Brasil
01/08/2022Família – 278
01/09/2022Fome da Palavra
Em meio às distrações mundanas, perseverar na leitura diária da Bíblia é o único caminho
Por Patrícia Scott
A juventude, fase de transição entre a infância e a maturidade, é um tempo de descobertas e decisões que podem gerar confusão e (muitas) dúvidas. É um período de vigor, coragem, sonhos e alegria, mas de diversas tentações também. Independentemente da época e da geração, o mundo e seus atrativos sempre representaram uma persuasiva ameaça a se interpor entre os jovens e a presença do Altíssimo. Sobre isso, o apóstolo Paulo diz, em sua segunda carta a Timóteo: Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor (2 Tm 2.22). Por isso, separar um momento diário para a oração e a leitura das Sagradas Escrituras – e torná-lo um hábito – é fundamental na juventude a fim de que mente e coração sejam blindados. Quem assim proceder estará seguindo o sábio conselho do salmista: Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra (Sl 119.9).
O Pr. Daniel Bianchi, líder do ministério Jovens Que Vencem (JQV) da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no estado do Rio Grande do Sul, lembra que, se o rapaz ou a moça cedem aos atrativos mundanos, a consequência é o esfriamento na fé. “Isso atrapalha o compromisso em manter o hábito da leitura bíblica, por exemplo, porque acabam ficando sem tempo para investir no espiritual”, observa o ministro, o qual recomenda que as igrejas promovam eventos que atraiam a juventude. “O ambiente fica mais propício para a evangelização, e muitos acabam encontrando referência em outros jovens, além de ouvir a Palavra.”
Na opinião do engenheiro civil Lucas Alves Tanaka, líder dos Jovens Que Vencem no Distrito Federal, diversos jovens se tornam pouco comprometidos com a Palavra de Deus porque algumas igrejas enfatizam hoje mais os sentimentos e as emoções do que a edificação espiritual com base no Livro Santo. “Querem ficar com esse ‘novo’ Evangelho que prega uma liberdade contrária à Bíblia, que permite ao crente fazer o que desejar, inclusive deixar de congregar”, critica Tanaka. Segundo ele, para reverter esse quadro, é necessário ministrar ensinamentos consistentes, fundamentados na Escrituras Sagradas. “É preciso ensinar o caminho certo, sem querer agradar ao jovem, e sim mostrar o que Jesus pregou: a verdade, a fonte da vida.”
Semelhante a Cristo – A estudante Nathália Gomes Gasparetto, 18 anos, está entre aqueles que desejam conhecer diariamente mais a Palavra de Cristo. De acordo com ela, quem segue os ensinamentos de Jesus está, automaticamente, obedecendo ao Pai. “Assim, estará plenamente preparado para toda boa obra”, afirma a jovem, citando o conhecido texto de 2 Timóteo 3.16-17: Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.
Gasparettto testemunha que a leitura bíblica é parte imprescindível de seu dia a dia. “Com a ajuda do Espírito Santo, consigo viver as maravilhas de Deus em minha vida”, afirma ela, obreira e professora na escola bíblica infantil da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Morada Nobre, na cidade de Valparaíso de Goiás (GO). “Ser cristã significa buscar, de todo o coração, ser semelhante a Cristo. Não é ser religioso, e sim crer em Jesus e viver constantemente o sobrenatural de Deus, amar o próximo e confiar que o Senhor fará no tempo certo muito além do que pedimos ou imaginamos.”
Mesmo sentimento tem a estudante Manuela Lethiery, 17 anos, a qual revela que, assim como sente necessidade de comer, tem “fome” da Palavra e precisa se alimentar dela diariamente. “Meu dia flui e me sinto bem apenas quando acordo, converso com Deus e medito na Mensagem. Do contrário, o dia se torna cansativo e pouco produtivo”, enfatiza Manuela, membro da sede regional da Igreja da Graça em Itapecerica da Serra (SP). Para ela, as Escrituras Sagradas proporcionam confiança para encarar os problemas e a certeza de que Deus está ao seu lado. “Ter os ensinamentos bíblicos vivos no coração faz com que a minha fé seja avivada. Quando penso que sou fraca, lembro-me de Davi. Diante da vontade de desistir, penso em Jó.”
A programadora de jogos digitais Naiara Lyra da Conceição, 18 anos, também tem a oração e a leitura bíblica como elementos fundamentais no cotidiano. Ela observa que estar na presença do Senhor todos os dias gera felicidade e a impulsiona a desejar ainda mais intimidade com o Pai. “O benefício não é somente para mim, mas também para as pessoas que se relacionam comigo. Isso porque elas percebem o agir de Deus e são alcançadas por esse amor”, relata a jovem, que congrega na IIGD da Taquara, na zona oeste do Rio de Janeiro (RJ).
Outros focos – A Bíblia apresenta vários exemplos de jovens que fizeram diferença por sua fidelidade a Deus, indicando que os mais velhos jamais devem subestimar o agir do Senhor na vida dos moços. Não sem propósito, o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo, dizendo: Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza (1 Tm 4.12). [Leia, no final desta reportagem, o quadro Fiéis em tudo].
O Pr. Israel Capinam, líder dos Jovens Que Vencem (JQV) na Bahia, frisa que o jovem fiel é aquele que obedece ao Senhor e compreende que ir contra seus mandamentos significa quebrar uma aliança. “Aquele que ama Cristo ouve as Suas palavras e as pratica”, ressalta o ministro, citando a passagem de João 14.21: Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele. Para Israel Capinam, o hábito de meditar na Mensagem do Senhor deve ser constantemente incentivado pelos líderes, os quais podem implementar um calendário anual de leitura da Bíblia e patrocinar eventos na igreja que estimulem a leitura bíblica.
O Pr. Ediclécio Vital, líder do Jovens Que Vencem (JQV) em Minas Gerais, concorda com Capinam. Segundo ele, o mundo é sutil em suas tentações e, por isso, tem o poder de desviar a atenção da mocidade para outros focos que não sejam Cristo. “Isso se torna um grande desafio para a Igreja”, reconhece Vital. De acordo com ele, os cultos, assim como retiros e outras programações voltadas para esse público, são uma boa estratégia para atraí-los. Contudo, o ministro afirma que eventos especiais não devem ser encarados como principal objetivo. “O que faz, de fato, com que eles se firmem na igreja e digam ‘não’ ao pecado e ao mundo é o ensinamento da Palavra de Deus”, ressalta Vital, pontuando que os jovens são o vigor da Igreja. “Quanto mais juventude houver, mais força ela terá e, consequentemente, haverá crescimento”, conclui ele, citando 1 João 2.14b: Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno.
O pastor pontua que a Igreja é a única instituição que cuida do homem de forma integral. “O médico cuida do físico, o psicólogo, do emocional, porém Deus cuida do todo. Dessa forma, como cristãos, conseguimos entrar em áreas em que Satanás, nosso inimigo, tem trabalhado em muitas vidas. Fazemos o mesmo que Cristo: expulsar demônios, curar e amar”, conclui.
Fiéis em tudo
A Bíblia mostra diversos exemplos de jovens que foram fiéis a Deus e, apesar da pouca idade, puderam fazer a diferença em meio à sociedade na qual estavam inseridos. Confira abaixo alguns exemplos:
Ester – Cheia de fé e sabedoria, ela era uma órfã judia que vivia entre a comunidade judaica que morava na Pérsia (Et 2.5-7). Ester, ainda jovem, tornou-se rainha (Et 2.17). Quando o ministro Hamã decidiu exterminar os judeus (Et 3.8,9), ela intercedeu junto ao rei e salvou o povo hebreu de um genocídio (Et 8).
José – Deus concedeu a José o dom de interpretar sonhos (Gn 37.1-17). Ele era um dos filhos de Jacó, mas foi vendido por seus irmãos a mercadores de escravos, ainda muito jovem (Gn 37.18-36). Foi parar no Egito, onde, após ter passado uma temporada na prisão (Gn 19.1-23), teve a oportunidade de interpretar os sonhos do Faraó. Depois disso, tornou-se governador do Egito (Gn 41). Mais tarde, reencontrou os irmãos, liberou perdão e não permitiu que sua família passasse fome (Gn 43).
Daniel – Era um jovem de sangue nobre e foi escolhido para servir ao rei Nabucodonosor, quando este levou os judeus para a Babilônia como escravos
(Dn 1.1-7). Por ser fiel a Deus, foi honrado pelo Senhor (Dn 1.8-21). Ganhou prestígio ao interpretar um sonho do rei (Dn 2), passando a ser uma das autoridades mais importantes da Babilônia. Seu reconhecimento era tal que, mesmo quando o império babilônico mudou de mãos (sendo absorvido por Ciro, da Pérsia), ele continuou ocupando um alto cargo.
(Fonte: Bíblia Sagrada)