Família – 269
01/12/2021Carta do Pastor à ovelha – 271
01/02/2022Nascidos de novo
Pastores e especialistas mostram o caminho
para o servo de Deus viver longe do pecado
Por Evandro teixeira
ABíblia afirma que o pecado é mais do que um conjunto de práticas desagradáveis a Deus: constitui a própria natureza humana depois da queda. Por causa dele, os homens estão afastados do Criador e, somente pelo sacrifício de Cristo, podem se religar ao Pai. Na carta aos Efésios, Paulo ensina que, devido a essa separação, a humanidade está morta, e apenas Jesus pode tirá-la dessa situação: E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também (Ef 2.1-3). “O apóstolo mostra que todos já nasceram separados do Altíssimo. E isso ocorre por causa da natureza caída herdada de Adão”, explica o Pr. Denilson da Silva, líder estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no Acre. “Quando nascemos de novo, Deus não faz um remendo em nosso espírito. Ele tira a velha criatura caída e pecadora e coloca em nós Seu Espírito”, ressalta o líder.
Em outra passagem, bastante conhecida, o apóstolo Paulo escreve: Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo (2 Co 5.17). No entanto, a Palavra aponta que o novo nascimento não é um fim em si mesmo, e sim o início de uma jornada. Nela, o salvo, agora regenerado, deve fugir das tentações a fim de deixar seus velhos hábitos para trás. Para obter êxito nessa luta contra a carne e as potestades do mal, será necessário seguir os conselhos paulinos registrados em Efésios 6.11-18: Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus, orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos.
Na opinião da escritora e palestrante norte-americana Jen Wilkin, para obter vitória sobre o diabo, é indispensável haver uma condição: Você nunca se desviará de um pecado que ainda não odeia, escreveu ela em artigo postado no site da revista evangélica norte-americana Christianity Today. No texto, Wilkin argumenta que é preciso odiar o erro para, efetivamente, podermos evitá-lo e lembra que essa deve ser uma prática e aprendizado diários. Nosso ódio ao pecado é aprendido ao longo da vida.
“Alma e espírito” – Para a pastora e psicanalista Sheilla Nadja da Hora Queiroz André, da Igreja Metodista Betel em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), a expressão ódio pelo pecado merece ser explicada e entendida: sugere uma postura ativa, intencional do sujeito, o qual entende que é fundamental abandonar o erro. Além disso, Sheilla Queiroz lembra que, embora a expressão pareça forte, nada mais é do que uma intensa aversão àquilo que caminha na contramão da fé.
A especialista salienta que, nessa batalha, o cristão deve lançar mão de todas as armas, inclusive de psicoterapia, se for o caso. “Como cristãos, temos plena certeza de que somos corpo, alma e espírito, e contamos com o cuidado sobrenatural para nos ajudar com nossas limitações. A fé faz entender a luta constante que vive o cristão entre carne e espírito”, destaca. Ela ainda sublinha que as emoções são o campo em que a psicoterapia poderá atuar e acarretar grande contribuição à saúde mental nessa luta espiritual.
A psicóloga Flávia Anita Puça, vice-presidente do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC), concorda com Queiroz. “Em alguns casos, há necessidade de amparo profissional”, destaca. Ela frisa que cabe aos terapeutas fazer o sujeito compreender que certos comportamentos – mesmo alguns que foram aprendidos no seio familiar – são disfuncionais e incorretos sob o ponto de vista cristão e, portanto, devem ser abandonados. Flávia Anita afirma que, em muitos casos, no entanto, esse suporte será desnecessário porque “o entendimento da Palavra já promove todo o processo de mudança”.
Seguindo uma linha de raciocínio semelhante, o Pr. Victor Augusto Martins, líder estadual da IIGD no Rio Grande do Sul, observa que quem deseja se desvincular do pecado precisa lutar, no mínimo, com o mesmo empenho que o levou ao erro. “Falar com Deus e procurar alguém de confiança, como pastor ou um conselheiro idôneo, ajudará bastante”, aconselha Martins, o qual acrescenta que o arrependimento deve ser proporcional ao erro e destaca que o papel da Igreja nesse processo é essencial, por ela ser a portadora do Evangelho e reunir testemunhos de muitos que derrotaram o mal.
Foi com a ajuda da Igreja que Suely Silva [nome fictício], 53 anos, venceu um pecado na área sexual. Em 2016, quando foi batizada nas águas em uma Igreja da Graça em Minas Gerais, já frequentava as reuniões havia tempos. Porém, ela conheceu um homem e passou a praticar o pecado da fornicação com ele. Mesmo tendo ciência disso, não conseguia findar aquela situação, que tirava sua paz.
Entretanto, Suely não deixava de frequentar os cultos. Certo dia, decidiu conversar com uma obreira sobre o que estava acontecendo. Por meio da oração e das orientações recebidas (pautadas nas Escrituras), percebeu que estava seguindo por um caminho errado e, assim, resolveu dar um basta naquele relacionamento. Hoje, ela continua solteira, entretanto está em paz e em comunhão com Deus. “Assim como aconteceu comigo, outras pessoas podem estar na igreja, mas, ainda, não conseguiram abandonar o pecado. Graças a Deus, não deixei de ir à casa do Senhor, o que possibilitou a mudança em minha vida.”
“Nova vida” – O pecado (hamartia, no grego) domina o ser humano porque o leva a não ter pleno controle sobre a própria vida, lembra o Pr. Carlos Roberto Soares, líder estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus no Mato Grosso. “É como se algo estivesse distorcido”, afirma o ministro. Para ele, apenas odiar as práticas pecaminosas a fim de abandoná-las, como sugere a escritora norte-americana Jen Wilkin, pode não ser suficiente. Isso porque muitos que declararam ódio aos erros do passado voltam a eles e, desencorajados, não conseguem mais se firmar nos caminhos do Pai celeste. Em seu entendimento, o cristão deve buscar o Espírito Santo com determinação e se apegar às promessas do Senhor para se sentir inundado com a Sua presença. “Se estivermos cheios do Espírito de Deus, não caberá outra coisa em nós.”
Em diversos casos, o processo de libertação do pecado é demorado. É o que mostra o testemunho do operador de máquinas agrícolas Adenilson dos Reis Santos, 41 anos. Na adolescência, quando tinha 17 anos, já era álcoólatra e usuário de cocaína. Na época, ele percebeu que ia em direção ao caminho da ruína e, como parte de sua família era evangélica, decidiu buscar ajuda em Deus. Foi quando teve seu primeiro encontro com Cristo. Porém, não se firmou na fé. Continuou nas drogas, até que, em 2011, aos 31 anos, viu-se diante da responsabilidade de cuidar de seu filho, André Luís, hoje com 12 anos. A Justiça lhe havia entregado a guarda do pequeno cuja mãe também apresentava a mesma dependência por substâncias tóxicas. Assim, Adenilson decretou, de uma vez por todas, que se livraria da dependência química.
Naquela época, ele já frequentava a IIGD de Cássia (MG), município do Sudoeste do estado e distante 392km da capital Belo Horizonte. Seu processo de libertação terminou no fim de junho de 2012, quando, de fato, largou os vícios. Hoje, recém-casado com a balconista Marisa Barbosa Oliveira, 33 anos, é um obreiro dedicado à Seara do Mestre. “Deus liberta as pessoas e lhes oferece a oportunidade de viver uma nova vida. Foi o que aconteceu comigo.”
Obras infrutuosas – Aos olhos do Pai celestial, não existe distinção entre práticas pecaminosas. “Todo pecado é pecado”, afirma o Pr. Silas Rosalino de Queiroz, líder da Assembleia de Deus de Jardim Presidencial 3 em Ji-Paraná (RO), enfatizando que, dependendo do erro cometido, as consequências poderão ser graves. Contudo, ele ressalta que todo cristão é chamado ao arrependimento e à santificação. “Trata-se de um processo progressivo em que a cada dia precisamos viver nos afastando do pecado”, informa Silas Queiroz, referindo-se ao texto de Colossenses 3.5: Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência e a avareza, que é idolatria.
O líder assembleiano mostra que o Livro Sagrado orienta o cristão a rechaçar toda ação de Satanás em sua vida, como registra Efésios 5.11 (E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas, antes, condenai-as). “À medida que o crente em Cristo anda com Deus, em comunhão com Ele, rejeita as obras da carne e expressa o fruto espiritual. Essa obra é divina, sobrenatural, e não humana, muitos menos física”, declara.
Para o teólogo e pastor Lucas Fernandes Domingues, da Catedral Metodista em Valença (RJ), a falta de conhecimento da Bíblia faz muitos pecados não serem devidamente identificados. Ele exemplifica, mencionando 1 Coríntios 15.34 (Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa), chamando atenção para o fato de que o apóstolo Paulo identificara que aqueles irmãos em Cristo tinham um relacionamento ainda raso com o Senhor. O ministro metodista atesta que, para haver o afastamento do pecado, o principal é ter a devida compreensão do amor e da graça de Deus manifestados na cruz do Calvário. “Ao entender o que Jesus fez por nós, e por amor a Ele, decidimos abandonar as práticas mundanas que ferem a Sua santidade”, conclui.
Ajuda contra o pecado
A Graça Editorial tem, em seu catálogo, uma série de obras que ensinam o cristão a fazer uso de todas as armas disponíveis para vencer o pecado e viver em santidade, diante do Senhor:
:: O novo nascimento, de T. L. Osborn, mostra que a conversão liberta o homem de todo o poder do pecado, tornando-o livre da culpa e da condenação diante de Deus.
:: Das profundezas do pecado sexual, de Steve Gallagher, o qual retrata a luta do autor para abandonar a pornografia.
:: Liberte-se das paixões deste mundo, também de Steve Gallagher, exorta os leitores a viver em santidade, em um mundo em que muitos têm preferido um “evangelho” afastado da cruz.
:: O preço não é maior do que a graça de Deus, de Oretha Hagin, apresenta a obra que Deus faz na vida de seus servos, que é moldá-los para serem segundo Sua imagem e semelhança.
:: Vivendo como um cristão, de A. W. Tozer, é um estudo feito com base na primeira carta de Pedro com a finalidade de ajudar os leitores a entender como devem viver após o novo nascimento.
:: Separados para Deus, de Derek Prince, mostra que buscar a santificação é mais do que seguir regras; é uma expressão de um relacionamento genuíno com o Senhor.
(Fonte: Graça Editorial)