Entrevista – 293
22/12/2023Vida Cristã
30/01/2024“Relógio de Deus”
Evangélicos defendem a existência do moderno Estado de Israel apoiados nas Escrituras Sagradas
Por Élidi Miranda*
Conta-se que, certo dia, no final do século 19, a rainha Vitória (1819-1901), da Inglaterra, teria perguntado a seu primeiro-ministro judeu, Benjamin Disraeli (1804-1881): Que provas poderia me dar da existência de Deus?. Depois de pensar por um momento, Disraeli respondeu: Os judeus, majestade.
De fato, muitos povos da Antiguidade desapareceram. Entretanto, a existência dos judeus – raça que viveu dispersa pelo mundo por quase dois mil anos e, ainda assim, manteve sua identidade cultural e religiosa –, é um milagre. Além dos períodos de escravidão e sofrimento registrados na Bíblia, os judeus passaram por diversas adversidades ao longo dos séculos. Entre elas, o período em que foram perseguidos e expulsos da Espanha (1492), a tentativa de extermínio praticada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a diária hostilidade que sofrem por parte de países que desejam seu aniquilamento, desde a criação do moderno Estado de Israel, em 14 de maio de 1948, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU).
De modo geral, os evangélicos têm abraçado a causa da nação judaica apoiados na Bíblia. Para muitos teólogos cristãos, o segredo para a sobrevivência do povo judeu, ao longo de três milênios, não está em seus próprios méritos, e sim na promessa do Criador do Céu e da Terra, que deu Sua palavra a Abrão, dizendo: E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12.2,3).
Esses especialistas afirmam que a promessa do Senhor não foi criar uma nação dispersa, mas dar aos descendentes de Abrão – mais tarde chamado de Abraão (Gn 17.5) – uma terra para habitarem: E estabelecerei o meu concerto entre mim e ti e a tua semente depois de ti em suas gerações, por concerto perpétuo, para te ser a ti por Deus e à tua semente depois de ti. E te darei a ti e à tua semente depois de ti a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão, e ser-lhes-ei o seu Deus (Gn 17.7,8).
Foto: Divulgação / CUFI
Passagens como essas dão aos evangélicos razões suficientes para defender a existência e a permanência do Estado de Israel no local onde está. Deus não fez aliança com Washington D. C. [capital dos EUA], mas com Abraão, Isaque e Jacó. E essa aliança permanece. É com Abraão e sua semente, e isso inclui Jerusalém. […] Os judeus estão em casa. Eles estão exatamente onde Deus disse que deveriam estar, destacou o pastor norte-americano John Hagee, em discurso realizado em um evento da organização Cristãos Unidos por Israel (CUFI, a sigla em inglês), criada por ele com intuito de dar voz aos protestantes que apoiam o Estado judeu.
Bens espirituais – Contudo, há quem discorde de Hagee, argumentando que Deus teria mudado de ideia com relação a Israel e desistido da nação por ela ter rejeitado Jesus. Mas isso seria uma notícia catastrófica para todos os crentes em Cristo hoje. Com todos os nossos pecados, fraquezas e falta de compromisso, precisamos temer que Deus também mude de ideia sobre nós?, questiona Jürgen Bühler, presidente da Embaixada Cristã Internacional em Jerusalém (ICEJ, a sigla em inglês), em artigo publicado no site da instituição, que promove ações de cunho social em território israelense.
Foto: Divulgação / Linha Aberta
Citandoo texto de 2 Timóteo 2.13 (Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo), Bühler afirma que o Altíssimo nunca muda de ideia: Assim, a grande esperança tanto para Israel quanto para a Igreja é que Deus sempre cumpre as promessas da Sua aliança. Jürgen lembra que apoiar o Estado de Israel é dever de todo cristão, segundo as palavras do apóstolo Paulo aos romanos: Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém (Rm 15.26).
Em geral, os teólogos evangélicos creem que a criação do moderno Estado judeu é um inequívoco sinal do fim dos tempos: Nenhum estudo sério da Escatologia Bíblica pode ignorar o povo de Israel ou colocá-lo em plano secundário, tendo em vista o que Jesus afirmou: Olhai para a figueira e para todas as árvores (Lc 21.29). Israel é como “o relógio de Deus”, a indicar o passar do tempo desta presente dispensação da graça de Deus. Não se pode negar a influência de Israel no destino dos povos, escreveu o pastor e colunista de Graça/Show da Fé,Abraão de Almeida, na edição nº184 da revista.
Foto: Divulgação / ICEJ
Segundo ele, Deus colocou Israel no centro da história humana. Dessa forma, seria inútil aos inimigos do Estado israelense qualquer tentativa de frustrar os planos divinos. Mencionando Gênesis 12.3, o colunista concluiu: Tem sido rigorosa e admiravelmente cumprida por meio dos séculos, até os nossos dias. As nações que apoiam e protegem os israelitas são prósperas e abençoadas, ao passo que aquelas que os perseguem são sempre castigadas: ou desaparecem, ou estagnam, ou são humilhadas, e, invariavelmente, perdem a bênção divina. (*Com informações de Missão Portas Abertas, ICEJ, Christian Broadcasting Network – CBN e Christians United For Israel – CUFI)