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Missionário norte-americano entregou a vida para pregar a Palavra a uma violenta tribo de índios do Equador
Por Élidi Miranda*
O amor por Cristo e o zelo de alcançar os perdidos era o que movia o coração do missionário norte-americano Nate Saint (1923-1956). Nascido em uma família cristã no interior do estado da Pensilvânia, desde muito cedo, manifestava o desejo de ser integrante da obra missionária. Mas ele tinha ainda outra paixão: a aviação. Por isso, aos 18 anos, ingressou na Força Aérea dos Estados Unidos. Era o início dos anos de 1940, e a Segunda Guerra Mundial estava em curso. O jovem esperava servir ao Seu país nos fronts de combate. Entretanto, isso não foi possível porque ele sofria de osteomielite, uma infecção óssea causada por bactérias ou fungos. Com o treinamento recebido na Força Aérea, porém, ele foi capaz de tirar sua licença como piloto civil e mecânico de aviões. Assim, unindo suas duas paixões, em 1945 seguiu para o México. Ali, juntou-se a uma agência missionária que opera em regiões remotas do planeta, utilizando pequenas aeronaves: a Mission Aviation Fellowship (MAF). No Brasil, essa organização deu origem à missão Asas de Socorro, com sede em Anápolis (GO).
Em território mexicano, vivenciou, pela primeira vez, os desafios de pregar em campo transcultural: a dificuldade de aprender uma língua totalmente desconhecida e de se adaptar aos costumes locais. Dois anos mais tarde, retornou aos Estados Unidos para fazer um curso de um ano de formação missionária na Wheaton College, no estado norte-americano de Illinois.
Em 1948, casou-se com a enfermeira Marjorie Farries, que partilhava com ele a mesma visão de levar o Evangelho aos povos não alcançados. O casal teve três filhos: Steve, Kathy e Philip. Em 1953, Nate Saint e sua família se mudaram para o Equador. Os dois trabalhavam com a MAF e residiam em uma base missionária na selva equatoriana.
Naquele período, Nate ouviu falar dos índios aucas. Era uma tribo isolada, conhecida por sua resistência ao contato com brancos e por ser bastante violenta. Não fazia muito tempo que aqueles índios haviam atacado o posto de uma companhia petrolífera, matando 14 pessoas. Todos os missionários que tentaram contato com os aucas haviam falhado até ali, sendo feridos ou assassinados. Aqueles índios eram tão belicosos que até mesmo outras tribos indígenas da região evitavam contato com eles.
Contudo, Nate Saint passou a sentir um peso em seu coração pelas almas perdidas dos aucas. Afinal, Jesus havia morrido na cruz também por eles, e, portanto, era preciso encontrar uma forma de apresentar-lhes a mensagem da salvação. Entretanto, ninguém sabia onde ficavam as aldeias aucas na floresta. Foi somente em outubro de 1955 que Nate, acidentalmente, sobrevoou uma aldeia auca e percebeu que ela estava a apenas 15 minutos de voo de sua base.
Visita amistosa – Ao compartilhar o desejo de se aproximar daquele povo com outros missionários, Nate Saint conseguiu reunir outros quatro homens (Jim Elliot, Peter Fleming, Ed McCully e, mais tarde, Roger Youderian) – e as respectivas esposas – dispostos a abraçar o desafio. Com Nate, criaram a Operação Auca. Os missionários oraram e planejaram meticulosamente as estratégias que seriam usadas para chegar até aqueles índios.
O primeiro passo era sobrevoar a aldeia, levando alguns presentes em sinal de amizade. Usando uma corda, desceram uma chaleira de alumínio; no voo seguinte, um machado, e assim por diante. A partir da quarta investida, os índios começaram a responder igualmente com presentes. Os missionários ganharam dois papagaios vivos, em uma gaiola, que foi amarrada por eles à corda.
Depois de três meses de trocas de amabilidades, Nate e seus amigos decidiram que seria a hora de terem um contato mais próximo com os aucas. Foi quando Roger Youderian se juntou ao grupo. Em 3 de janeiro de 1956, os cinco aterrissaram na margem do rio, distante 6km da aldeia, e montaram um acampamento. Alguns índios apareceram para uma visita amistosa, e um deles até aceitou dar um pequeno passeio de avião. Contudo, em 8 de janeiro de 1956 (um domingo), por volta das 15h, um grupo de aucas apareceu no acampamento e atacou os missionários. Os cinco homens foram assassinados com golpes de lança. Nenhum deles reagiu. Nate Saint tinha 32 anos de idade.
Esse foi o fim da Operação Auca, mas não dos esforços para alcançar aqueles índios. Dois anos depois, Rachel Saint, irmã de Nate, e a viúva de Jim Elliot, Elisabeth, finalmente estabeleceram um contato pacífico com os aucas e apresentou-lhes o Evangelho. Descobriram que o nome da tribo, na língua dos índios, era outro: waoroni. A investida rendeu frutos e muitos deles se converteram a Cristo, inclusive alguns dos envolvidos no massacre dos missionários. Os filhos mais velhos de Nate Saint (Steve e Kathy) foram batizados na aldeia. Eles desceram às águas pelas mãos de Dyuwi, um dos assassinos de seu pai, transformado em um fiel servo de Jesus.
Aqueles que não temem a Deus podem considerar que os cinco missionários – mortos em uma região remota da Amazônia equatoriana – perderam a vida por nada. Nate Saint, definitivamente, não pensava assim. Certa vez, ele escreveu: As pessoas que não conhecem o Senhor perguntam por que, afinal, desperdiçamos nossa vida como missionários. Elas se esquecem de que também estão gastando a vida delas […] e, quando a bolha estourar, nada terão com significado eterno para mostrar [a Deus] pelos anos que desperdiçaram. Nate e seus quatro amigos, pelo contrário, tinham muito a apresentar: centenas de preciosas almas waoronis (aucas) por quem deram a própria vida. (*Com informações de Radar Missionário, Timetoast – Nate Saint: Jungle Pilot e Christian Knights Comics and Media)
3 Comments
Na primeira vez que li sobre Nate Saint, fiquei maravilhado como Deus usou ele e a esposa entre as tribos não alcançadas. O mundo precisa de missionários assim. que realmente fazem acontecer por onde vão…
Hoje conheci está história de fé e coragem.
Tenho certeza que Deus teve um plano que não foi frustado e sim teve os frutos deste plano de salvação…
Verdade!