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01/10/2021Feridas emocionais
Pesquisa ressalta a importância da Bíblia no processo de cura das experiências traumáticas
Por Patrícia Scott
Conhecer e praticar os ensinamentos da Palavra de Deus pode reduzir significativamente os níveis de depressão e ansiedade em pessoas que sofreram traumas emocionais. Foi o que demonstrou um estudo realizado por cientistas da Universidade Baylor, em Waco, no estado norte-americano do Texas. A sondagem, encomendada pela Sociedade Bíblica Americana (ABS, a sigla em inglês), tinha como alvo testar a efetividade de um curso bíblico produzido pela organização, intitulado Curando Traumas.
O programa foi implementado em uma penitenciária do estado da Virgínia, junto a dois grupos de internos. Um deles, de 210 presos, participou do experimento com o curso bíblico. A cada lição, os participantes eram convidados a falar sobre seus traumas emocionais e levá-los ao Senhor. Outro grupo, de 139 detentos, participou de sessões semelhantes, mas sem o curso da ABS.
Ao analisarem os resultados, os cientistas observaram que os presos submetidos às lições bíblicas apresentaram índices menores de estresse pós-traumático, depressão, ansiedade e pensamentos suicidas. Os que deixaram de receber as lições não obtiveram esses benefícios. Os participantes do estudo bíblico também revelaram ter mais sentimentos de perdão, resiliência e compaixão. O impressionante não é apenas a efetividade do curso bíblico, por promover a redução de sintomas traumáticos e por aumentar o senso de conexão das pessoas com Deus, com o próximo e com a Bíblia, mas o fato de isso não ser algo momentâneo. Comprovamos que os efeitos são duradouros, acrescentou o psicólogo Phil Monroe, da ABS,ao portal de notícias The Christian Post.
Depois de comprovar empiricamente a eficácia de sua ferramenta, o objetivo da Sociedade Bíblica Americana agora é auxiliar as igrejas a lidar com o impacto emocional que a pandemia está deixando na sociedade norte-americana em geral. Na opinião de Nicole Martin, diretora-executiva da ABS, os efeitos da crise sanitária sobre a saúde emocional das pessoas perdurarão. Veremos esse nível de trauma por muitos anos. Não vai simplesmente passar quando todos forem vacinados e tiverem permissão para sair [sem restrições], alerta.
De origem grega, a palavra trauma significa ferimento, ou seja, algo que provoca dor. “Uma ferida dói no momento que ocorre e, depois, sara sem grandes consequências para alguns. Mas, para outros, o incômodo pode ser prolongado”, ensina a psicóloga Martha Izabel Albuquerque. Ela afirma que os maiores traumas são causados por pessoas amadas ou de confiança. “Ninguém espera ser maltratado por quem supostamente o ama.”
Segundo Martha Albuquerque, um trauma emocional surge a partir de uma experiência difícil, a qual gera uma modificação no funcionamento psíquico do indivíduo. Tal transformação acarretará reflexos na maneira como ele irá se comportar e reagir em diferentes situações na família, no trabalho, na escola ou nos relacionamentos.
A psicóloga enfatiza que o número de pessoas traumatizadas vem crescendo no mundo todo em decorrência da vida moderna e da tecnologia, as quais deixaram milhares sobrecarregados. “As tarefas estão triplicadas, e as pessoas estão viciadas em informação, o que gera uma hiperatividade, que, na maioria dos casos, origina redução nas horas de sono e estresse.”
Conforme a especialista explica, os traumas emocionais não devem ser ignorados, e sim tratados para serem superados. “Há pessoas que minimizam os efeitos de um trauma, porque não querem lidar com a memória traumática. É preciso compreender que o cérebro é um órgão como todos os outros e, por isso, falha e precisa de ajustes.”
Pensamentos perturbadores – Como demonstrou a pesquisa citada no início desta reportagem, a Palavra de Deus tem um papel crucial nos “ajustes” da mente. Foi por meio do Evangelho que a cozinheira Francimara Alves Pereira, 35 anos, conseguiu superar o trauma emocional decorrente do processo de seu divórcio, em 2012. Longe de sua família de origem e com uma filha, que na época tinha apenas dois anos, ela se sentia muito só, sem direção. Na verdade, ela só contava, basicamente, com a companhia constante de emoções e pensamentos quase sempre perturbadores.
Porém, assistindo ao Show da Fé do Missionário R. R. Soares, resolveu buscar ajuda na Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD). “Cheguei desanimada e depressiva, mas a Palavra foi curando meus medos e arrancando minha tristeza”, recorda-se a cozinheira. Ela relata que, por várias vezes, chegou à Igreja chorando, bastante abalada, contudo era consolada e amparada pela pastora. “Ela me ajudou a gerar fé em meu coração, para poder crer que poderia mudar de vida e recomeçar. Hoje, sou feliz! Jesus mudou minha história e curou os meus traumas. Louvo a Deus por esse ministério”, testemunha Francimara, hoje obreira da IIGD em Jardim Oriente, na cidade de Valparaíso (GO). [Leia, no final desta reportagem, o quadro Quando pedir ajuda?]
Acuidadora de idosos Kátia Adriana Otton Silva, 41 anos, trilhou o mesmo caminho de fé após sofrer um grave acidente de carro – ocorrido em uma rodovia – no mês de março deste ano. Apesar de não estar ao volante naquele momento, o evento a deixou com muito medo de dirigir. “Meu marido estava guiando o veículo, e batemos em um caminhão que vinha na contramão. Fiquei impactada com a cena.”
Para vencer o trauma, ela revela que precisou colocar a fé em prática. “Foi o ponto-chave para que pudesse vencer. Orei bastante, determinando que não enfrentaria de novo aquele tipo de acidente”, testemunha ela, que é líder regional do Mulheres Que Vencem (MQV) em Passos (MG). “Tivemos todo o apoio dos irmãos e dos pastores, que nos ajudaram em oração e com palavras de consolo e encorajamento”, acrescenta.
Da mesma forma, foi na Igreja que o porteiro Jorge Cunha da Silva, 50 anos, conseguiu o apoio necessário para recompor sua vida depois de sofrer uma grande perda financeira. Ele havia investido todo o dinheiro recebido de uma rescisão contratual em um negócio próprio de venda de salgados e doces. Não deu certo.
Endividado, pegou dinheiro com agiotas e, desesperado, entrou em depressão e pensou até em suicídio. “Um dia, em novembro de 2019, saí de casa sem rumo, de bicicleta. Parei em uma barraca para beber e, depois, fui em direção à estrada. Por cinco vezes, tentei me jogar em cima dos carros.” No dia seguinte, bem cedo, ele saiu de casa, desta vez, a pé. Caminhou mais de 80km, de Cabuçu, bairro de Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense, até Barra do Piraí (RJ), cidade do Sul do estado. “Passei uma noite dormindo no banco de uma praça.” Por providência divina, um caminhoneiro, conhecido da família, reconheceu-o todo maltrapilho, perambulando pelas ruas. “Ele entrou em contato com as minhas irmãs e acionou a polícia.”
De volta a sua casa, começou a frequentar a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Cabuçu. “Minha esposa, minhas irmãs e meu cunhado me convidavam para as reuniões. A princípio, ia uma vez por semana, mas fui aumentando a frequência.” Aos poucos, sua fé foi avivada. “A Igreja me ajudou em oração, com palavras de encorajamento, e também tive aconselhamento pastoral”, relata o porteiro, assinalando que participou da campanha da Bênção Dobrada, em 2020, quando suas emoções foram saradas, e que, em janeiro de 2021, conseguiu um emprego. “Deus fez tudo novo na minha vida. Não tenho palavras para agradecer ao Senhor e à Igreja.”
“Vida abundante” – O Pr. Adilson Passos dos Santos, da Igreja Batista Nova Filadélfia em Rocha Miranda, na zona norte do Rio de Janeiro (RJ), lembra que o ambiente eclesiástico ajuda as pessoas a vencer seus traumas à medida que ali lhes são ensinados os princípios da Palavra. “A fé e a oração libertam. Também é preciso acolher, apoiar e incentivar os traumatizados. A fé tem poder para curar todo trauma”, prega, citando o texto de Marcos 5.25-34, o qual conta a história da mulher que vivera por 12 anos com um fluxo de sangue. “Ela procurou a ajuda dos médicos, sem resultado. No entanto, ao ouvir de Jesus, ela foi até Ele, pois estava determinada a ficar curada”, conta o ministro, alertando para o fato de que aquela mulher buscou antes o atendimento especializado, mas sem sucesso.
No entendimento do pregador, as experiências traumáticas também produzem reflexos espirituais. “Se a pessoa deixar que as informações geradas pelos traumas dominem sua mente, ela não conseguirá ouvir com clareza a Palavra de Deus e terá dificuldade de exercitar a fé.” Para Adilson Santos, os traumas têm o poder de aprisionar as pessoas e é isso o que Satanás deseja. “Entretanto, a Verdade, que é Jesus, liberta”, ressalta, citando João 8.32: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
O Pr. Denilson Silva, líder estadual da IIGD no Acre, acrescenta que, além da exposição das Escrituras, o ambiente da congregação é propício para restaurar a saúde mental das pessoas por promover o convício entre os irmãos. Citando a passagem de Isaías 66.2 (Porque a minha mão fez todas estas coisas, e todas estas coisas foram feitas, diz o SENHOR; mas eis para quem olharei: para o pobre e abatido de espírito e que treme diante da minha palavra.), o ministro assinala que o texto refere-se ao fato de que o poder de Deus cura a alma aflita, traumatizada, e esclarece que, em meio às feridas emocionais, o cristão tem a fé em Jesus, o qual prometeu estar com Seus discípulos até o fim dos tempos (Mt 28.20). “Que cada um busque a presença do Senhor Todo-Poderoso para se curar e ter uma vida plena e abundante.”
Quando pedir ajuda?
:: Se está infeliz ou sendo um problema nos seus relacionamentos familiares, amorosos, profissionais e de amizade.
:: Se julga ser inadequado, incompetente e apático profissionalmente ou na vida de uma maneira geral.
:: Se sente uma tristeza consistente com ou sem explicação.
:: Se não consegue lidar com perdas e sempre se coloca na posição de vítima.
:: Se possui medos que impedem de ir a alguns lugares ou de exercer certas atividades e funções, acarretando frustração, vergonha e/ou limitação.
:: Se identifica prejuízo na sua qualidade de vida em qualquer nível.
:: Se percebe que, sozinho, não consegue lidar consigo mesmo ou com suas situações.
(Fonte: Psicóloga Martha Izabel Albuquerque)