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Criação do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948, data da da proclamação de sua independência – Foto: Reprodução
Abraão de Almeida

O renascimento do Estado Judeu

Ao final das cruzadas e já no período mameluco, muitos novos edifícios foram construídos em Jerusalém, e houve a melhoria do fornecimento de água. No entanto, sob o domínio otomano, a vida na cidade piorou de tal forma – principalmente durante os séculos 13 a 19 – que a sua população foi reduzida a dez mil habitantes, com parte da área urbana em ruínas. [Do editor: O sultanato mameluco (1250-1517) era um reino medieval que abrangia o Egito, o Levante (área que incluía porções da Turquia, do Iraque, da Arábia Saudita e do Egito) e o Hejaz (uma região no oeste da Arábia Saudita). Ele durou desde a deposição da dinastia aiúbida até a conquista do Egito pelos otomanos em 1517]

A comunidade judaica local – quase eliminada pelos cruzados e praticamente inexistente no século 13 – foi acrescida de imigrantes piedosos procedentes de vários países, em especial após a expulsão dos judeus da Espanha, em 1492, por ordem dos reis católicos Fernando II de Aragão (1452-1516) e Isabel I de Castela (1451-1504). Mas o crescimento da população judia em Jerusalém era limitado artificialmente pelo governo. Em 1625, os judeus foram de modo brutal despojados de seus bens pelo paxá local, Muhammad Ibn Farukh.

Os reis católicos Fernando II de Aragão (1452-1516) e Isabel I de Castela (1451-1504) ordenaram a expulsão dos judeus da Espanha Foto: Reprodução

No século 19, com o aumento da influência europeia no Oriente e o influxo da imigração judia, a Cidade Santa renasceu: sua população judia subiu de 3 mil em 1838 para 50 mil em 1910. A partir de 1855, novos bairros foram construídos fora das muralhas da Cidade Velha. Na década de 1880, Jerusalém foi ligada a Jafa por uma estrada de ferro. Em 1898, o imperador alemão Guilherme II (1859-1941) visitou a cidade, atravessando a muralha por uma abertura feita em sua honra perto da Porta de Jafa. Naquela ocasião, foi saudado pelo jornalista judeu austro-húngaro Theodor Herzl (1860-1904), em nome da Organização Sionista.

Israel e o mandato britânico – A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) interrompeu o desenvolvimento de Jerusalém. Em dezembro de 1917, as tropas do General Edmund Allenby (1861-1936), do exército britânico, ocuparam a cidade e colocaram um ponto final no longo e tenebroso domínio otomano. Os britânicos, no período do seu mandato, trouxeram um rápido crescimento, resultante da imigração judia. Em 1944, a população da Terra Santa era de 157 mil pessoas – sendo que 97 mil eram judias.

O jornalista judeu austro-húngaro Theodor Herzl (1860-1904) Foto: Reprodução

Entretanto, a situação política durante o mandato britânico não foi favorável aos judeus. Houve baixas durante os motins árabes de 1922, 1929 e de 1936 a 1939, no entanto foram geralmente seguidos de novos impulsos de construção e consolidação. De 1945 a 1947, a resistência judaica ao governo mandatário resultou em danos a inúmeros prédios e na criação de diversas zonas de segurança fora dos muros da cidade.

Nascimento do Estado judeu – Finalmente, em 29 de novembro de 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a resolução de partilha da Palestina, que resultou na criação do Estado de Israel. A resolução recomendava a internacionalização de Jerusalém, acreditando ser essa a melhor forma de preservar os lugares santos. Contudo, os levantes árabes, que logo assumiram proporções de verdadeira guerra regular entre a Haganah (organização paramilitar judaica sionista) e os árabes, puseram fim à internacionalização de uma parte de Jerusalém.

O general do exército britânico Edmund Allenby (1861-1936), comandante das tropas que ocuparam Jerusalém em 1917 Foto: Reprodução

Em 14 de maio de 1948, no mesmo dia em que Israel proclamava a sua independência, a ONU aprovou, por meio de uma resolução, o envio ao Oriente Médio de um mediador para buscar uma solução pacífica para a situação da Palestina em geral e de Jerusalém, em particular. Coube ao conde sueco Folke Bernadotte (1895-1948) manter consultas entre as duas partes até 15 de junho de 1948, quando elaborou sua proposta: 1) A Palestina, tal como fora definida no mandato britânico em 1922, isto é, incluindo a Transjordânia, deve formar uma união binacional: um estado árabe e outro judeu; 2) Os limites entre ambos os estados devem ser definidos por meio de negociações, com a ajuda de um mediador. O ministro das Relações Exteriores do governo provisório de Israel, o judeu ucraniano Moshe Sharett (1894-1965), rejeitou inteiramente as propostas.

Invasão do Líbano pelo exército israelense em 1982, para expulsar os terroristas que lançavam ataques contra cidades da Galileia Foto: Divulgação / Forças de Defesa de Israel

Promessa de Deus – No dia 15 de maio de 1948, data da saída dos ingleses, os árabes atacaram Israel, porém foram derrotados na Guerra da Independência (ou da Liberação). O conflito foi travado entre israelenses e a Liga Árabe, representada pelos exércitos do Egito, da Síria, do Iraque, da Jordânia, do Líbano e da Arábia Saudita. Desde então, o Oriente Médio se tornaria cenário de grandes guerras – Guerra do Suez (1956), Guerra dos Seis Dias (1967) e Guerra do Yom Kippur (1973), todas vencidas por Israel –, além da invasão do Líbano pelo exército israelense em 1982, para expulsar os terroristas os quais lançavam ataques contra cidades da Galileia. Aquela ação provocou um isolamento maior de Israel no plano internacional, todavia cumpriu-se a promessa do Senhor registrada em Amós 9.15: E os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o SENHOR, teu Deus.

Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com

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