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Foto: Arquivo pessoal

“Somos mordomos”

Especialista em Educação Financeira destaca a responsabilidade do cristão na administração dos recursos recebidos do Senhor

Por Patrícia Scott

Nos últimos anos, a educação financeira vem ganhando mais espaço no meio evangélico. Entre os cristãos, o assunto é abordado à luz da Palavra, pois vários versículos tratam de finanças. Inspirada na parábola dos talentos (Mt 25.14-30), a administradora de empresas Francilene Santos, 43 anos, pós-graduada em Educação Financeira, criou um perfil no Instagram intitulado Talento para Finanças. “Somos mordomos de tudo o que o Senhor nos confiou e prestaremos contas um dia”, alerta ela, presbítera da Igreja de Deus em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói (RJ). 

A especialista considera que pôr em prática a generosidade e a gratidão ajuda a manter o equilíbrio financeiro. “Jesus nos ensina a sermos gratos pelo que temos, e Deus age na multiplicação”, pontua ela, observando que a educação financeira não tem relação com fazer contas, e sim escolhas. É necessário cuidar das emoções: “Elas ditam o comportamento. Na maioria dos casos, as pessoas se descontrolam financeiramente porque estão com o emocional abalado. Agem por impulso, e o consumo funciona como uma compensação”, afirma Francilene, que conversou com a reportagem de Graça/Show da Fé sobre mordomia, dinheiro e controle financeiro pessoal.

O que é educação financeira?

São informações e instruções necessárias para a tomada de decisões, visando fazer melhores escolhas nessa área. Assim é a gestão dos recursos que Deus confia a nós: Ele é o Dono do ouro e da prata (Ag 2.8), e o ser humano, apenas o mordomo.

Qual deve ser o propósito do dinheiro para o cristão?

Implantar o Reino divino na Terra. Segundo a Bíblia, não é possível servir a Deus e ao dinheiro. Este  deve ser servo, e não senhor. Por isso, é importante saber administrá-lo. O dinheiro deve obedecer às nossas ordens. Devemos colocar o Reino de Deus e a Sua justiça em primeiro lugar. Desse modo, seremos capazes de usar o dinheiro para a pregação do Evangelho, e o Ide de Jesus (Mc 16.15) será cumprido.

Quais são as principais causas do endividamento?

Dívida é uma obrigação a ser paga, como financiamento da casa ou do carro, contas de consumo e um empréstimo. Se a pessoa tem condições de quitar esses compromissos, não está endividada. Do contrário, vêm a inadimplência e o endividamento. Isso pode acontecer por fatores inesperados, como falta de planejamento e empréstimo do nome para terceiros.

A Bíblia nos instrui sobre essas questões. Em Provérbios 11.15, lemos: Decerto sofrerá severamente aquele que fica por fiador do estranho, mas o que aborrece a fiança estará seguro.Em Lucas 14.28, está escrito: Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Ao seguir a Palavra, o cristão terá uma vida melhor nos planos espiritual e financeiro.

Endividamento é pecado? 

É difícil determinar isso em se tratando de finanças. A Palavra dá orientações, e, quando elas não são cumpridas, há negligência na realização do que o Senhor espera de nós. A desobediência pode ter consequências. É preciso cumprir com zelo a vontade do Senhor em todas as áreas, inclusive na financeira.

Arrependimento e confissão são necessários para sair do endividamento? 

Esse foi o primeiro passo que eu mesma dei quando comecei a estudar finanças à luz da Bíblia. Todos devem ter essa compreensão, não somente os endividados. O arrependimento e a confissão de pecados são necessários por causa da maneira usada para gerir os recursos. A maioria não aprendeu a administrar o dinheiro. O caminho do arrependimento, da confissão e da intimidade com Deus na busca pela sabedoria, além do empenho para adquirir conhecimento técnico, são uma fórmula infalível para o êxito financeiro.

A gratidão nos ajuda a manter as finanças equilibradas? 

Sim, porque é um princípio bíblico. Deus nos ensina que em tudo devemos dar graças (1 Ts 5.18). Esse comportamento nos faz olhar para as metas alcançadas, e não para a falta. Promove uma atitude positiva em relação ao dinheiro e à vida. Em Filipenses 4, versículos 11 e 12, Paulo ensina sobre contentamento, e a gratidão ajuda a cultivá-la, o que é fundamental para evitar gastos impulsivos, insatisfação com o que temos e dívidas desnecessárias.

De que maneira a fidelidade no dízimo e nas ofertas coopera para uma vida financeira equilibrada?

Essas práticas desempenham um papel importante na manutenção de finanças saudáveis, com base nos princípios bíblicos que ressaltam o dízimo como uma forma de obediência ao Criador, além de serem uma demonstração de fé. O dízimo e as ofertas ajudam a manter a estabilidade financeira, promovendo uma gestão responsável, e contribuem para que haja uma perspectiva estável em relação ao dinheiro, mantendo Deus no centro.

Doar reflete uma mentalidade financeira saudável?

Agir assim ajuda a desenvolver uma mentalidade próspera, enquanto o pensamento avarento alimenta a escassez, conforme Provérbios 11, versos 24 e 25: Alguns há que espalham, e ainda se lhes acrescenta mais; e outros, que retêm mais do que é justo, mas é para a sua perda. A alma generosa engordará, e o que regar também será regado.

Qual é a principal mensagem bíblica a respeito das finanças?

Deus é o Provedor, e o homem, o mordomo dos recursos financeiros adquiridos do Senhor. Tudo o que ele possui provém do Criador e pertence ao Altíssimo. É Ele que ordena a multiplicação dos recursos recebidos. O papel do cristão é estabelecer o Reino de Deus na Terra, e o dinheiro cumpre esse propósito. Cada um prestará contas do que recebeu do Senhor.

Francilene Santos
Administradora de empresas e pós-graduada em Educação Financeira

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