Medicina e Saúde – 259
01/02/2021Sociedade
01/04/2021Reflexos dos pais
As escolhas de fé dos adolescentes sofrem grande influência da família
Por Patrícia Scott
O estudante Carlos Eduardo Sene Sobrinho, 16 anos, é um ativo integrante do ministério de louvor da sede regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Ji-Paraná (RO). Apesar da pouca idade, ele está convicto de seu chamado para servir ao Senhor na área da música. “Realizar o que Jesus me confiou desperta em mim o sentimento de satisfação por estar vivo. É a certeza de cumprir o propósito estabelecido pelo Pai.”
Carlos Eduardo cresceu em um lar cristão. Os ensinamentos recebidos de seus pais – e, principalmente, o exemplo deles – têm sido fundamentais em sua formação cristã. “Sempre foram uma referência para mim”, atesta, frisando que a família jamais o obrigou a trilhar a mesma fé. “Meus pais me mostraram o correto, a verdade, com base no diálogo.”
Além da dedicação ao ministério, o jovem enfatiza que aprendeu com eles a manter uma comunhão com o Altíssimo, por meio de uma rotina de oração. “Depois de um tempo, comecei a fazer a mesma coisa. Também oramos juntos e conversamos sobre a Palavra de Deus.”
A estudante Alice de Oliveira Alves, 17 anos, foi conduzida à fé cristã pela mãe, ainda na infância. No início, relata ela, não gostava de estar na congregação. “No entanto, aos poucos, percebi que não teria mais ninguém por mim a não ser Jesus”, testemunha Alice, obreira da IIGD no Centro de Campestre (MG), cidade vizinha a Poços de Caldas (MG). Ela diz gostar muito de participar do ministério Jovens Que Vencem (JQV). “Os cultos são totalmente diferentes. As atividades que envolvem a mocidade geram união e despertam em nós o senso de pertencimento.”
Forte influência – Vários especialistas afirmam que a adolescência é uma fase de questionamentos e, durante esse período, a opinião dos pais não é tão relevante para os jovens. Contudo, no que se refere à religião, os ensinamentos recebidos em casa, ao longo da vida, continuam a ter forte influência sobre eles. Foi o que demonstrou uma pesquisa do Instituto Pew realizada com jovens de 13 a 17 anos nos Estados Unidos. O levantamento mostrou que 80% dos adolescentes com pais evangélicos e católicos entrevistados declararam ter a mesma filiação religiosa dos genitores. A tendência, de igual modo, foi seguida por aqueles cuja família não tem qualquer filiação religiosa (86% dos jovens cujos pais não possuem alguma crença definida se identificaram como “sem religião”).
A exemplo dos jovens citados no início desta reportagem, o estudo do Instituto Pew sinalizou que dois terços dos adolescentes frequentam a igreja por vontade própria, e não por pressão dos pais ou somente para agradar-lhes. A maioria afirmou que gosta de atividades religiosas praticadas em família, como ler a Bíblia e orar juntos, além de discutir temas a respeito de religião. Outro dado relevante é 64% pertencerem a um grupo de jovens com finalidade religiosa. A investigação demonstrou também que a família desempenha um importante papel ao incentivar a frequência à igreja e à vida em comunidade, mas deixou claro que o núcleo familiar é essencial no desenvolvimento de sua fé.
Na Bíblia, há um exemplo dessa influência: Timóteo, que veio a se tornar missionário e pastor, fora instruído nos mandamentos divinos desde pequeno, graças à sua família. O apóstolo Paulo enfatiza isso na segunda carta endereçada ao jovem: Desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus (2 Tm 3.15). Estudiosos das Escrituras acreditam que Loide e Eunice, mãe e avó de Timóteo, seguiam devotadamente a religião judaica. Paulo as teria conhecido durante sua primeira viagem missionária, quando lhes apresentou a mensagem do Evangelho.
A partir da conversão de ambas, elas transmitiram os ensinamentos acerca de Jesus a Timóteo. Portanto, em sua segunda viagem missionária, Paulo o encontrou já muito bem instruído na Palavra. Por isso, o apóstolo frisa, em outro trecho bíblico, a qualidade da fé que o rapaz havia desenvolvido no seio familiar. Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti (2 Tm 1.5).
De acordo com o psicólogo Leonardo Távora, os pais são responsáveis pela escolha dos filhos no que se refere a crer e ter comunhão com Deus. “Se os pais exercem a fé de maneira genuína, serão referências para os filhos, influenciando-os na escolha da religião”, salienta ele, evidenciando que “as palavras ensinam, porém os exemplos arrastam”. “Dessa forma, os pais serão referência, e os filhos dificilmente deixarão de segui-los”, assevera.
Távora ressalta que a adolescência é uma fase de transição, na qual há transformações significativas e diversos conflitos. “O adolescente tem a tarefa de se acostumar e apropriar-se de todas as mudanças em um curto espaço de tempo”, analisa, sublinhando que é importante os responsáveis trabalharem as particularidades do filho ou da filha, identificando as suas motivações. “Caso contrário, o isolamento da pessoa será muito comum e afetará inclusive as outras etapas da vida.”
A psicóloga Ana Cristina Freitas Rocha Fraga destaca que o sistema familiar tem peso em todas as áreas do desenvolvimento do indivíduo. “A maioria das escolhas é pautada a partir do que se aprende com a família”, avalia, alertando para o fato de que o adolescente rebelde deseja chamar a atenção parental em busca de amor. “Os filhos são o reflexo da mente e do comportamento dos pais em todos os âmbitos”, observa a especialista, apontando que chegará o momento em que eles farão as próprias escolhas. “Muitas vezes, não estarão de acordo com a perspectiva materna e paterna”, adverte.
Do ponto de vista de Fraga, é recomendável que pais e filhos tenham como base de troca o amor e o diálogo. “Eles desejam compreensão. Querem ser aceitos e amados. É necessário que os pais sejam acolhedores diante das demandas apresentadas”, acrescenta.
Família evangélica – A integração entre pais e filhos se reflete no comportamento dos jovens na Igreja, segundo Kátia Franciele Francisca dos Santos Lima, 32 anos, líder do ministério Jovens Que Vencem (JQV) no Mato Grosso do Sul. Para ela, é possível perceber a diferença entre os que têm pais cristãos ou não. “A forma como agem é bem diferente, sem contar que o engajamento na obra também é distinto”, observa. Ela sinaliza que, no geral, os que vêm de família evangélica são mais integrados. “A participação dos pais é fundamental para o processo de consolidação dos jovens”, afirma Kátia, acrescentando que a oração não pode ser esquecida. “Quem convence é o Espírito Santo. Então, é imprescindível a constante intercessão para que eles fiquem alicerçados nos caminhos do Senhor.”
A mesma percepção tem Lucas Alves Tanaka, 25 anos, líder dos Jovens que Vencem (JQV) no Distrito Federal. Ele pondera que a ligação dos moços e das moças com a Igreja é mais estreita quando eles pertencem a uma família cristã. “Conseguimos envolver os pais nas atividades”, comemora Lucas Tanaka, reforçando que adolescentes de lares não evangélicos precisam de atenção especial.
Ao abordar um jovem recém-chegado à Igreja, Tanaka conversa sobre assuntos relacionados ao cotidiano. “Somente depois, convido para fazer parte das atividades da Igreja. Assim, primeiro nasce a amizade, para a confiança ser gerada”, explica ele, o qual é categórico ao afirmar que a Igreja da Graça desenvolve várias estratégias para atrair a juventude, mas lembra que a Palavra do Senhor é que transforma. “Precisamos pregar a Verdade, que é Cristo. Somente assim, acontecerá o enraizamento da fé.”
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, o Pr. Márcio Ramos, da IIGD em Itaboraí (RJ), acrescenta que acreditar no Evangelho não é o mesmo que abraçar uma religião, e sim ter comunhão com o Mestre. “Portanto, é o testemunho dos pais nesse sentido que fará toda a diferença quando os filhos forem escolher a fé que desejam seguir.”
Ramos destaca que, se a base familiar estiver desestruturada, a influência parental não será positiva, e o jovem poderá carregar traumas profundos por toda a sua trajetória. Por outro lado, ele assegura que, se o alicerce for Jesus, “a família formará um adulto forte, valente e capaz de enfrentar as lutas, perdas, desilusões e os desafios que surgirem ao longo da caminhada”. Citando o texto de 2 Coríntios 3.2 (Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens), conclui: “A família é um referencial na vida de qualquer pessoa. Ao enxergar o brilho de Cristo nos pais, os jovens serão atraídos para o Senhor”.
Filmes edificantes
A Graça Filmes dispõe de diversas produções voltadas para a edificação dos jovens: histórias que geram reflexão e encorajamento para uma vida cheia de fé e ousadia. Disponíveis para venda no site do Shopping do Povo em formato de DVD, são filmes que podem gerar debates e boas conversas entre pais e filhos. Confira:
Virtudes da Graça
Quatro adolescentes experimentam conflitos típicos do último ano do Ensino Médio. Um deles é Graça (personagem interpretada pela atriz Moriah Smallbone), uma jovem carismática, inteligente e convicta. Contudo, seu passado nebuloso está conectado com Bobbi (Rachael Hayward), uma colega incompreendida, que tem um pai negligente. Além delas, Chase (Chris Massoglia) e O. B. (Brett Simes) enfrentam seus momentos de insegurança e de decisões difíceis. Os quatro exploram questões relacionadas à amizade, a namoro e a outros dramas adolescentes, cada qual à sua maneira. Essa obra cinematográfica incentiva os jovens a desfrutar de relacionamentos saudáveis, crerem no amor de Deus e a expressar sua fé, ao mesmo tempo em que toca em um tema bastante espinhoso: a gravidez inesperada.
Victor
Baseado em uma história real, conta a trajetória de vida de Victor Torres (Patrick Davis). No começo dos anos de 1960, ele e sua família se mudaram de Porto Rico para o Brooklyn, bairro de Nova Iorque (Estados Unidos), em busca de algo melhor. Porém, o sonho americano desaparece rapidamente diante das dificuldades de adaptação da família à cidade grande. Como outros jovens dos subúrbios pobres, Victor é cooptado por uma gangue de rua. Atraído pelo lucro fácil proporcionado pelo tráfico de drogas, ele acha que encontrou a solução para os problemas financeiros familiares. No entanto, ele também se deixa escravizar pela dependência em heroína. Nesse momento, seus pais tentam desesperadamente encontrar uma forma de ajudar o filho. Um programa de reabilitação pautado em princípios cristãos se mostra a última esperança do casal para resgatar o jovem.
Um olhar de esperança
A adolescente Jamie (Josce Gallimore) acaba desencadeando uma tragédia que afetará drasticamente sua família, que, até então, parecia perfeita. Lidar com a culpa e as acusações que surgem em função do problema não é tarefa simples para ela ou para seus pais, que começam a falar em divórcio. Além dos problemas familiares, a trama lida com temas difíceis, tais como doença, vício e suicídio. Nesse contexto, a fé aparece como resposta à altura para as maiores crises humanas. Na película, o valor da amizade e do perdão também é enfatizado, e da necessidade de cada pessoa fazer suas próprias escolhas.
(Fonte: Graça Filmes)