Brasil
01/07/2020Carta do Pastor à ovelha – 252
01/07/2020Uma grande mãe
Missionária norte-americana fundou, em 1911, o primeiro orfanato do Egito
POR ÉLIDI MIRANDA
A norte-americana Lillian Trasher (1887-1961) estava prestes a realizar o sonho de se casar. Seu noivo era um jovem pastor, e ela pretendia servir ao Senhor ao lado dele por toda a vida. Mas, faltando poucos dias para a cerimônia, algo inusitado ocorreu: após assistir à pregação de uma missionária que trabalhava na Índia, Lillian sentiu o chamado de Deus para servir-Lhe no continente africano. Ela conversou com o noivo sobre a possibilidade de seguirem juntos para o campo missionário, porém ele não possuía tal desejo. Então, convicta de sua missão, rompeu o noivado e prosseguiu com o sonho de ir para a África.
Lillian não estava ligada a qualquer agência missionária nem tinha como custear a viagem. Além disso, sua família desaprovava a ideia. Até que ela participou de uma conferência. O preletor dessa reunião era um pastor atuante no Egito. Por meio da instrumentalidade dele, em 1910, aos 23 anos, foi rumo a essa nação, fixando-se na cidade de Assiute, às margens do rio Nilo, na região central do país. A princípio, a jovem permaneceu em um alojamento para missionários estrangeiros.
Em poucos meses, Lillian se viu diante de um desafio: uma mulher muito doente, quase à beira da morte, implorou a ela que cuidasse do filho, visivelmente desnutrido. A serva de Cristo não pôde ficar com o menino na base missionária. Os líderes de lá insistiram que ela o devolvesse à aldeia de onde a mãe havia saído. Entretanto, mesmo com pouco dinheiro, optou por alugar um espaço – em 1911 – e não deixar o pequeno passar por privações. Em outra vez, um homem a procurou. Ele lhe pediu que amparasse sua filha, pois a esposa dele havia morrido. Foi quando Lillian captou o propósito do Todo-Poderoso para ela. Antes de seguir para o Egito, ela havia cozinhado, costurado e trocado fraldas em um orfanato no estado norte-americano da Carolina do Norte. Lillian entendeu que essa experiência havia sido uma preparação para a tarefa que o Senhor agora colocava diante dela: começar um orfanato, o primeiro de todo o Egito.
Logo, outras meninas e outros meninos necessitados chegaram, e a missionária jamais se recusava a recebê-los. Confiante em Deus, Lillian ia de porta em porta pedindo ajuda. A provisão do Pai celeste era diária. Por volta de 1915, havia 50 pequeninos sob seus cuidados. Nesse momento, ela se filiou às Assembleias de Deus e teve algum incentivo financeiro. Em seguida, comprou outro terreno e, com as crianças maiores, construiu novos alojamentos, cozinhando os tijolos no próprio forno.
Dia após dia – Em 1919, uma revolução contra a dominação britânica tomou conta do Egito, e Lillian foi obrigada a deixar o país. Profundamente pesarosa, voltou aos EUA, no entanto aproveitou a oportunidade para angariar recursos para sua causa. Em 1920, retornou e, em 1923, abrigou também viúvas e cegos. Nessa ocasião, 300 pessoas viviam na casa, sendo ensinadas a conhecer o Deus verdadeiro, por meio de Sua Palavra.
Esse aprendizado igualmente sucedia em meio a outras dificuldades. Certa manhã, não havia nada para o desjejum. A missionária pôs todos sentados ao redor das mesas vazias, e, juntos, agradeceram a linda refeição que iriam ter. Naquele instante, um caminhão carregado de cereais, pão, leite e ovos estacionou em frente ao orfanato. A doação viera de um benfeitor anônimo.
Nos anos 1930, os problemas financeiros se agravaram devido à Grande Depressão. Ainda assim, segundo a missionária, o Senhor sempre provia o alimento. Em 1935, um milagre aconteceu! Um nobre escocês os visitou e fez uma polpuda oferta. Em dois anos transcorridos, esse homem doou cinco vezes mais. Mesmo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o auxílio divino esteve presente.
Incansável nesse ministério, a missionária ficou conhecida como mama Lillian (mãe Lillian) e como “a grande mãe do Egito”. Ela perseverou nessa obra até sua morte, em 1961. Nessa ocasião, a casa era refúgio de mais de 1.200 pessoas. As portas do Orfanato Lillian Trasher permanecem abertas. Desde sua fundação, mais de 20 mil crianças foram protegidas pela instituição. (*Com informações de Hands Along the Nile, Inspirational Christians e Evangelicals for Social Action)