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Heróis da Fé | Elisabeth Elliot – 289

Fotos: Museum of the Bible

Legado de fé e amor

A missionária Elisabeth Elliot entrou para a história como a mulher que pregou o Evangelho aos indígenas que assassinaram seu marido

Por Élidi Miranda*

Era uma tarde quente, em 8 de janeiro de 1956, na selva equatoriana. Cinco jovens missionários norte-americanos, os quais trocaram o conforto de seu país pela vida difícil na Amazônia, pousaram em uma clareira, às margens do rio Curaray, no Leste do Equador. Eles aguardavam por um novo contato com os temidos índios aucas. Apesar de se tratar de uma tribo sabidamente hostil, os servos de Deus já haviam trocado presentes com integrantes daquela comunidade em tentativas anteriores.

Porém, naquela tarde, a recepção foi muito diferente do que esperavam. Dez índios foram em direção dos missionários portando lanças, e o que parecia ser um encontro amistoso se transformou em uma tragédia: os cinco evangelizadores foram assassinados. Embora estivessem portando armas de fogo, os cristãos preferiram o martírio e não fizeram um só disparo contra seus algozes.

Na base missionária, as esposas e os filhos daqueles homens aguardavam o retorno do grupo. Entre elas, estavam Elisabeth, que ficou viúva do missionário Jim Elliot (1927–1956), e a filha do casal, Valerie, de apenas 11 meses. A demora na volta dos guerreiros de Deus sinalizou que algo tinha dado errado. Os corpos foram encontrados dias depois.

Sem o marido e com um bebê para criar, nada mais justo que Elisabeth deixasse a selva equatoriana e voltasse para os Estados Unidos. No entanto, ela preferiu permanecer, principalmente porque estava determinada a continuar a missão de alcançar os aucas – mais tarde chamados de waoranis – com a Palavra de Deus.

Nesta biografia, Elisabeth Elliot (1926-2015) aparece carregando a filha, Valerie, no Equador
Foto: Divulgação / Lifeway

Nascida em uma família cristã, em 21 de dezembro de 1926, na cidade de Bruxelas, na Bélgica,
Elisabeth cresceu nos Estados Unidos e, ainda jovem, sentiu o chamado para abraçar a obra missionária transcultural. Com esse propósito em mente, ingressou na Wheaton College, uma instituição cristã renomada nos EUA. Lá, conheceu Jim Elliot, um estudante que compartilhava sua paixão por missões. Eles se casaram em 1953 e, em 1955, nascia a pequena Valerie. Na época, o casal atuava entre os índios quéchuas, do Equador, mas tinha a intenção de manter contato com outros povos não alcançados pelo Evangelho. Assim, meses antes da tragédia, Jim e Elisabeth montaram uma base na floresta, próxima à aldeia dos waoranis, com outras cinco famílias.

Quando os missionários morreram, a notícia correu o mundo. Alguns anos antes, Jim Elliot havia registrado em seu diário: Não é tolo aquele que dá o que não pode manter para ganhar aquilo que não pode perder. Partindo do mesmo princípio espiritual, Elisabeth decidiu permanecer no Equador. E, de forma miraculosa, Deus abriu as portas para que ela e Rachel Saint, irmã de outro missionário martirizado, Nate Saint, entrassem na tribo.

Esforço e perdão – Elisabeth e Rachel começaram a aprender a língua com uma jovem waorani que vivia na base missionária norte-americana. Tempos depois, por intermédio da moça, conseguiram novamente se aproximar dos waoranis, de forma amistosa. As duas continuaram a estudar o idioma deles e criaram laços profundos de amizade com aqueles índios. Elas permaneceram dois anos convivendo com a tribo, pregando o amor e o perdão de Jesus aos assassinos de seus amados.

O passo seguinte foi se instalar na aldeia. Duas mulheres e uma criança pequena indo viver com uma tribo violenta parecia loucura. Mas Elisabeth sabia exatamente o que elas estavam fazendo. Nossa visão é tão limitada que temos dificuldade de imaginar um amor que não se mostre em proteção do sofrimento. O amor de Deus é de uma natureza totalmente diferente. Ele não odeia a tragédia. Ele nunca nega a realidade. Ele se coloca bem no meio do sofrimento, registrou, certa vez.

Os desafios da selva não eram poucos para uma mãe com uma filha pequena. A alimentação era escassa: não raramente, tinham de se contentar em comer pernas de macaco grelhadas. No entanto, o esforço de Elisabeth em demonstrar o perdão de Cristo de forma tão prática comoveu o coração dos índios. Não demorou muito para que acontecessem muitas conversões, incluindo a de um notável guerreiro, o qual estivera diretamente envolvido no assassinato dos missionários.

Elisabeth Elliot, em uma rede, lendo a Bíblia no Equador
Foto: IMB

Durante seu tempo no Equador, Elisabeth escreveu o livro Através dos portais do esplendor (Vida Nova), no qual conta a história da empreitada missionária que culminou com o martírio de seu marido e de outros quatro homens. Quando retornou aos EUA, em 1963, iniciou um ministério como palestrante e continuou a escrever. Ao todo, ela publicou 24 livros – traduzidos para várias línguas – sobre temas relacionados à vida cristã, como as disciplinas espirituais. 

Em 1969, a missionária se casou com Addison Hardie Leitch (1908-1973), professor de Teologia no Seminário Gordon Conwell, no estado de Massachusetts, e autor de seis livros. Ele morreu em 1973. Viúva pela segunda vez, Elisabeth se tornou esposa do capelão Lars Gren, em 1977. Em companhia do terceiro marido, ela continuou a viajar como conferencista. Seu ministério somente seria interrompido em 2004, quando começou a sofrer de demência. Lars informou que Elisabeth lidou com essa condição mental da mesma forma como enfrentou a morte de dois maridos: Ela aceitou as coisas, [sabendo] que não eram surpresa para Deus. Foi algo que preferia não ter experimentado, mas recebeu.

Elisabeth Elliot descansou no Senhor em 15 de junho de 2015, em sua casa em Gloucester, Massachusetts, aos 88 anos, deixando um legado de fé e amor a Deus que jamais será esquecido. (*Com informações de Guiame e Voltemos ao Evangelho)


8 Comments

  1. Maristela Carvalho Barbosa disse:

    Li sobre esses missionários , quando tinha seis anos de idade, esses relatos edificam a nossa fé e contribuem para fortalecer que Deus sempre está no controle de tudo. Na cidade de Tefé no Amazonas, na década de 60 , chegou como missionário o pastor Lawrence Powell e sua esposa Sheila, com três filhos, para serem os pioneiros do evangelho, movidos pelas campanhas de Billy Graham, vieram de Frome na Inglaterra, sofrem e também ajudaram muitas pessoas no Rio Solimões, história que não contamos que se perdem de serem conta das.

  2. Francisca Evangelista de lima disse:

    Estou impactada como essa serva do Senhor
    Lidou com a dor,que legado de fé.

  3. Leila Ferraz disse:

    Que vida entregue totalmente ao serviço do Rei ! Ah se o mundo tivesse mais pessoas valentes e comprometidas com o evangelho de Cristo assim…. a começar por mim mesma

    • Editor disse:

      Oremos para que todos nós, fortalecidos pela Palavra, possamos imitar exemplos como o de Elisabeth Elliot! Amém?

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