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Apesar da concorrência com aparelhos eletrônicos, famílias precisam ajudar as crianças a desenvolver o hábito de ler
Por Ana Cleide Pacheco
A leitura é considerada pelos especialistas em Educação um importante propulsor para o crescimento intelectual da criança e do adolescente. Segundo eles, o hábito de ler auxilia no conhecimento do mundo, permite entender melhor a realidade, amplia o vocabulário e desperta a curiosidade por diversos assuntos e por outras culturas. Contudo, em um momento no qual smartphones e outros aparatos eletrônicos estão à disposição dos pequenos desde tão cedo, como despertar o interesse da criançada pelos livros?
Para a missionária de crianças Ericarla Zimmerman Araújo Batista de Brito (conhecida como Tia Carlinha), essa tarefa pertence às famílias, primordialmente. “Nesses 21 anos de ministério com crianças, capacitando pais e professores por meio de seminários e treinamentos, percebo que temos um grande desafio pela frente: educar a chamada geração alfa [dos nascidos a partir de 2010].” Tia Carlinha diz tratar-se de uma geração imediatista. “Querem tudo muito rápido. Com um clique, eles têm quase todas as respostas na internet”, lembra-se ela, destacando que os pais precisam estar atentos a essa responsabilidade, pois seu exemplo influencia diretamente os filhos. “Se não demonstrarem envolvimento com a leitura e buscarem tudo na internet, consequentemente, seus filhos copiarão o comportamento. Tecnologia e leitura devem andar juntas. Nunca é tarde para entender que é imprescindível incentivar o hábito de ler”, exorta a missionária, membro da Igreja Batista Ebenézer de Taguatinga (DF).
A Profª Rachel Silvestre de Barcellos Roxo, 40 anos, acredita ser de extrema relevância as famílias cuidarem da saúde mental e intelectual dos pequeninos, da mesma forma que zelam pela saúde física deles. Em sua opinião, a leitura deve ser incentivada como fazemos com outros hábitos, entre eles, a escovação dos dentes, o banho e uma boa alimentação. “Ler para eles todos os dias e disponibilizar bons livros é um ótimo caminho para incentivá-los a desenvolver o hábito da leitura”, avalia a docente, membro da Igreja Batista Regular da Pituba, em Salvador (BA).
A educadora sublinha também que os pais devem examinar alguns malefícios da tecnologia, quando usada sem controle na infância. Para ela, as 24 horas do dia podem ser bem administradas e usadas com sabedoria pelas famílias. Desse modo, o ideal é limitar o período que as crianças passam diante de jogos eletrônicos e da web. “Na infância, a tecnologia deve ocupar a menor parte do tempo. Em nossa casa, existe um momento estipulado para sua utilização. Meu filho, Rafael, de 11 anos, gosta de games e joga, por uma hora, nos dias de semana, e, por duas horas, nos finais de semana. Já minha filha, Gabriela, de oito anos, não tem muito interesse, mas, às vezes, joga com o irmão”, exemplifica.
Conhecedores da Palavra – A administradora de empresas Ívina Corrêa Salviano Lima, 38 anos, frisa que, assim como tantas outras atividades, a leitura se torna um hábito pela repetição. Ela reitera a importância de os adultos lerem para as crianças com o intuito de colocá-las nesse caminho. “É essencial escolher bons livros, criar um ambiente agradável, com chocolate e coberta quentes, no inverno, ou à sombra de uma árvore e uma limonada gelada, no verão”, sugere ela, destacando que ampliar a visão de mundo é um dos maiores benefícios da leitura tanto para crianças quanto para adultos. “Ler bons livros permite aos pequenos conhecer formas de viver distintas das suas, lugares e experiências com as quais eles não lidam no cotidiano e que podem ajudá-los a fazer boas escolhas.”
A Bíblia é o melhor exemplo disso, de acordo com Ívina, esposa do Pr. Sadam Carpegianne (conhecido como Sadam do Bem), líder regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em São Geraldo, Manaus (AM). “Ao percorrermos as histórias narradas nas Escrituras, aprendemos com os erros e acertos de homens e mulheres, crianças e idosos, sem precisar vivenciar seus dilemas e conflitos na própria pele”, orienta ela, atuante há 20 anos no ministério infantil da IIGD e mãe de três filhos: Filipe, 8 anos, João, 6, e Ana, 2 meses.
A redatora e publicitária Lucilene Francisco da Silva, 45 anos, igualmente recomenda que as famílias priorizem a leitura bíblica junto aos pequeninos. “Por meio dessa prática, vêm o conhecimento, a sabedoria e o crescimento na Palavra de Deus”, destaca Lucilene, membro da IIGD em Jundiaí (SP). “Quando uma criança lê, pode desenvolver sua habilidade de historiador infantil. Consegue dar detalhes em sua visão, que é dotada de muita criatividade. Se fizermos a nossa parte nesse processo, levantaremos uma geração conhecedora da Palavra.”
Situação preocupante – Entretanto, um episódio marcante da História, no ano de 2020, fez várias crianças deixarem a leitura um pouco de lado. O isolamento social, agravado pela suspensão das aulas presenciais em razão da pandemia, privou a garotada de diversas opções de lazer, e as telas de computador, de tablets e de smartphones assumiram a preferência. “Muitas ganharam os próprios aparelhos para fazer as tarefas escolares. Os pais, pelo fato de estarem trabalhando, não podem fiscalizar o que elas veem”, assinala a assistente social e missionária Ana Claudia Nogueira Ferreira dos Santos, 43 anos.
Para Ana Claudia, há um risco incalculável ao permitir que as crianças naveguem sem qualquer supervisão. “Penso no que acessam depois das tarefas escolares. É uma situação preocupante e para a qual os pais devem olhar com atenção”, alerta Ana Cláudia, que lidera o ministério infantil na Igreja Presbiteriana do Brasil em Nova Alvorada do Sul (MS).
A enfermeiraCarla Luar Maia e Silva dos Santos, da Assembleia de Deus em Pilares, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), está vigilante quanto à influência das telas e “telinhas” de vídeo sobre sua filha, Gabriela, de cinco anos. A menina, que está em processo de alfabetização, sempre foi uma criança inteligente e questionadora. Em 2020, durante os meses de quarentena rígida, Carla e o marido permitiram que ela tivesse mais acesso à internet.
No entanto, ao perceberem o quanto isso estava interferindo em sua formação intelectual, retrocederam. Em vez de deixá-la com o celular nas mãos, aumentaram seu contato com livros físicos, lendo-os para a garotinha. “A princípio, ela se mostrou preguiçosa, sem atenção e irritada. Mas, aos poucos, começou a demonstrar interesse e, agora, faz questão de escolher os livros. Voltou a fazer muitas perguntas e está mais criativa”, compara Carla.
Além desse incentivo à leitura, Gabriela começou a fazer aulas de jiu-jitsu. Ela tem permissão para ficar conectada ao longo do dia, mas por um tempo limitado. “Costumo dizer que, ao ler, ela pode descobrir o mundo e que o conhecimento adquirido pela leitura ninguém pode tirar dela.”
“Agente de emancipação” – Não é apenas a concorrência dos aparatos tecnológicos que se mostra desafiadora para a formação de uma nova geração de leitores. Há um obstáculo mais antigo: no país, poucos adultos cultivam o hábito de ler. A última edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil – divulgada em 2020 pelo Instituto Pró-Livro (IPL) – mostrou que os brasileiros leem menos de cinco livros por ano e revelou que 30% dos entrevistados jamais compraram um livro.
Para o administrador de empresas Caio Oliveira Santiago, 35 anos, duas das maiores influências que o indivíduo tem, em sua formação, são as pessoas com as quais convive e os livros que lê. Membro da Igreja Presbiteriana da Gávea, zona sul do Rio de Janeiro (RJ) e gestor da Livraria Lidere, em Niterói (RJ), Santiago ressalta que, embora os dias atuais ofereçam a facilidade do acesso à internet, sabe-se que a leitura eleva o ser humano a um patamar maior de conhecimento. “Nosso cérebro é muito mais estimulado a refletir sobre o que estamos lendo. Não somos os mesmos depois que acabamos de ler um livro. Além disso, a leitura atua como agente de emancipação, desenvolvedora de criticidade e intelecto, melhora o vocabulário, a linguagem e a escrita.”
Para ler e crescer
A Graça Editorial tem muito a oferecer ao público infantil por meio do selo Graça Kids. Dentre seus produtos, destaca-se a revista Turminha da Graça, um periódico mensal, criado há 16 anos, que aborda diversos temas relacionados ao cotidiano e à Palavra de Deus em forma de textos, quadrinhos e passatempos.
Há, ainda, outros títulos, como o livro Salmos para crianças. A obra apresenta, em suas cem páginas, trechos de diversas passagens do maior livro das Escrituras. Um exemplo é o Salmo 23, famoso cântico de Davi: O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará (v. 1). São40 versículos de Salmos ilustrados e adaptados para a criançada.
Outra dica é a obra Semear, baseada na parábola do semeador (Mc 4.1-23). Com uma linguagem de fácil compreensão, ensina à criança a importância de ser um solo fértil para que a Palavra possa germinar em seu coração, gerando, assim, bons frutos. Nesse rico material, o pequeno terá momentos de reflexão. Semear, assim como Salmos para crianças, tem ilustrações atraentes e coloridas para a meninada aprender enquanto se diverte.
Assim como a revista e outras obras do selo Graça Kids, esses dois livros são ferramentas poderosas nas mãos das famílias ávidas por ensinar a seus filhos os caminhos do Senhor desde a mais tenra infância.
(Fonte: Graça Editorial)
2 Comments
Muito graficante e verdadeiro o relato de cada um, mencionado aqui. Mas muito feliz lendo o depoimento da ilustre professora Rachel Silvestreí. Conheço o trabalho dela e sei o quanto ama as crianças e batalha para trazer conhecimento às mesma.
Vc é linda minha filha.
Deus continue te capacitando para esse trabalho tão nobre.
Te amo
Graças a Deus por termos tantas pessoas que buscam fomentar o interesse pela leitura, que mostram às nossas crianças e adolescentes o quão importante é manter a leitura em dia, adquirir conhecimento, etc