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Igrejas evangélicas são parte importante na inserção no mercado de trabalho

Fotos: Arte de Cleber Nadalutti sobre foto de Pixel-Shot / Adobe Stock

Por Evandro Teixeira

Dados do Censo 2022, divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a parcela da população que se declara evangélica saltou de 21,7% em 2010 para 26,9% em 2022 – um avanço de 5,2%, o maior crescimento entre os segmentos religiosos do Brasil. Agora, o contingente de crentes no país é de 47,4 milhões de pessoas, número que reflete a transformação profunda na sociedade, com todas as suas implicações culturais, políticas e sociais. Em meio a essa mudança de cenário, um importante setor vem sendo influenciado: o mercado de trabalho. É o que aponta um estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o qual revela que as comunidades evangélicas impactam positivamente a empregabilidade no país, ampliando as indicações de vagas, especialmente entre grupos minoritários.

A cientista social Tânia Foster pondera: “As igrejas podem exercer papel de apoio comunitário e inclusão social, mas sem que signifique reduzir o espaço religioso a uma agência de emprego”
Foto: Arquivo pessoal

De acordo com a pesquisa, com base na avaliação dos perfis de 900 evangélicos de Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), a imagem de honestidade, credibilidade e responsabilidade associada aos cristãos evangélicos facilita a inserção no mercado, beneficiando particularmente negros e mulheres. Os pesquisadores revelaram que as igrejas atuam como redes de contatos, abrindo espaço para a recomendação de pessoas – de baixa renda, em sua maioria. Para eles,  o processo de indicações continua sendo uma forma eficaz de conexão profissional, mesmo em tempos de redes sociais. Por isso, sugerem que a religião seja incorporada aos estudos sobre o tema. Tais especialistas argumentam ainda que, com a mudança no perfil religioso da população brasileira, esse fator pode se tornar crucial para entender as dinâmicas de emprego na nação.

A especialista em Liderança e Gestão de Pessoas, Luana Corrêa Santos Amaro, observa: “Quando se trata de uma organização orientada por valores cristãos, é legítimo buscar profissionais com esse perfil”
Foto: Arquivo pessoal – modificada por IA

Religião e trabalho – No ponto de vista da cientista social Tânia Foster, a interseção entre religião e mercado de trabalho ainda é pouco explorada no Brasil. No entanto, aponta ela, o levantamento da UFMG evidencia que aspectos religiosos tendem a se configurar como uma variável relevante na inserção laboral de indivíduos de classes populares. Portanto, pensa que a proximidade da igreja com esse grupo social se deve à crescente presença das comunidades de fé nas periferias urbanas. Ao ser indagada sobre o fato de as igrejas evangélicas servirem como um espaço para contatos profissionais, Foster rechaçou a ideia, destacando que pode haver uma tensão ética, uma vez que as congregações precisam priorizar a sua missão principal: pregar o Evangelho. Tânia ainda observa que, ao se tornarem centros de acolhimento social e encaminhamento técnico, as comunidades eclesiásticas ampliam a sua relevância comunitária, mas correm o risco de reduzir a fé cristã a uma estratégia de ascensão individual. “É necessário haver equilíbrio. As igrejas podem exercer papel de apoio comunitário e inclusão social, mas sem que signifique reduzir o espaço religioso a uma agência de emprego”, pondera.

O Pr. Níger Silva Martins diz que o estudo da UFMG reforça que a vivência da ética cristã influencia não apenas a esfera pessoal e espiritual, mas também os contextos sociais e profissionais
Foto: Arquivo pessoal – modificada por IA

Por sua vez, a especialista em Liderança e Gestão de Pessoas, Luana Corrêa Santos Amaro, lembra que determinadas habilidades comportamentais são valorizadas pelas empresas que buscam um profissional para compor seu quadro funcional, independentemente da religião do candidato. Ela ressalta que características, como responsabilidade e comprometimento, são mais fáceis de avaliar, acrescentando, no entanto, que não existem ferramentas psicológicas que permitam fazer uma análise assertiva sobre a honestidade de cada indivíduo. “Isso porque ser ou não honesto está relacionado diretamente ao caráter, e não à personalidade.”

A profissional afirma que, apesar de o estudo apontar a influência de comportamentos associados ao perfil evangélico, tal descoberta não significa que aqueles que não professam o cristianismo não possuam qualidades igualmente valorizadas no mercado de trabalho. De acordo com ela, durante o processo seletivo, as empresas seguem critérios profissionais, atrelando a escolha de um candidato à cultura organizacional da companhia, ou seja, ao conjunto de valores, crenças, comportamentos e práticas que definem a identidade e o modo de atuação da instituição. Contudo, Luana Corrêa reconhece que existem outras questões a serem levadas em consideração nesse segmento. “Quando se trata de uma organização orientada por valores cristãos, é legítimo buscar profissionais com esse perfil. Mas não se deve generalizar esse critério para o mercado de trabalho como um todo”, alerta.

O Pr. Alberi de Souza Rodrigues afirma que “esse estudo [da UFMG] reforça a importância de o cristão não apenas ouvir, mas também viver a Palavra de Deus”
Foto: Arquivo pessoal – modificada por IA

“Ética cristã” – Na opinião do Pr. Níger Silva Martins, líder da Igreja Nova Vida Ministério É de Deus, em Cascadura, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), o estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) reforça que a vivência da ética cristã influencia não apenas a esfera pessoal e espiritual, mas também os contextos sociais e profissionais, contribuindo para a construção de uma reputação sólida e capaz de abrir diversas oportunidades. Diante disso, o ministro assevera que as igrejas deveriam incentivar ainda mais comportamentos pautados em princípios bíblicos, os quais possam ser aplicados no ambiente de trabalho por meio do ensino e de compartilhamento de experiências, como relatos de pessoas que alcançaram sucesso profissional ao aplicarem os valores cristãos em suas atividades laborais. Desse modo, as comunidades evangélicas contribuiriam para a inserção de seus membros no mercado de trabalho e promoveriam uma cultura de responsabilidade e integridade. “Seria um testemunho de impacto para a sociedade. Estaríamos sendo, como Igreja, verdadeiramente sal da Terra e luz do mundo (Mt 5.13,14).”

O pastor menciona que o papel social exercido pelas comunidades evangélicas no ingresso de mulheres e negros no mercado de trabalho é um reflexo das ações sociais e dos programas de capacitação promovidos por algumas congregações. Estas, muitas vezes, extrapolam os limites da própria denominação e alcançam um público diferente, ampliando as redes de contatos e favorecendo a construção de vínculos sociais. “São conexões que tendem a gerar espaços de troca de experiências, abrindo oportunidades profissionais em um ambiente onde a ética cristã é adotada como fundamento.”

O Pr. Edson Tadeu Ferreira da Silva Junior lembra que o verdadeiro cristão deve ter comportamento condizente com a fé que professa, independentemente do lugar
Foto: Arquivo pessoal – modificada por IA

Pensamento semelhante tem o Pr. Alberi de Souza Rodrigues, da Igreja do Evangelho Quadrangular no bairro de Santa Eugênia, em Nova Iguaçu (RJ). “Esse estudo reforça a importância de o cristão não apenas ouvir, mas também viver a Palavra de Deus”, afirma o líder, fazendo referência à exortação bíblica de Tiago 1.22,23: E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural. Ele cita a história de José, registrada nos capítulos 39, 40 e 41 de Gênesis, lembrando que o filho de Jacó honrou a Deus por meio de suas atitudes, sendo próspero em tudo o que realizava. Por isso, ele chamou a atenção de Potifar, oficial da guarda do Faraó, que o nomeou administrador de sua casa. Mesmo após ser injustamente preso, José continuou se destacando, agora entre os detentos, e, graças ao dom de interpretação concedido por Deus, chegou à posição de governador do Egito ao decifrar os sonhos do Faraó. “Assim como José, precisamos honrar o Senhor em tudo o que fazemos, demonstrando nosso testemunho cristão com excelência em qualquer ambiente.”

O Pr. Weleson Geraldo do Nascimento Rebouças afirma já ter ouvido de empresários locais que funcionários cristãos são mais propensos a crescer profissionalmente por serem mais pontuais e comprometidos com o trabalho
Foto: Arquivo pessoal – modificada por IA

Valores bíblicos – O Pr. Edson Tadeu Ferreira da Silva Junior, líder regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Piabetá, Magé (RJ), lembra que o verdadeiro cristão deve ter comportamento condizente com a fé que professa, independentemente do lugar, e acrescenta que a honestidade deve ser um dos principais valores do seguidor de Jesus, sobretudo no campo profissional. Segundo Edson, que é aluno do curso de Administração de Empresas, todas as qualidades do funcionário serão evidenciadas na prática, e um falso crente, caso ocupe uma vaga que exija valores tipicamente cristãos, eventualmente revelará sua verdadeira personalidade, argumenta ele, fundamentando-se no texto de Lucas 6.44: Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois não se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos. “Reconheço que essas questões são difíceis de controlar. Por isso, na hora de contratar alguém, o administrador precisa estar muito atento”, pontua.

Foto: Tshidzumba – peopleimages / Adobe Stock

Seguindo o mesmo raciocínio, o Pr. Weleson Geraldo do Nascimento Rebouças, líder da Igreja da Graça na cidade de Boca do Acre (AM), município do interior do Amazonas, afirma já ter ouvido de empresários locais que funcionários cristãos são mais propensos a crescer profissionalmente por serem mais pontuais e comprometidos com o trabalho. Por outro lado, de acordo com o ministro, caso esse padrão de comportamento se torne uma exigência do mercado, haverá o risco de falsos crentes mancharem a imagem das igrejas evangélicas. Afinal, não seria difícil imaginar que alguém se apresente como evangélico apenas para conquistar uma vaga. “Para identificá-lo, será necessário um tempo de convivência. Desse modo, ficará evidente se, de fato, é uma pessoa honesta”, sublinha o pastor, acrescentando que, independentemente do propósito de cada um, a Igreja deve se manter firme na missão de sempre defender comportamentos fundamentados na Palavra de Deus. Assim, ao unir fé a ações concretas, a comunidade eclesiástica pode ser a ponte entre vocação e preparo e a oportunidade, contribuindo, assim, de maneira significativa, para a empregabilidade e o bem-estar social.


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