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01/12/2020Atualidade
01/01/2021Corpo, alma e espírito
Coreógrafa cristã fala sobre a importância da arte como ferramenta para alcançar vidas com a Palavra
Por Patrícia Scott
O espetáculo virtual Rute – O Ballet, produzido pela Cia Rhema de Teatro e Dança, tem chamado a atenção dos internautas. A produção – em cartaz no canal Cia. Rhema Oficial, no YouTube – dá vida à história da personagem do livro de Rute, por meio da dança clássica. “Recebemos vários elogios”, salienta a coreógrafa, atriz, roteirista e Pra. Adriana Pinheiro Diogo, 54 anos, diretora-geral da companhia.
A Cia. Rhema nasceu em 1992, fruto da necessidade que a pregadora sentia de utilizar a arte como meio de comunicação para evangelizar e levar esperança às pessoas. “Seguimos os quatro pilares da arte bíblica: adoração, evangelismo, ensino e restauração”, enumera Adriana, que é pastora no Ministério Luz para os Povos, no bairro Fama, em Goiânia (GO).
A coreógrafa explica que, atualmente, a companhia atua também na formação de profissionais a partir da Cenarte – Escola de Artes, a qual funciona em sua sede. “Disponibilizamos a nossa experiência para aqueles que desejam aprender ou buscam o aperfeiçoamento”, ressalta. Nesta entrevista à Graça/Show da Fé, ela fala sobre o papel da arte como forma de expressar as verdades eternas das Escrituras e dos desafios de seu ministério.
Como surgiu a ideia de montar Rute – O Ballet ?
Essa pandemia teve duas faces bastante distintas. A primeira foi a tristeza de ver uma doença nova assolando não somente o nosso país, mas também o mundo, avassaladoramente. Esse mal afetou as pessoas no físico e na alma. As artes contribuíram para mantermos a sanidade durante a pandemia. A doença nos forçou a entrar por esse caminho via web. Não voltaremos a ser da mesma maneira. Teremos de ser totalmente on-line e presencial. Ganhamos em amplitude.
E a receptividade do espetáculo foi boa?
Tem sido crescente, porque é algo novo. Alguns ainda não se adaptaram a esse modelo, acham distante. Na verdade, ainda não acertamos o ponto. Nos espetáculos presenciais, o bailarino sente o público, que percebe a força da história. O teatro aproxima a plateia por causa da fala. Já a dança nem tanto. Muitos não estão habituados a assistir espetáculo de dança no Brasil, ainda mais na internet. Não são todas as apresentações de dança que chamam atenção.
Qual é a importância da arte na propagação do Evangelho?
Ela é fundamental. Quando alguém está sentado, ouvindo o pastor, será alcançado pela Palavra. No entanto, perderá alguns pontos, porque facilmente ficará distraído com situações externas ou pelos próprios pensamentos. Se um indivíduo é indagado sobre a mensagem ministrada há uma semana, talvez destaque um louvor ou um versículo. Isso porque estamos usando praticamente um sentido apenas. Logo, a captação da informação é pequena. No entanto, ao utilizarmos vários sentidos, a mensagem será retida. Isso acontece com todo tipo de arte, pois ficamos focados e recebemos a mensagem usando mais de um sentido. A arte tem esse poder. Nasceu em Deus. É uma das formas mais sublimes de pregar o Evangelho, atingindo o ser integralmente na alma, no espírito e, por meio dos sentidos, no corpo.
Por que ainda há tanto preconceito em relação à arte cristã?
A arte cristã, que expõe a Palavra, em diversos casos, infelizmente, ainda é amadora. Quando começamos o trabalho da companhia, era difícil falar de arte no meio cristão. Mesmo hoje, em vários locais, continua sendo um tabu. Há equipes profissionais reconhecidas que não conseguem certos teatros, por exemplo. Isso acontece porque há gente que não acredita na importância desse trabalho. O reconhecimento é uma construção, e, pelo fato de sermos cristãos, não temos a expectativa de termos plena aceitação.
Poderia nos falar sobre a dança e o teatro como fontes de adoração a Deus?
Desde os primórdios, toda forma de arte era usada em culto. Eles representavam seus deuses a partir de ilustrações, danças, músicas e teatro. A arte é um instrumento de culto e é muito espiritual. Então, deve ser utilizada para adorar o nosso Pai celeste e ensinar sobre Ele. Ela traz para o natural o que a pessoa acredita, quem ela é. O artista secular consciente sabe que é um sacerdote e que a sua arte é ferramenta de sacerdócio. O cristão também precisa entender essa verdade.
O que é necessário para impulsionar ainda mais a arte cristã?
Pessoas à frente de cada trabalho, as quais tenham visão e saibam claramente aonde querem chegar. Conseguir patrocinadores com foco, constantes. Assim, alcançaremos indivíduos de diferentes culturas, que precisam conhecer o amor de Deus. A arte tem esse poder. Tenho orado e creio que veremos a nossa arte ocupar realmente o espaço desejado pelo Altíssimo para o cumprimento de Seu propósito.
Quais são os principais desafios do seu ministério?
O primeiro é espiritual. Ter foco no nosso propósito, que é ir às nações difundindo a mensagem de Deus por meio da arte. Já pisamos em quatro continentes e em todos os estados brasileiros. Outro desafio é levantar patrocinadores que acreditem na visão e invistam nela. Também queremos formar pessoas que sejam constantes e dispostas a levar a outras adoração, evangelismo, ensino e restauração.
E os projetos para o futuro? Quais são?
Queremos implantar uma escola híbrida, com aulas presenciais eà distância. Estamos adaptando nosso espaço de trabalho e reforçando o time de profissionais. Igualmente, pretendemos disponibilizar nossas coreografias, peças e nossos espetáculos na web, com qualidade, para que vidas sejam edificadas.
Adriana Pinheiro Diogo
Coreógrafa, atriz e roteirista