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01/10/2022
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Foto: Arquivo pessoal

Acolhida aos estrangeiros

Líder da IIGD em Roraima destaca o trabalho social e espiritual junto a imigrantes e refugiados

Por Patrícia Scott

 A instabilidade econômica e social da Venezuela tem feito muita gente deixar o país em busca de uma nova vida, e um dos destinos escolhidos por milhares de venezuelanos é o Brasil. Geralmente, a porta de entrada para eles é o estado de Roraima. Situada no extremo norte e encravada no coração da Floresta Amazônica, a região recebe também imigrantes e refugiados de outros países da África e da América Central, como o Haiti.

Contudo, apenas ingressar em território brasileiro não garante a essas pessoas condições mais dignas além da sobrevivência. Segundo informações da Organização Internacional para as Migrações (OIM), no final de junho, havia mais de 1,5 mil imigrantes e refugiados vivendo nas ruas de Boa Vista, capital de Roraima.

É nesse contexto que o Pr. Éric Costa Dias, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no estado, trabalha para suprir as necessidades espirituais e físicas desses estrangeiros, venezuelanos em sua maioria. Casado com Edinalva de Oliveira Dias, 44 anos, e pai de Thamires, 15, e Thiago, 1, o pastor fala à Graça/Show da Fé sobre os desafios de levar a esperança em Cristo a essa população.

Há quanto tempo a IIGD atua entre os imigrantes?

Desde 2019. Fazíamos um culto em espanhol em um abrigo e, depois, passamos a realizar essas reuniões na sede estadual da IIGD. Servíamos café da manhã para eles e lhes oferecíamos assistência social. Mas tivemos de interromper a ação por causa da pandemia. Atualmente, vamos aos locais onde há maior concentração de refugiados, como as praças. Muitos deles vivem nesses espaços acomodados precariamente em barracas ou sob marquises. Chegamos a reunir, às quartas e sextas-feiras, em torno de 100 e 120 estrangeiros. Além da pregação da Palavra, as programações incluem distribuição de refeições e oferta de pequenos serviços, como corte de cabelo e doação de roupas.

Quais são as maiores necessidades deles?

As materiais. Outra demanda essencial é emprego: os venezuelanos desejam, prioritariamente, prover o próprio sustento. Por isso, os membros da Igreja têm oferecido trabalhos informais para eles. Durante muito tempo, a IIGD igualmente ajudou essas pessoas no encaminhamento aos abrigos da região. O governo federal, com auxílio do Exército e de ministérios ligados à área social, promove a interiorização, ou seja, a transferência dos estrangeiros para outras partes do país, onde podem ser mais bem integrados.

Os refugiados são receptivos ao Evangelho?

A grande maioria é sim. Muitos recebem curas em nossos encontros.

Qual é o maior desafio para o desenvolvimento do trabalho com refugiados?

Levá-los ao conhecimento de Cristo, para que tenham a vida eterna e sejam confortados devido ao momento que atravessam. Assim, eles podem ter esperança, afastando-se da marginalidade.

Em todos estes anos de atendimento a refugiados, houve um acontecimento mais marcante?

A cura de um homem que tinha uma hérnia de disco antiga. Ele não conseguia realizar alguns movimentos, como se agachar ou carregar peso. Durante uma ação social, oramos com ele, e o homem ficou curado. Atualmente, ele está empregado em outro estado, vivendo feliz com a família.

Em sua opinião, qual é a responsabilidade da Igreja com os refugiados?

Antes de tudo, ela deve cumprir as palavras de Jesus, registradas em Mateus 25.35-40: Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E, quando te vimos estrangeiro e te hospe­damos? Ou nu e te vestimos? E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

Além da assistência aos imigrantes e aos refugiados, quais são os principais planos da IIGD em Roraima?

Abrir templos da Igreja da Graça nos municípios nos quais não estamos presentes, bem como alcançar as comunidades ribeirinhas e indígenas do nosso território. Estamos localizados entre as fronteiras da Guiana e da Venezuela, o que, de certa forma, facilita nossa entrada nesses países com a mensagem da salvação. Em nosso estado, infelizmente, há altos índices de suicídio entre os jovens. Portanto, um desafio ainda maior é chegar aos oprimidos antes que a doença emocional os destrua.

Como a Igreja da Graça propaga a Palavra no estado?

Evangelizamos nas casas, praças, ruas e nos presídios. Isso é posto em prática pelos ministérios Mulheres Que Vencem (MQV) e Homens Que Vencem (HQV). Também buscamos alcançar pessoas por meio da
internet, que, na pandemia, tornou-se uma ferramenta eficiente de propagação das Escrituras. E, mesmo com o retorno dos cultos presenciais, continuamos transmitindo boa parte de nossas reuniões on-line. Realizamos uma live todos os dias, das 6h às 6h30, na minha página no Facebook.

Éric Costa Dias
Pastor e líder estadual da IIGD em Roraima

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