Telescópio – 257
01/12/2020Igreja
01/12/2020“Na força do Senhor”
Coach esportivo afirma que a fé está na base da preparação de um bom atleta profissional
Por Patrícia Scott
Natural da cidade pernambucana de Ribeirão, José Luiz Tavares era ainda criança, em 1980, quando chegou ao Rio de Janeiro com um sonho: jogar futebol pelo Clube de Regatas do Flamengo. Ele integrou as categorias de base do Botafogo e do time rubro-negro carioca, mas conta que foi impedido de entrar na equipe profissional pelo despreparo mental. A experiência frustrante fez com que Lulinha Tavares, como é mais conhecido, decidisse buscar uma formação por meio da qual pudesse ajudar outros atletas a alcançar suas metas profissionais.
Hoje, aos 49 anos, formado em Educação Física, especialista em Psicologia do Esporte, coach esportivo, empresário e autor do livro Coaching esportivo (Editora Leader), Lulinha tem se dedicado a formar atletas do futebol. Já atendeu a mais de 1,3 mil jogadores em cerca de 30 clubes. Para o especialista, é apenas o começo. “Sonho formar mais profissionais e ser conhecido como aquele que venceu na força do Senhor”, diz ele, que, nesta entrevista à Graça/Show da Fé, fala de seu trabalho, sua carreira e dos pontos-chave para o desenvolvimento de um bom atleta.
O que faz um coach esportivo?
O coach é uma espécie de personal trainer, porém, em lugar de treinamento físico, oferece aperfeiçoamento mental. Seu papel é ajudar a pessoa a transformar seus sonhos em conquistas. O coaching é uma maneira especializada de auxiliar alguém a refletir, planejar e agir, a fim de alcançar suas metas e melhorar seus resultados.
Como você conseguiu projeção no meio esportivo?
Sou fruto de uma promessa do Senhor! Em 2010, recebi a seguinte palavra: “Busca-Me e o honrarei! Esteja preparado para a mudança! A minha presença o fará conhecido”. A forma pela qual consegui entrar, permanecer e crescer no futebol tem apenas uma explicação: Deus. Faço a minha parte? Sim! Fiz várias especializações, dediquei-me, busquei a excelência, mas sei o quanto é difícil vencer nessa modalidade.
Mencione uma história de sucesso em seu trabalho como coach esportivo.
Chama-se Léo Silva. Nós nos conhecemos em 2010, quando ele atuava no Guaratinguetá Futebol Ltda., de São Paulo. Com um audacioso plano de metas, tornou-se destaque na Série B, em 2011, jogando pelo Americana (SP). Foi para a Série A, em 2012, atuando pela Portuguesa (SP), e, em 2013, transferiu-se para o Albirex Nigata, do Japão. Foi destaque por quatro anos naquele clube e, atualmente, defende o Kashima Antlers. Ele já figura como o estrangeiro com mais tempo de contrato dos últimos anos. Está com mais de 200 jogos pela Liga Japonesa de Futebol Profissional e tem a meta de chegar aos 300. Foi vencedor da ACF, a Liga dos Campeões da Ásia, em 2019, levando o clube a disputar uma vaga na final do Mundial de Clubes contra o Real Madrid. São dez anos de trabalho com ele, fazendo constantes avaliações, monitoramentos e revisão das metas e dos objetivos traçados.
Quais ações o senhor desenvolve com os jogadores, para que eles alcancem resultados positivos?
Tenho várias ferramentas. Uma delas tem base em Romanos 12.2 [E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus]. Chama-se MR3-Mente Renovada, Vida Transformada: eu penso, eu sinto, eu faço! Tudo começa na mente. Quando o indivíduo alinha pensamento, sentimento e ação, torna-se dono de si, responsável por seus atos e capaz de melhorar o nível de concentração, diminuindo a ansiedade e dando mais inteligência às suas emoções.
O que é primordial para o desenvolvimento de um atleta?
É fundamental entender que, de fato, precisa ser atleta, e não apenas jogador de futebol. É impossível vencer sem que tenha, minimamente, força e velocidade, além de enxergar a jogada e o jogo. Na Fórmula 1, se você pisar muito no freio, gasta os pneus e pode comprometer a estabilidade do carro. Se acelerar demais, tende a ficar sem combustível antes de acabar a prova.Não se encontra um carro de F-1 pelas ruas transitando nem no posto de gasolina da esquina abastecendo. Não é qualquer um que pilota nem qualquer mecânico que mexe no veículo.Portanto, o atleta é um ser humano Fórmula 1, que precisa entender e sujeitar-se a uma vida de renúncia e trabalho.
Até que ponto o espiritual, o emocional e o psicológico interferem no desenvolvimento do atleta?
Somos essencialmente psicossomáticos, portanto o estado emocional influencia no rendimento. Aquele que tem a alma pacificada é capaz de dar inteligência às suas emoções, dominar a si mesmo, alcançar o que a Psicologia chama de “estado ótimo de ativação”, sabendo o tempo e o modo de agir. A fé é a base da pirâmide, é a fonte matriz de reservas de forças que podem levar o atleta a ir mais longe, tornando-o mais resistente e conservando-o humilde. Manter-se no temor, na presença e na direção de Deus é o melhor caminho.
O esporte tem sido usado como ferramenta de evangelização? Por que ele é um instrumento bem-sucedido de evangelismo?
É uma ferramenta poderosa de evangelização pela sua presença e influência na vida de uma pessoa, família, um bairro, uma cidade ou nação. O Brasil é uma nação sem heróis. Não é um país que seja bélico ou que tenha grandes figuras oriundas da política. Os esportistas nos representam. Um exemplo foi o piloto Ayrton Senna, que mobilizava milhares de pessoas pela TV, nas manhãs de domingo. E temos o futebol, uma paixão nacional, utilizada inclusive por mim, para semear as Boas-Novas da salvação em Jesus Cristo.
José Luiz Tavares
Educador físico, coach esportivo e especialista em Psicologia do Esporte