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Foto: flavia carpio / Unsplash

Sob ataque

Apesar de ser considerada uma nação de maioria cristã, a Colômbia é marcada pela perseguição aos crentes

Por Patrícia Scott

A Colômbia é o único país sul-americano presente na Lista Mundial da Perseguição, um ranking elaborado anualmente pela Missão Portas Abertas que elenca os 50 países do globo onde é mais perigoso ser seguidor de Jesus. Embora seus habitantes se considerem cristãos (93% dos cidadãos), a situação dos crentes por lá é bem difícil, e o quadro vem se agravando. 

Na última edição da lista de Portas Abertas – publicada em fevereiro de 2021, com informações de 2020 –, a Colômbia aparece na 30ª colocação, tendo avançado 11 posições em relação ao ano anterior, quando ocupava o 41º lugar. “No interior do país, a perseguição a cristãos por parte de grupos indígenas e de guerrilheiros, bem como de narcotraficantes, tem impedido a propagação do Evangelho fora da capital, Bogotá”, afirma Marco Cruz, secretário-geral da Missão Portas Abertas no Brasil. Segundo ele, os ataques são extremamente violentos. “Líderes são ameaçados, assediados, extorquidos e até assassinados”, revela, explicando que, na maioria dos casos, a violência ocorre depois que cristãos denunciam ações que ferem os direitos humanos. “Eles são vistos como impedimento para o recrutamento forçado de pessoas, especialmente jovens, para os grupos rebeldes, o tráfico de drogas e o crime organizado.”

Marco Cruz, secretário-geral da Missão Portas Abertas no Brasil: “No interior do país, a perseguição a cristãos por parte de grupos indígenas e de guerrilheiros, bem como de narcotraficantes, tem impedido a propagação do Evangelho fora da capital, Bogotá” – Foto: Divulgação / Missão Portas Abertas

Grandes regiões da Colômbia são controladas por grupos paramilitares e por traficantes de drogas. Em alguns contextos, as duas atividades se misturam. O cristianismo evangélico também é visto como uma ameaça ao domínio exercido pelos criminosos. Entretanto, esse tipo de conflito não é novo: por décadas, parte do território colombiano esteve sob controle das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), grupo de guerrilheiros criado em 1964 que prega a revolução socialista e que é conhecido pela violência e por sua hostilidade aos cristãos. 

Em 2016, depois de anos de conflitos com o exército colombiano, um acordo de paz entre o governo de Bogotá e a liderança das FARC foi celebrado. No entanto, logo surgiram guerrilheiros dissidentes dispostos a continuar aterrorizando o país em nome de sua causa. De acordo com o Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA), ligado à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os rebeldes egressos das FARC assassinaram quase mil líderes e defensores dos direitos humanos de 2016 até 2020.

Crianças e famílias – A maioria dos 51,2 milhões de colombianos, porém, não vive no interior, e sim nos grandes centros urbanos, localizados majoritariamente em áreas próximas à costa. O país é a terceira economia da América do Sul – só fica atrás do Brasil e da Argentina –, mas uma parte considerável da população enfrenta sérios problemas sociais. A missionária brasileira Carmen Andrade, a qual conhece bem aquela realidade, por residir há 16 anos em solo colombiano, considera importantíssimo mostrar o amor de Jesus de maneira prática. “Há muitas pessoas vivendo nas ruas e perdidas nas drogas. A melhor estratégia é sempre aliar amor, cuidados e a Palavra”, aponta Carmen, que vive em Medellín, capital da província montanhosa de Antioquia, cidade que ficou mais conhecida por seu passado ligado ao cartel de drogas comandado por Pablo Escobar.

Ali, essa serva de Deus coordena um ministério de evangelização de pessoas em situção de rua, a Fundação Pare (sigla do Programa de Ajuda, Reabilitação e Esperança), além de unidades do Programa de Educação Pré-Escolar (PEPE), voltado para crianças pequenas, com objetivo de garantir-lhes desenvolvimento integral e proteção contra abusos e violência. O trabalho é capitaneado pela Junta de Missões Mundiais (JMM), da Convenção Batista Brasileira (CBB), sediada no Rio de Janeiro (RJ). “Investimos nas crianças, pois, quando são alcançadas, chegamos à família delas.”

A missionária brasileira Carmen Andrade: “Investimos nas crianças, pois, quando são alcançadas, chegamos às suas famílias” – Foto: Arquivo pessoal

Outra missionária, Marilene Teodoro de Lima Aponte, que mora no país desde 2008, também investe na infância, mais especificamente em Bosa, uma área violenta e bastante carente da zona sul da capital, Bogotá. Seu ministério une o evangelismo a ações de cunho social voltadas para as crianças. “A partir delas, muitas famílias têm chegado aos pés de Cristo”, relata Marilene, lembrando que a evangelização na localidade começou com um pequeno grupo de adultos e alguns pequeninos que se reuniam em uma residência. “Hoje, temos uma igreja constituída”, celebra ela, que está ligada à Missão Kairós, sediada em São Paulo (SP). 

A missionária Marilene Teodoro de Lima Aponte explica: “É um país aparentemente cristão no qual impera a bruxaria e a feitiçaria” – Foto: Arquivo pessoal

Para a missionária, a intolerância religiosa existe nos grandes centros urbanos da Colômbia, contudo acontece de modo mais velado, por meio da elaboração de leis que dificultam a legalização dos templos, por exemplo. Marilene Aponte também cita o aspecto espiritual da questão. “É um país aparentemente cristão no qual impera a bruxaria e a feitiçaria.”

Atitude violenta – O misticismo mais as formas tradicionais sincréticas de cristianismo estão bastante enraizados na Colômbia. Contudo, na visão da missionária Paula Daniela Morelo Torres, a propagação da Palavra vem rompendo, ao longo dos anos, as amarras da religiosidade. Integrante da Steiger, uma organização missionária mundial, que tem como foco a evangelização e o discipulado de jovens, ela explica que, com seus colegas de ministério, utiliza as mais variadas expressões artísticas para comunicar os ensinamentos do Mestre. “Desse modo, é possível haver uma aproximação para falarmos do amor do Pai.”

A missionária Paula Daniela Morelo Torres: “Precisamos de mais trabalhadores dispostos a se envolver nas áreas vulneráveis do país e nas comunidades indígenas” – Foto: Arquivo pessoal

Indagada por nossa reportagem a respeito do problema da intolerância religiosa, a missionária aponta que os cristãos, em inúmeras partes da Colômbia, são erroneamente considerados fanáticos ou discriminatórios. “Por isso, há bastante oposição e uma atitude relutante e, às vezes, violenta às crenças cristãs”, destaca Paula Daniela, a qual apela por mais ajuda na tarefa de propagar as Boas-Novas na Colômbia. “Precisamos de mais trabalhadores dispostos a se envolver nas áreas vulneráveis do país e nas comunidades indígenas.”

De fato, os grupos de nativos colombianos constituem um grande desafio missionário porque os índios que se convertem ao cristianismo enfrentam grande oposição à sua fé. “Seguir Jesus é considerado uma traição à cultura. Eles podem ser expulsos da aldeia”, ressalta Vinícius Oliveira, coordenador do setor de mobilização da Missão em Apoio à Igreja Sofredora (Mais), com sede em Colombo (PR). Ele informa que, na Colômbia, a agência missionária está presente em regiões de difícil acesso, conhecidas como zonas vermelhas. [Do editor: o termo é usado para se referir aos focos guerrilheiros, áreas de conflito armado ou de violência política em zonas rurais colombianas; nas cidades, designa bairros ou setores com altos índices de insegurança]

Vinícius Oliveira, coordenador do setor de mobilização da Mais: “Seguir Jesus é considerado uma traição à cultura. Eles podem ser expulsos da aldeia”   – Foto: Arquivo pessoal

Vinícius Oliveira lembra que, desde 2014, os missionários da Mais vêm desenvolvendo projetos de agricultura, prestando assistência emergencial e distribuindo Bíblias. Ainda anuncia que, neste ano, a agência abriu um seminário bíblico para treinamentos de, pelo menos, dez líderes cristãos perseguidos. “Oramos por anos para a realização desse sonho, que se torna realidade, graças a Deus”, alegra-se Oliveira, que, com vários cristãos colombianos e brasileiros, mantém-se firme na luta pela proclamação das Escrituras, a despeito de toda a perseguição. 

Testemunhos de fé

A Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) ainda não possui templos na Colômbia. Mas a mensagem pregada pelo Missionário R. R. Soares tem alcançado milhares de colombianos pelas redes sociais, com a transmissão do programa Show da Fé, em espanhol, no Facebook e no YouTube. São diversos testemunhos de pessoas abençoadas por meio do ministério da Igreja da Graça.

A empresária Cristina Romero, curada de um câncer de mama: “Orava com o Missionário. Pedia a Deus que me enchesse do Espírito Santo e me desse forças para suportar a doença” – Foto: Arquivo pessoal

Entre eles, está o da empresária Cristina Romero, 66 anos, curada de um câncer de mama diagnosticado em 2018. “Orava com o Missionário. Pedia a Deus que me enchesse do Espírito Santo e me desse forças para suportar a doença”, declara a colombiana, que mora em Bogotá. “Quando ele mencionava a cura do câncer, eu imediatamente tomava posse da Palavra, como se Deus estivesse falando comigo”, assevera Cristina, assinalando que, no dia da cirurgia para a retirada do tumor, entrou na sala com a certeza da cura. “E foi o que aconteceu. O médico disse que o tumor havia desaparecido”, testemunha. 

O Pr. Nelson Solis Cuero, da Igreja de Jesus Cristo Poder e Milagres, espectador assíduo do Show da Fé,  celebra: “Deus me deu a graça da paternidade” – Foto: Arquivo pessoal

Já o Pr. Nelson Solis Cuero, 30 anos, da Igreja de Jesus Cristo Poder e Milagres, é um espectador assíduo do Show da Fé, assim como os membros de sua congregação. O pregador vive na cidade de Buenaventura e se reúne com a família, toda noite, para assistir ao programa e orar com o Missionário. Há alguns anos, motivado pelos ensinamentos recebidos, colocou diante do Senhor algo que o afligia: a infertilidade: “Não podíamos ter filhos, o que nos causava tristeza e alguns desentendimentos. Começamos a clamar especificamente por isso durante as transmissões do Show da Fé,e Deus atendeu ao nosso pedido.” Hoje, o pregador é pai de três lindas meninas: Carolice, cinco anos, Gênesis, dois, e Esther Milagro, de nove meses. “Deus me deu a graça da paternidade”, celebra o pastor, assinalando que as palavras do Missionário Soares lhe dão esperança, coragem e força para avançar a cada dia. “Sou um milagre da sua mensagem”, conclui.


2 Comments

  1. Raimundo Nunes Medeiros disse:

    Deus vos abençoe

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