclusive nas questões relacionadas ao dinheiro. Caso contrário, não há demonstração de confiança no Altíssimo. “Assim como em um casamento é necessário confiar no cônjuge, na aliança com o Pai também precisamos confiar nEle e em Sua Palavra”, prega o ministro, recordando as palavras de Jesus registradas em Mateus 25.23: Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. “Se a pessoa for fiel no pouco, Deus a colocará sobre o muito.”
À frente dos cultos de prosperidade financeira, realizados às segundas-feiras na sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em São Paulo, Ferreira observa que muitos chegam à casa do Senhor endividados e em situações adversas. “É preciso se organizar. Uma planilha pode ajudar a controlar os gastos, pois a dívida causa desespero e aflição”, aconselha.
A cuidadora de idosos Rosângela de Oliveira, de 63 anos, relata que procurou a solução para seus problemas financeiros nas Escrituras. Endividada com as administradoras de cartões de crédito, ela buscou orientação sobre fidelidade nos dízimos e nas ofertas. “No passado, alguém disse ao meu esposo que fazer o bem aos outros, como dar uma cesta básica, era equivalente ao dízimo. Mas ele sabia que deveria seguir os ensinamentos bíblicos e passou a entregar o dízimo”, recorda-se. Depois disso, Rosângela testemunhou as mudanças na vida deles. “Encontrei um novo emprego, consegui equilibrar as contas, e não enfrentamos mais as dificuldades de antes”, afirma ela, que congrega na Igreja da Graça na Freguesia do Ó, zona norte da capital paulista.
As bênçãos também alcançaram o supervisor de transportes Mário César Oliveira Silva, 54 anos, membro da mesma igreja da Rosângela. Devido às dívidas, ele passou a omitir sua real situação financeira familiar de sua esposa, Débora, e parou de devolver o dízimo quando a crise se agravou. “Eu me vi em um poço sem fundo. Era uma ida sem volta, algo desesperador.” Após o ocorrido, Mário decidiu que nunca mais deixaria de contribuir com a obra. “As bênçãos, a segurança e a lucidez em Cristo retornaram com força total. Como diz o Missionário, foi a volta da vitória”, recorda-se ele, assinalando que aprendeu a lição: “Nunca pare de devolver ao Senhor o que Lhe é devido. Ele é a nossa fonte de tudo”, conclama.
Educação Financeira – A pesquisa da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mencionada no início desta reportagem, revela também que a maioria das pessoas endividadas no Brasil é do gênero feminino. “Esse dado é alarmante e ressalta a urgência de trabalhar a Educação Financeira para mulheres, alinhada aos princípios bíblicos”, destaca a Profª Regina Maximiano, coordenadora do curso Mulheres que Prosperam, do Ministério Crown.
Segundo ela, as dificuldades desse público com o dinheiro se concentram em gastos com compras e investimentos sem retorno. “As mulheres compram mais itens de menor valor, enquanto os homens adquirem menos produtos, mas com maior valor agregado”, analisa. A fim de mudar essa realidade, Regina tem treinado pastoras e líderes femininas para criarem pequenos grupos de estudo sobre finanças. “Meu objetivo é capacitá-las de maneira a ajudar outras mulheres a gerenciar melhor seus recursos.”
A contadora Liliane dos Santos Nogueira salienta a necessidade de educar a população sobre a temática. “A maioria dos brasileiros não aprende, nem em casa nem na escola, como cuidar do próprio dinheiro”, lamenta. Com o avanço da tecnologia, comprar algo e se endividar está a um clique de distância, nos smartphones, computadores e tablets. “As redes sociais nos influenciam a gastar por meio de estratégias de marketing cada vez mais avançadas”, observa ela, acrescentando que a facilidade proporcionada pelo cartão de crédito faz com que “muitas pessoas percam o controle e gastem um dinheiro que ainda não possuem”.
Membro da Igreja da Graça em Presidente Dutra, Guarulhos (SP), Liliane auxilia o marido, o Pr. Márcio Alves, nos cultos especiais sobre organização financeira, realizados sempre na última segunda-feira de cada mês. “Essas reuniões trazem ensinamentos específicos relacionados à prosperidade e ao empreendedorismo”, explica. Além disso, a contadora está desenvolvendo um projeto: “Estou preparando um curso de Educação Financeira à luz da Bíblia”, diz ela, reforçando a ideia de que, segundo as Escrituras Sagradas, o cristão deve ser um mordomo fiel e prudente com todo o recurso que o Senhor lhe confia.
DEZ PASSOS PARA ACABAR COM AS DÍVIDAS
Listamos aqui dez passos que devem ser seguidos por aqueles que desejam eliminar suas dívidas:
1) Reconheça o problema – Admita que está endividado e esteja disposto a enfrentar essa situação.
2) Ore por sabedoria – Busque orientação de Deus para agir de modo sábio nas decisões financeiras. A oração pode trazer clareza e tranquilidade para lidar com os desafios.
3) Seja fiel nos dízimos e nas ofertas – Mantenha a prática de devolver o dízimo e ofertar. Esse compromisso é um princípio de fé e obediência e irá trazer bênçãos e uma perspectiva de generosidade que ajuda a enfrentar as dificuldades econômicas com confiança.
4) Tenha uma planilha – Liste todas as suas receitas e despesas. Isso o auxiliará a entender para onde o dinheiro está indo e identificar em que áreas é possível economizar.
5) Viva de acordo com as suas possibilidades – Ajuste seu estilo de vida de forma a adequá-lo ao seu orçamento. Evite gastos impulsivos e desnecessários e se concentre em viver de acordo com aquilo que pode pagar.
7) Liquide as dívidas de altos juros – Priorize o pagamento das dívidas com juros mais altos a fim de reduzir o custo total de suas contas. Essa estratégia vai liberar recursos para quitar dívidas menores mais rapidamente.
8) Evite novas dívidas – Durante o processo de quitação dos débitos, evite fazer novos empréstimos ou usar o cartão de crédito. Essa iniciativa auxiliará a estabilizar a sua situação financeira. Além disso, ajuste as prioridades de acordo com suas metas.
9) Aprenda a cuidar do seu dinheiro – Invista no aprendizado sobre Gestão Financeira. Há dezenas de cursos, livros e consultorias que podem oferecer valiosas dicas e estratégias para melhorar a sua vida nessa área.
10) Crie uma reserva de emergência – Após controlar as dívidas, comece a guardar dinheiro para emergências. Esse montante deve ser suficiente para cobrir de três a seis meses de despesas básicas, servindo como um “colchão” em tempos de necessidade.
(Marcelo Santos, com dicas dos especialistas ouvidos nesta reportagem).