Telescópio – 252
01/07/2020
Jornal das Boas-Novas – 252
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Foto: vladischern / 123RF

Sinais dos tempos

Cristãos nada podem fazer para acelerar a volta de Jesus, mas é preciso atentar aos indícios de Sua segunda vinda

Ao longo dos últimos dois mil anos, as grandes calamidades fizeram muitos procurarem as igrejas a fim de se reconciliarem com Deus. Registros históricos mais recentes apontam que, após a Segunda Guerra Mundial, houve uma explosão de conversões no Ocidente. Era a busca natural do ser humano por respostas, talvez movido pelo medo da morte, do futuro ou do desconhecido. A pandemia do coronavírus também tem feito mais pessoas se voltarem para o Senhor desejando consolo e alívio [Leia a reportagem aqui]. É uma oportunidade de a Igreja entregar a mensagem da salvação ao planeta, ajudando a cumprir o que está em Mateus 24.14: E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim.

A pergunta que segue é: estaria a expansão das Boas Notícias acelerando o retorno de Jesus? A resposta é negativa, de acordo com uma sondagem realizada junto a dois mil pastores pelo instituto de pesquisas norte-americano Lifeway Research. O levantamento, levado a efeito nos Estados Unidos, constatou que 80% dos entrevistados entendem que nada pode influenciar o tempo de Deus para o dia tão aguardado pelos servos do Senhor. “O Criador detém a plenitude dos tempos. Assim, por meio de Sua presciência, conhece e define, antecipadamente, tudo”, destaca o Pr. Douglas Roberto de Almeida Baptista, presidente da Assembleia de Deus de Missão do Distrito Federal. Para ele, a ideia de o evangelismo poder adiantar a segunda vinda de Cristo jaz em uma interpretação equivocada de Mateus 24.14 – já citado. “O fim virá quando o Evangelho tiver cumprido o seu papel no mundo, porém o ‘quando’ não é definido pelo homem. O Altíssimo ordena e controla todos os eventos desde a eternidade”, ressalta o pregador, que tem formação em Teologia, Filosofia e Pedagogia.

O Pr. Hamilton Paulino de Carvalho, líder do Ministério Betesda, na Vila Operária, em Maringá (PR), acredita que essa crença comum no meio cristão se deva à falta de um estudo bíblico mais aprofundado. “Somos uma geração fruto das cruzadas evangelísticas. Nelas, ouvíamos que a evangelização ‘apressaria’ a volta do Messias.” Segundo ele, isso aconteceu por causa do texto de 2 Pedro 3.12, que, em certas traduções, diz: […] esperando e apressando a vinda do Dia de Deus (ARA). “A palavra apressando, se fosse considerada isoladamente, poderia ter tal significado, porém não é esse o caso. No grego, em sua essência, tem o sentido de um desejo ardente pela volta do Senhor. E foi isso que o apóstolo Pedro quis enfatizar”, ensina o líder, acrescentando que os propósitos e decretos divinos são fixos e estabelecidos na História. “Nossa missão como Igreja é fazer discípulos de todas as nações, anelando ardentemente a volta do Príncipe da Paz.”

Estejamos vigilantes” – O Prof. Magno Paganelli, doutor em História Social, reforça que nenhum texto bíblico apresenta base para uma possível aceleração da volta de Jesus a partir de um movimento da Igreja. “Isso está nas mãos de Deus”, afirma Paganelli, pastor auxiliar na Assembleia de Deus Bereana, em Vila Mariana, na região central de São Paulo (SP). “O plano de salvação é do Senhor. Ele conhece quais povos ainda precisam ser alcançados. Quanto à proximidade da volta de Cristo, o que nos cabe é prestar atenção aos sinais indicados pelo Livro Sagrado e perceber se, de fato, eles a anunciam”, reitera ele, o qual atua como docente do Seminário Betel Brasileiro e da Faculdade Evangélica de São Paulo (FAESP).

Prof. Magno Paganelli: “Quanto à proximidade da volta de Cristo, o que nos cabe é prestar atenção aos sinais indicados pelo Livro Sagrado e perceber se, de fato, eles a anunciam”
Foto: Arquivo pessoal

O Pr. José Ernesto Spindola Conti, da Igreja Presbiteriana Água Viva, em Estrelinha, na cidade de Vitória (ES), concorda com Paganelli. “O Redentor pede que estejamos vigilantes, para não sermos pegos de surpresa quando Ele voltar.” Para ele, o cristão também deve estar atento à ordenança deixada pelo Senhor em Mateus 28.19,20: Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. “Cumprir a Grande Comissão é uma questão de obediência. Todo cristão deve seguir a ordem do Mestre. Não pregar, não evangelizar significa desobediência”, adverte.

O Pr. Mauro Roberto Fernandes Coelho, ministro auxiliar na Igreja Batista Betânia, em Sulacap, zona oeste do Rio de Janeiro, acrescenta: “Jesus deixou claro que as Boas-Novas deveriam ser apregoadas em todas as nações e que, só depois, viria o fim.” Ele frisa que há a responsabilidade do cristão em difundir o Evangelho e fazer discípulos, mas que não existe esforço humano capaz de mudar o que já está na agenda de Deus. “Isso consiste no kairós dEle. Sendo assim, sucederá ‘no tempo certo’. O próprio Senhor, enquanto estava encarnado, declarou que não sabia o dia nem a hora [Mt 24.36]. Quem somos nós para imaginar que podemos antecipar algo?”, questiona.

Guerras e rebeliões – Apesar disso, os recentes acontecimentos podem ser os sinais em questão. “Se analisarmos a Palavra, veremos que Jesus cita os falsos profetas, a perseguição aos cristãos, os terremotos, as enchentes, a fome, as guerras e as pestes”, opina o Pr. Renildo da Silva Moreira, da Igreja Batista Betânia de Sulacap, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), assinalando que o surto da covid-19 possa ser uma forma de alertar para a iminência do fim. Contudo, de acordo com ele, esses ainda não são os derradeiros dias da humanidade na Terra. Moreira explica que Cristo buscará o Seu povo e porá termo ao reino das trevas. Todavia, antes, é preciso que se cumpram as palavras dEle, proferidas nas Escrituras, entre elas, Mateus 24.8, a qual fala do princípio das dores. Segundo o pregador, é necessário refletir igualmente acerca de Lucas 21.9 (E, quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos assusteis. Porque é necessário que isso aconteça primeiro, mas o fim não será logo). “É tempo de os cristãos se dedicarem a Jesus e às Suas verdades. Afinal, Ele virá!”, orienta.

O Pr. Paulo Roberto Nassif dos Santos, da Comunidade Evangélica Ministério Ide, em Vila Kennedy, na zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), tem opinião semelhante. “Cristo menciona guerras e sedições, nação contra nação, grandes terremotos, fomes, pestes. Ele afirma que, quando tudo isso estiver sucedendo, o Reino de Deus estará perto. A atual pandemia faz parte desses sinais.” No entanto, Santos evidencia que não há motivo para pânico, pois o Senhor tem o domínio da História e consola o Seu povo, conforme está registrado em Lucas 21.28: Quando essas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai a vossa cabeça, porque a vossa redenção está próxima. “Então, que possamos seguir, crendo que Ele esteve, está e estará no controle de tudo.”


Foto: Ryan Phillips / Unsplash

Sem enganos

Ao proferir o sermão profético (Mt 24.1-51), assentado no monte das Oliveiras, Cristo respondeu, fazendo uma série de alertas, à seguinte pergunta de Seus discípulos: Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? (v.3b). Ele trata dos falsos profetas (vv. 5, 11,24), de guerras e rumores de guerras (v.6) e fomes, pestes e terremotos (v.7), apontando que todas essas coisas são o princípio das dores (v.8). Jesus também avisa que haverá perseguição e ódio aos cristãos (v.9), escândalos e traições (v.10), a multiplicação da iniquidade e o esfriamento do amor (v.12) e grande aflição (v.21).

Tratando dos sinais da vinda do Filho do Homem, o Redentor diz que logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas (v.29). Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória (v.30).

Jesus, aliás, declara, pouco antes, nesse mesmo sermão: Assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem (v.27).

(Fonte: Bíblia Sagrada)


Atenção aos sinais

A segunda vinda de Cristo é mencionada 300 vezes no Novo Testamento. Ela se dará de maneira pessoal (Jo 14.3), visível (Hb 9.28) e gloriosa (Mt 16.27). Seu tempo exato não está revelado (Mt 24.36), no entanto as Escrituras apontam para uma série de acontecimentos que antecedem esse evento, resumidos a seguir:

– Jerusalém é destruída (o que ocorreu no ano 70 da Era Cristã), e os judeus são espalhados entre todas as nações (Lc 21.24).

– Apesar disso, os servos de Cristo levam Sua obra adiante, pregando o Evangelho a todas as nações (Mt 24.14).

– A demora do Mestre em retornar faz muitos duvidarem de Sua volta, tornando-se negligentes (Mt 25.11-13).

– Ministros infiéis se desviam, considerando que o Mestre demorará a voltar (Lc 12.45).

– Embora o Evangelho tenha sido pregado universalmente, o mundo o rejeita.

– Aparece a figura do anticristo, que domina o planeta, com poder político (Ap 13.7) e comercial (Ap 13.16,17).

– Esse ditador mundial persegue os santos de Deus (Ap 13.7) e estabelece um culto baseado em seus próprios atributos (2 Ts 2.9,10; Ap 13.12-15).

– Contudo, as Escrituras predizem a vitória de Deus sobre esse enviado de Satanás (Ap 11.15; Ap 19.11-2).

(Élidi Miranda, com informações do livro Conhecendo as doutrinas da Bíblia, de Myer Pearlman – Ed. Vida)


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