Vida Cristã
10/07/2023
Família – 289
01/08/2023
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Foto: Kostia / Adobe Stock

Herança do Senhor

Líderes destacam a importância de as famílias transmitirem aos filhos os princípios da fé cristã

Por Ana Cleide Pacheco

Quatro em cada dez pais norte-americanos, com filhos menores de 18 anos, estão extremamente ou muito preocupados com a possibilidade de que seus filhos sofram de ansiedade ou depressão em algum momento da vida. Já 35% deles estão inquietos com a chance de seus rebentos serem vítimas de algum tipo de bullying e terem problemascom a polícia, as drogas ou passem por uma gravidez na adolescência. Apesar disso, a maioria desses responsáveis vê pouca importância em transmitir aos sucessores suas crenças religiosas. Apenas um terço dos progenitores (35%) afirma ser extremamente ou muito importante que seus herdeiros compartilhem da mesma religião que eles. Tais informações constam no levantamento Paternidade na América Hoje, realizado pelo instituto de pesquisas Pew. O estudo revelou que, embora ocorra um evidente descompromisso com a fé, os pais estão preocupados em incutir nos filhos valores diversos, educando-os para serem bons cidadãos.


Para o Pr. João Florêncio de Oliveira Alves Júnior, mães e pais evangélicos estão bastante empenhados em transmitir o que creem aos descendentes
Foto: Arquivo pessoal

Sem que exista pesquisa semelhante no Brasil, a reportagem de Graça/Show da Fé foi a campo saber se, em nosso país, as famílias pensam da mesma forma. Na opinião do Pr. João Florêncio de Oliveira Alves Júnior, 34 anos, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Rio Verde (GO), a resposta é negativa. Para ele, pelo menos no que se refere aos evangélicos, não há o que temer, pois mães e pais estão bastante empenhados em transmitir o que creem aos descendentes.

Entretanto, o ministro ressalta que, além de pregar a Palavra aos filhos, é importante que os tutores tenham a sincera preocupação de levá-los a viver a fé por meio do exemplo pessoal. “Vejo muitos pais omissos no que diz respeito ao ensinamento sobre a importância do genuíno Evangelho. Ainda que estejamos atravessando tempos difíceis, o melhor a fazer é não deixar de mostrar-lhes a Verdade.” Florêncio destaca a necessidade de dar o exemplo no lar e levar os pequeninos à igreja. “É nesse ambiente que temos comunhão com o Corpo de Cristo. A Bíblia é um manual de regras e práticas, então, ser um cidadão de bem e honesto está de acordo com o que o Senhor nos ensinou por intermédio de tantos profetas.”

O Pr. João Victor Ribeiro concorda que tanto os valores religiosos quanto os morais precisam ser ensinados e vividos no seio familiar: “É necessário que eles [os pais] estejam no mesmo caminho, ensinando os princípios de Deus. Não é apenas declarar a Palavra, e sim vivê-la”
Foto: Arquivo pessoal

O Pr. João Victor Ribeiro, 36 anos, da Igreja Batista do Mutondo, em São Gonçalo (RJ), concorda que tanto os valores religiosos quanto os morais precisam ser ensinados e vividos no seio familiar. “Em Provérbios 22.6,Salomão aconselha os pais a ensinarem os filhos no caminho,e não o caminho. Ou seja, é necessário que eles estejam no mesmo caminho, ensinando os princípios de Deus. Não é apenas declarar a Palavra, e sim vivê-la.”

O Pr.André de Abreu Craveri, 45 anos, da Igreja do Nazareno em Asa Norte, Brasília (DF), também afirma que os responsáveis devem buscar ao Todo-Poderoso, em primeiro lugar, para, desse modo, terem condições de passar os ensinamentos de Cristo às crianças. No entanto, lamenta que esse não seja um hábito generalizado entre os cristãos. “A rotina de trabalho exaustiva pode fazer muitos se ausentarem das práticas devocionais diárias. Com isso, falham na tarefa de ensinar os valores bíblicos aos filhos. Deixam de priorizar as Escrituras e, assim, acontece o afastamento dos princípios.”

O Pr. André de Abreu Craveri (com a família), lembra: “A rotina de trabalho exaustiva pode fazer muitos se ausentarem das práticas devocionais diárias. Com isso, falham na tarefa de ensinar os valores bíblicos aos filhos”
Foto: Arquivo pessoal

Por outro lado, o pregador reconhece que, em muitas famílias, há uma preocupação diária em conservar as boas práticas espirituais. Segundo ele, esses lares estão atentos para as armadilhas do mundo, o qual tenta afastar o ser humano do Salvador. “Apesar de vivermos em uma sociedade acelerada, percebo que algumas pessoas têm buscado priorizar e conservar os momentos de comunhão e interação familiar nas refeições ou em períodos devocionais em que partilham a fé, fazem a leitura da Bíblia e oram juntos.” Na opinião de Craveri, é fundamental que todos os integrantes da família estejam unidos à Igreja. “Somos mais fortes juntos, pois podemos nos relacionar, crescer e aprender com a convivência.”

Caminho da salvação Ensinar os pequenos a amar e temer a Deus é um mandamento bíblico para os genitores. Em Deuteronômio 11.18-21, o Senhor ordena: Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração […] e ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te; e escreve-as nos umbrais de tua casa e nas tuas portas, para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o Senhor jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a terra.

O próprio Jesus repreendeu os discípulos por tentarem impedir que os pequenos recebessem a mensagem divina. Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas (Mt 19.14 – NVI). O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, reafirma a importância de instruir os pequeninos no caminho da salvação, citando a família do jovem como exemplo: trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti (2 Tm 1.5). No capítulo 3 da mesma epístola, o apóstolo reitera: E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus (2 Tm 3.15). A formação religiosa cristã, portanto, está longe de ser apenas a transmissão de um amontoado de regras ou informações sobre o Altíssimo. Trata-se de propagar os valores do Livro Sagrado, buscando, pela ação e inspiração do Espírito Santo, formar cristãos e cidadãos melhores para a construção de uma Igreja firme e de uma sociedade mais justa.

Para a pedagoga Gislene Bertacchini Amancio, ensinar aos filhos o valor da fé cristã é algo inegociável:“Eles pertencem ao Pai e foram confiados a nós. Portanto, precisamos cuidar deles”
Foto: Arquivo pessoal

Para a pedagoga Gislene Bertacchini Amancio, 41 anos, membro da Igreja Batista do Povo, em Vila Mariana, zona sul de São Paulo (SP), ensinar aos filhos o valor da fé cristã é algo inegociável. Ela lembra que, para muitos pais, o tema religião deve ser tratado apenas nos cultos e na escola bíblica. De acordo com a especialista, tal pensamento é um equívoco porque família e igreja devem caminhar juntas em prol da formação religiosa das crianças e dos adolescentes. “Muitas vezes, esquecemo-nos de que os filhos são herança do Senhor [Sl 127.3]. Ou seja, antes de serem nossos, eles pertencem ao Pai e foram confiados a nós. Portanto, precisamos cuidar deles, incluindo a vida espiritual. A responsabilidade é nossa, e não da igreja.”

Ela destaca que esse encargo familiar não diminui e que a Igreja precisa ser um espaço no qual os pequenos tenham a oportunidade de aprender mais sobre Jesus. “Assim, se os pais estão em uma comunidade de fé que não tem um olhar para essa faixa etária, é bom pedirem direção a Deus, perguntando se aquela é a casa espiritual indicada por Ele”, alerta Gislene, que é casada com o bancário Sérgio Amancio da Silva, 44 anos, e mãe de Filipe, 18, e Alice, 9. A pedagoga explica que, na comunidade cristã, os pequenos precisam ter amigos da mesma idade, que partilhem a fé no Senhor. “Na igreja, aprendem sobre servir ao próximo e é onde precisam servir também. Se a criança não tiver valores bem enraizados e fortalecidos, é muito provável que seja tragada pelos princípios que são sutilmente impostos pela sociedade.”

A ministra de crianças Keila Araújo afirma: “Assim como ensinamos as crianças a andar e a falar, devemos, diligentemente, ensinar-lhes as Escrituras Sagradas. Todos os pais cristãos devem se esforçar para transmitir a fé bíblica a cada um de seus filhos”
Foto: Arquivo pessoal

A ministra de crianças Keila Araújo, 39 anos, da Igreja Batista da Liberdade, na região central de São Paulo (SP), conta que, após dar uma palestra sobre a importância de levar os pequeninos a Cristo, foi procurada por um homem. Ele testemunhou que, embora fosse cristão, havia optado por dar total liberdade aos três filhos a fim de que descobrissem a Verdade por si mesmos. Assim, por temer influenciar a decisão deles, não ofereceu qualquer orientação religiosa ao longo da infância dos pequenos. Naquele momento, contudo, lamentava o fato de que nenhum de seus rebentos optara por seguir a fé em Jesus. Keila relata que o senhor ficou bastante assustado quando ela lhe informou que Satanás não tem o mesmo escrúpulo de deixar as crianças livres para decidirem. “Pelo contrário, ele as influencia e as ataca.”

Diretora do Instituto Ministério com Crianças (IMC), um curso on-line de evangelismo e discipulado voltado para a meninada, Keila salienta que a Bíblia é enfática sobre a importância de os pais instruírem os pequenos a andar no caminho de Deus. “Assim como ensinamos as crianças a andar e a falar, devemos, diligentemente, ensinar-lhes as Escrituras Sagradas. Todos os pais cristãos devem se esforçar para transmitir a fé bíblica a cada um de seus filhos. O resultado será a salvação eterna deles, bem como uma vida inteira de serviço ao Altíssimo”, conclui.

Foto: doidam10 / Adobe Stock

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