Vida cristã
01/09/2020
Sociedade
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Constante abnegação

Lottie Moon renunciou a uma vida confortável para levar o amor de Cristo aos chineses

POR ÉLIDI MIRANDA*​

Charlotte Digges Moon (1840-1912), conhecida como Lottie Moon, estava à frente de seu tempo. Nascida em uma família com posses, no estado norte-americano da Virgínia, foi uma das primeiras mulheres a concluir um curso de mestrado no Sul dos Estados Unidos. Tornou-se professora e lecionou em diversos estados até sentir o chamado do Senhor para ir à China. Aos 32 anos, Moon abandonou o conforto que lhe era proporcionado e rejeitou uma proposta de casamento. Embarcou em um navio rumo ao Oriente, onde permaneceria pelos 40 anos seguintes até a sua morte.

Ao chegar ao território chinês, em 1873, ela se deparou com certas barreiras culturais. No entanto, a jovem tinha certeza de que o Senhor lhe concederia a capacidade para enfrentá-las. Lottie se estabeleceu na província de Shandong, no Leste do país. A receptividade dos nativos à presença de uma estrangeira também não era boa. Apesar de, no princípio, ter sido rejeitada por aquele povo, a missionária se manteve firme em seu propósito. Com o tempo, adotou as vestimentas tradicionais chinesas, aprendeu a língua e os costumes locais. Muitos passaram a aceitá-la como parte da comunidade e – o mais importante – a se converter ao Salvador. Algo que naturalmente sucedeu também foi Lottie dar aulas em uma escola para meninas chinesas. Além de trabalhar como docente, ia ao interior, a fim de apresentar a Palavra de Deus, em especial a crianças e mulheres.

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Igreja Batista em Tengchow, na província de Shandong, no Leste da China, região onde a missionária Lottie Moon se estabeleceu

Cartas – Lottie precisava de mais apoio para seu ministério. A seara era imensa, e a carência de recursos e de trabalhadores a incomodava bastante. Por isso, resolveu escrever aos cristãos norte-americanos, exortando-os a contribuir, de modo financeiro, para a pregação do Evangelho na China.

Ela se encarregava de mostrar a seus destinatários os detalhes da cultura chinesa e convocava os jovens vocacionados a se engajarem na tarefa de levar a mensagem da cruz aos chineses. Moon falava sobre a sede que havia por Jesus entre os 436 milhões de habitantes daquela nação, na época, e acerca dos desafios do campo. Em uma de suas correspondências, ela escreveu: Por favor, digam aos novos missionários que lhes espera uma vida de dificuldades, responsabilidades e constante abnegação.

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Reproduções de cartas escritas por Lottie Moon no final dos anos de 1800: busca de apoio espiritual e financeiro às missões na China

Logo, os escritos de Lottie tocaram o coração de vários norte-americanos. Em 1888, as mulheres das igrejas ligadas à Convenção Batista do Sul dos EUA organizaram uma grande coleta de ofertas, a qual resultou no envio de milhares de dólares, todos os anos, para auxiliar aquele trabalho missionário.

Nas quatro décadas em que exerceu seu ministério, Lottie Moon enfrentou lutas – inclusive a fome. Mas nada foi capaz de fazê-la deixar sua missão, nem mesmo a Revolta dos Boxers, um levante anticristão e antiocidental que tomou conta da China de 1899 a 1901. [Do editor: esse movimento rebelde e xenófobo ocorreu durante a Dinastia Qing (1644-1912) e tinha o objetivo de expulsar os estrangeiros dos territórios chineses]

Somente em 1912, aos 72 anos, cansada, doente e desnutrida, devido a um período de escassez de alimentos que castigou a China, a missionária foi convencida por seus colegas a retornar aos Estados Unidos. Ela embarcou em um navio de volta à terra natal, entretanto a fiel obreira faleceu durante a viagem, quando a embarcação estava parada no porto de Kobe, no Japão.

Seu legado para a obra missionária transcultural é lembrado até hoje pela Convenção Batista do Sul dos EUA, que, todo Natal, levanta a Oferta Lottie Moon em suas congregações, com o objetivo de patrocinar as ações de evangelização mundial. (*Com informações de International Mission Board e Boston University)

Mulher chinesa ao lado de um monumento na igreja de Penglai, na província de Shandong, dedicado, em 1915, ao trabalho de Moon

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