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GERAÇÃO VIOLENTA

Aggressive teenagers bullying boy outdoors, view with motion blur effect

Foto: Pixel-Shot / Adobe Stock

GERAÇÃO VIOLENTA

Pastores explicam por que a agressividade tem dominado os adolescentes

Por Patrícia Scott

No Brasil, dentre tantos casos de violência que geram repercussão e comoção nacional, destacam-se aqueles em que os assassinos são adolescentes. Especialistas indicam que, em geral, as vítimas são familiares próximos ou amigos, e o motivo do crime é fútil.

Estudiosos das Escrituras Sagradas lembram que tais demonstrações violentas não são uma novidade na história da humanidade. A Bíblia registra o primeiro homicídio do mundo, quando Caim matou o irmão, Abel (Gn 4.8), e retrata esse ato como algo maligno que acarretará sérias consequências a quem o praticar: Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo (Mt 5.21).

A Pra. Patrícia Andrade destaca: “A multiplicação da violência é um fenômeno mundial que independe da idade, situação financeira, classe social, localidade de moradia e formação escolar”
Foto: Arquivo pessoal

O Levantamento Anual do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), de 2023, mostra a inserção de 11.664 adolescentes nas modalidades de restrição e privação de liberdade. Desse total, 9.656 estão em cumprimento de medida socioeducativa de semiliberdade e internação, 222 em internação-sanção (aplicada ao adolescente que descumpre a medida mais branda, de forma reiterada e injustificada), e 1.786 em internação provisória.

Violação de direitos – A Pra. Patrícia Andrade, da Comunidade Evangélica Projeto de Deus, em Anchieta, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), ressalta que as ações violentas são consideradas violações de direitos humanos fundamentais e uma ameaça aos princípios de liberdade e igualdade. “A multiplicação da violência é um fenômeno mundial que independe da idade, situação financeira, classe social, localidade de moradia e formação escolar”, destaca a ministra, assinalando que não é surpreendente que haja “um aumento da violência juvenil alimentada pela internet, pelas amizades e pelo ambiente no qual esses rapazes e essas moças estão inseridos”. 

Segundo o Pr. Daniel Costa, à medida que as congregações ensinam os princípios bíblicos, é necessário que ofereçam também um espaço no qual o adolescente possa compartilhar seus pensamentos e suas emoções
Foto: Arquivo pessoal

Patrícia pondera que os adolescentes são o reflexo de um mundo que rejeita Deus continuamente. Citando Mateus 24.12, ela atesta que eles crescem e vivem em uma sociedade em que a iniquidade é normalizada, e o amor se esfria de forma generalizada: “Em Provérbios 3.31, está escrito: Não tenhas inveja do homem violento, nem escolhas nenhum de seus caminhos. Cabe à Igreja do Senhor ser sal da terra e luz do mundo [Mt 5.13,14] até que Ele venha,” afirma.

Na visão da pastora, a Igreja exerce um papel fundamental no enfrentamento desse cenário. Para isso, o primeiro passo é acolher a juventude por meio da pregação da Palavra e da promoção de atividades para a moçada. “Precisamos ensinar os jovens acerca do Evangelho de Jesus e dar a eles a oportunidade de conhecerem o verdadeiro amor de Deus, que tem poder para arrancá-los do império das trevas,” assegura.

O Pr. Eladir Amaral lembra que a Palavra de Deus adverte os pais quanto à importância da disciplina para a formação dos filhos
Foto: Rodrigo Di Castro

Diálogo e disciplina – De acordo com o Pr. Daniel Costa, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no Méier, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), à medida que as congregações ensinam os princípios bíblicos, é necessário que ofereçam também um espaço no qual o adolescente possa compartilhar seus pensamentos e suas emoções. “Muitas vezes, não há abertura para o diálogo com os pais, seja pela falta de tempo, seja pelo relacionamento conturbado com a família.” Costa chama a atenção para que pai e mãe não terceirizem a educação dos filhos e invistam em passar mais tempo com eles. “Educar só é possível pela construção de um convívio saudável, com conversa, demonstração de afeto e respeito,” diz ele.

O Pr. Eladir Amaral, da IIGD no bairro Nova Aurora, em Belford Roxo (RJ), na Baixada Fluminense, lembra que a Palavra de Deus adverte os pais quanto à importância da disciplina para a formação dos filhos (Pv 23.13). Amaral alerta que, quando os responsáveis não observam essa recomendação bíblica, eles dão espaço para a “falta de limite, que gera adolescentes desrespeitosos, agressivos, sem empatia, compaixão e amor, o que desencadeia tragédias”, afirma. O ministro acrescenta ainda que essa negligência dos pais abre caminho para que o inimigo atinja os filhos.

O Pr. Johnnatan Machado argumenta: “O adolescente precisa compreender que a disciplina é uma forma de proteção e parte de uma educação pautada pelo amor”
Foto: Arquivo pessoal

Na opinião dele, a desobediência e a falta do temor a Deus são algumas das causas da violência externada por muitos jovens, atingindo a sociedade como um todo, incluindo a Igreja. “Não estamos imunes aos atos violentos, visto que as Escrituras Sagradas declaram que a chuva cai para o justo e o injusto”, ressalta o pastor, referindo-se ao texto de Mateus 5.45,46. “Nossa visão, como Igreja, precisa estar voltada para a Bíblia. Já os pais devem meditar na Palavra dia e noite (Js 1.8), além de transmitir os ensinamentos das Escrituras aos rebentos, a fim de que estes cresçam na admoestação do Senhor.”

Limite e exemplo – O Pr. Johnnatan Machado, da Igreja da Graça no Centro de Açailândia (MA),ressalta que a família deve estabelecer limites para os filhos desde a primeira infância, sempre com cautela e carinho. “O adolescente precisa compreender que a disciplina é uma forma de proteção e parte de uma educação pautada pelo amor”, argumenta. O exemplo dos pais, frisa Machado, é o principal meio de combater esse problema, conforme o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo (2 Tm 1.5), e é dever dos responsáveis atentarem para o comportamento dos filhos, instruindo-os e apoiando-os para que haja mudança de mentalidade e atitudes.

O Pr. Eduardo Santos salienta que Cristo é o remédio capaz de dissipar a agressividade na juventude, dando lugar à atuação do Espírito Santo
Foto: Arquivo pessoal

O ministro complementa que os adolescentes costumam ser influenciados pelo ambiente que frequentam, pelos vínculos pessoais que possuem e pelos conteúdos que consomem: “É uma fase de descobertas e impulsos. O comportamento agressivo pode ser o resultado de diversos fatores, como mudanças fisiológicas, ambiente familiar não saudável e falta de oportunidades”, enumera.

Portanto, ele aponta que os pais devem estar atentos às mudanças de comportamento dos filhos e às amizades deles, porque os jovens sentem necessidade de serem aceitos pelos grupos, o que pode ser determinante para fazerem suas escolhas. “Anda com os sábios e serás sábio, mas o companheiro dos tolos será afligido
[Pv 13.20 – NVI]”, cita Machado.

Foto: 4Max / Adobe Stock

Ensino e discipulado – Segundo o Pr. Eduardo Santos, líder da IIGD no Distrito Federal (DF), o sábio é conhecido pelo modo que trata as pessoas, como registrado na Palavra: Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria (Tg 3.13).Ele examina que, além das questões geracionais que envolvem a falta de comunicação entre pais e filhos, é impossível negar a existência de ataques espirituais que provocam atitudes violentas. Santos exemplifica seu ponto de vista com a história do jovem gadareno relatada nos evangelhos de Marcos (Mc 5.1-20) e de Lucas (Lc 8.26-39). “Ele era agressivo, e ninguém conseguia controlá-lo, mas Jesus o libertou, e o rapaz passou a anunciar o Evangelho”, recorda-se, salientando que Cristo é o remédio capaz de dissipar a agressividade na juventude, dando lugar à atuação do Espírito Santo.

Já o Pr. Victor Martins, líder regional da IIGD em Ribeirão Preto (SP), considera que a maioria dos casos de agressividade é reflexo do próprio lar e da sociedade corrompida, a qual faz a conduta dos adolescentes piorar bastante. “Os que não tiveram bons exemplos carregam traumas. Muitas vezes, isso dificulta a abordagem e a aproximação, porque eles criam uma blindagem para não correrem o risco de ficarem expostos a mais sofrimentos.”

O Pr. Victor Martins acredita que compete à Igreja, com seu grande potencial, atrair os adolescentes, tornando-os instrumentos vivos nas mãos do Salvador
Foto: Arquivo pessoal

O pastor acredita que compete à Igreja, com seu grande potencial, atrair os adolescentes, tornando-os instrumentos vivos nas mãos do Salvador. “Jesus investiu nos jovens, olhando para o futuro, discipulando-os até que se tornassem homens prontos para servir a Deus com intensidade”, acentua, evidenciando que “a Igreja tem a capacidade de fazer uso da mensagem de Cristo, mostrando Seus valores e o quanto estes podem ser úteis para o Reino de Deus”.

No entendimento de Martins, a Igreja do Senhor tem o poder grandioso de moldar o caráter do adolescente por meio dos ensinamentos dos princípios bíblicos. Ao mesmo tempo, declara ele, os líderes devem proporcionar a essa faixa etária atividades edificantes, focadas no crescimento espiritual. “Os jovens gostam de atenção. Então, quanto mais acolhimento houver, maiores serão as chances de terem a fé alicerçada. Assim, a transformação e a restauração serão estabelecidas na vida de cada um deles”, conclui.


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