VERDADE LIBERTADORA

A Palavra de Deus é fonte de restauração e transformação de vida para aqueles que creem em Cristo

Por Daniele Vieira

O termo liberto, segundo dicionários de língua portuguesa, é sinônimo de livre, solto, salvo, não sujeito à condição de quem não é cativo, de quem não é propriedade de outrem. Refere-se àquele que ganhou liberdade, e, assim, recuperou a capacidade de fazer escolhas e tomar decisões sem coação ou restrição externa. Amplamente debatida e difundida nos últimos tempos, a liberdade é tema central na narrativa bíblica.

No Antigo Testamento, o livro do Êxodo narra a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito. Essa história é fundamental para definição da identidade israelita e simboliza a busca por liberdade e justiça.

No Novo Testamento, o apóstolo Paulo explica o que é ser verdadeiramente livre em sua carta aos Romanos: Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte (Rm 8.2), e em sua epístola aos gálatas quando declara: Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão (Gl 5.1). Em ambas as passagens, Paulo afirma que, por intermédio de Jesus, os crentes são libertos do pecado e da lei e podem desfrutar de uma nova vida de fé e obediência dedicada ao amor e ao serviço.

Início da libertação – O teólogo Maximiliano Soares, membro da Assembleia de Deus em Pendotiba, Niterói (RJ), esclarece que os judeus não entenderam que o Messias pregava sobre a libertação da escravidão do pecado, e não do jugo de algum reino ou império humano que dominasse Israel. “Jesus é o Verbo que se fez carne; portanto, é a Palavra que liberta”, afirma o estudioso, destacando que “o conhecimento das Escrituras resulta em transformação de vida”.

De acordo com o teólogo Juan de Paula Siqueira, ao nascer de novo em Cristo, o ser humano é automaticamente livre da condenação. No entanto, ele ressalta que a libertação diária do cristão se dá por meio de uma santificação contínua, alimentada pela oração, pelo conhecimento e pela prática da Palavra. “O novo nascimento transforma a pessoa, que estava morta espiritualmente, para um viver abundantemente a partir de uma comunhão com Deus.”

Entretanto, Juan de Paula observa que o servo do Senhor ainda lida com os efeitos da queda de Adão (Gênesis 3). Assim, mesmo convertido ao Evangelho e justificado por Jesus, o homem precisa lutar contra as práticas pecaminosas. “Quem permanece unido a Cristo conhece a verdade que liberta do pecado e do mal”, pontua, referindo-se ao texto de João 8.31-34.

A mesma visão é compartilhada pelo Pr. Almeida Júnior, líder regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Caxias do Sul (RS). Ele pontua que o Altíssimo revelou a Sua verdade nas Escrituras Sagradas. “A Palavra é soberana e poderosa para curar, libertar, salvar e fazer prosperar. Dessa maneira, aquele que recebe o Evangelho no coração e crê dá início à libertação”, ensina o ministro, ressaltando que, para ocorrer a mudança de vida, o indivíduo precisa aprender os ensinamentos bíblicos e praticá-los. “Existe um processo: conhecer, assimilar e praticar,” adverte.

Para o Pr. Jamil Ribacki, líder estadual da Igreja da Graça no Maranhão, a pessoa deve reconhecer que precisa ser liberta. Para exemplificar, ele cita a cura do jovem lunático (Mc 9.14-27), lembrando que, antes que Jesus expulsasse o demônio, o pai do menino precisou admitir que era incrédulo e carecia de ajuda, essa confissão foi indispensável para a libertação do filho.

Ribacki aponta que é necessário buscar o Senhor em oração e obedecer aos ensinamentos da Palavra. “Algumas pessoas acreditam em libertações instantâneas. No entanto, apenas perseverando e seguindo as recomendações reveladas nas Escrituras é que alcançaremos a verdadeira libertação.”

Na opinião do Pr. Rogério Pereira, da Assembleia de Deus Coluna Betel, em Armação dos Búzios (RJ), na região dos lagos, refletir acerca da verdadeira definição da palavra liberdade é primordial. “Não significa fazer tudo o que se deseja, e sim aquilo que é preciso para tornar as relações mais harmoniosas”, pondera o ministro. Segundo ele, as imaturidades, as fraquezas e a tendência para o mal brotam no interior do homem, enganando-o. “Os seres humanos estão cedendo aos próprios desejos, e estes não lhes permitem que sejam livres”, assinala Pereira, recordando que Jesus ensinou como as pessoas devem viver a liberdade: permanecendo unidas a Ele. “Dessa forma, é possível vencer a natureza inclinada para o mal e ser genuinamente livre. Assim, o cristão se torna construtor de um novo jeito de viver na sociedade, que é marcado pela harmonia, pelo respeito ao outro e à vida e pela capacidade de ver em Cristo o único que transforma.”

Decisão por Cristo – Foi por meio da pregação das Escrituras que o Pr. Anderson Macedo, 49 anos, encontrou Jesus e teve a vida transformada. Criado desde o nascimento por um casal de amigos da família, ele voltou a viver com a mãe biológica aos 14 anos, após a morte da madrinha. Porém, devido à rejeição de sua genitora, saiu de casa e foi morar nas ruas. Naquele ambiente, passou a consumir todo tipo de droga e lançava mão de quaisquer artifícios para conseguir dinheiro para comprá-las. Até se envolveu com o tráfico de entorpecentes por influência dos irmãos. “Cheguei a ser apreendido e internado no Instituto Padre Severino, um reformatório público para menores infratores no Rio de Janeiro.” [Do editor: A instituição, fundada em 1954, foi fechada em 2012]

Anderson conheceu a Palavra ao ouvir a pregação do evangelista Robson Fonte, da Assembleia de Deus Monte Verde, no Fonseca, em Niterói (RJ), enquanto andava pelas ruas. Ele estava decidido a seguir Jesus, mas não abandonava as velhas práticas: logo depois, teve duas overdoses e ficou internado por dois meses em um centro de recuperação. “Ao sair, voltei para o mundo das drogas, e as coisas pioravam cada vez mais”, recorda-se.

Entretanto, sua vida ganhou um novo rumo quando conheceu a esposa, Fabiana Nascimento. “Decidi por Cristo e comecei a buscá-Lo na Palavra, porque precisava ser liberto”, compartilha o líder da Assembleia de Deus Missões Nova Brasília, no bairro Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), e pai de cinco filhos.

A história do eletricista industrial Nandehir Lima de Sousa, 33 anos, é um pouco diferente, mas não menos dramática. Ele frequentou a igreja quando adolescente e escutava a Palavra de Deus em casa, mas demorou a entender as lições do Evangelho. “Era dependente da cocaína, vivia na prostituição e estava sempre endividado”, destaca, admitindo que, mesmo sabendo do poder de Cristo para libertar, não se aprofundava nas Escrituras e no conhecimento do Senhor.

A decisão por Jesus somente ocorreu quando Nandehir percebeu que estava cada vez mais afundado em uma vida desregrada. “Hoje, vivo diferente. Eu me converti a Cristo e, por meio da Palavra, vivenciei o processo de libertação dos vícios, das dívidas e da libertinagem. Estou feliz e firme com o Salvador”, testemunha Sousa, membro da IIGD em Anápolis (GO).

Processo contínuo – O Pr. Joelson Lemos, da Assembleia de Deus no bairro Floresta, em Porto Alegre (RS), lembra que o Livro Sagrado é incisivo com relação à libertação. “Deus liberta utilizando a Sua Palavra. Ela é a Verdade que livra o homem do caminho do engano e do pecado”, ensina Lemos, citando o texto de João 14.6: Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. “Andando na Verdade, somos livres. Desse modo, estamos na luz e, caminhando nela, nunca ficaremos presos ao pecado.”

O Pr. Israel Terra, líder regional da Igreja da Graça em Niterói (RJ), entende que o primeiro passo para a mudança de vida é reconhecer a necessidade de libertação e buscar Cristo para ser restaurado. “Libertação e conversão ocorrem de maneira gradual, o que requer perseverança. Há pessoas firmes na igreja que levarão anos para serem libertas. É no caminhar na casa de Deus, com o apoio do pastor, que a batalha contra o pecado é iniciada”, destaca.

O ministro explica que se aprofundar no conhecimento das Escrituras e abandonar as trevas promove uma remodelagem na vida do indivíduo, tornando-o espiritual e emocionalmente equilibrado. “As práticas e os costumes se alteram quando a pessoa começa a servir ao Senhor”, afirma Israel Terra, que finaliza: “Ser livre significa aceitar e experimentar a Palavra de Deus como verdade em todos os aspectos.”

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