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08/10/2024CUIDADO COM O CORPO
Especialista destaca os riscos da obesidade e os
fatores que levam a essa doença considerada crônica pela OMS
Por Patrícia Scott
Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2023, a previsão é de que 41% da população brasileira adulta chegue a 2035 obesa. Atualmente, 22,4% dos adultos do país sofrem de obesidade, definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica, progressiva e recidiva. “Ela pode acarretar diversas complicações, gerando outras enfermidades sérias, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, apneia do sono, alguns tipos de câncer e até problemas psicológicos”, pontua a cardiologista Silene Souza, 40 anos. A especialista é membro da Assembleia de Deus Ministério Belém, no bairro Jardim Helena 1, em São Paulo (SP), onde o esposo, Ivan Souza, 41 anos, é pastor.
De acordo com Silene, fatores genéticos e metabólicos, além da hereditariedade, influenciam no desenvolvimento da obesidade. No entanto, ela alerta: “O estilo de vida e os hábitos alimentares ainda são os mais relevantes para desencadear a doença”. Para a cardiologista, comer em excesso ou de maneira desenfreada, acima das necessidades metabólicas do corpo, pode promover o sobrepeso e a obesidade. Por isso, nesta entrevista à Graça/Show da Fé, ela adverte: “É necessário haver o controle alimentar”.
Por que a obesidade é considerada uma doença crônica?
Porque exige um tratamento multiprofissional e contínuo, uma vez que o indivíduo com massa corporal elevada está mais propenso a desenvolver outras doenças. Entre elas, hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer, como os de intestino, esôfago, mama e tumor de endométrio.
Quais fatores levam uma pessoa a ficar obesa?
Fatores genéticos, biológicos, hormonais, emocionais e até culturais podem contribuir para o aumento do peso. Mas sabemos que os mais relevantes para a obesidade são a má alimentação – inadequada ou excessiva – e o sedentarismo. Quando se ingere mais calorias do que é possível gastar em um dia, o corpo as armazena em forma de gordura, dando origem ao sobrepeso.
A obesidade também está ligada a questões emocionais e psicológicas?
Sim. O aumento do número de pessoas com ansiedade e depressão faz com que elas, muitas vezes, recorram à comida para aliviar suas questões emocionais, como se o alimento pudesse suprir alguma falta, o que pode desencadear uma compulsão alimentar. No entanto, esses conflitos internos não podem ser resolvidos com comida ou qualquer outra coisa. Somente Deus é capaz de preencher qualquer vazio emocional.
Quais são as doenças causadas pela obesidade?
As principais são: hipertensão arterial, diabetes, aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos [aumento do risco de infarto e de Acidente Vascular Cerebral (AVC)], além de alguns tipos de câncer e doenças ortopédicas.
Como prevenir a obesidade?
Buscando levar um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e prática frequente de atividades físicas. Além de ter um acompanhamento profissional quando necessário.
Qual é o impacto dos bons hábitos adquiridos na infância?
Com certeza, os hábitos que aprendemos na infância nos acompanharão por toda a vida. Verificamos que existe um aumento do número de crianças com sobrepeso justamente por não terem iniciado essas práticas saudáveis desde cedo.
Os médicos dizem que os alimentos ultraprocessados causam aumento de peso. Por que isso acontece?
Isso ocorre porque os alimentos industrializados contêm alta quantidade de gorduras saturadas, sódio, conservantes e açúcares. Quando consumidos de maneira exagerada, eles aumentam o risco de sobrepeso.
Por que muitas pessoas têm dificuldade de manter o peso?
Hoje, com a vida corrida e cheia de responsabilidades, as pessoas têm pouco tempo para cuidar da saúde. Com isso, o sedentarismo aumentou, e a sociedade se rendeu às facilidades da vida moderna. Bastam alguns cliques no celular, e a comida, geralmente bastante calórica, está na porta de casa. Desse modo, uma vez que a pessoa adquire o sobrepeso, tem, diante de si, não só a tarefa de emagrecer, como também a de manter o peso. Isso porque, depois que ela perde uma quantidade significativa de quilos, o metabolismo começa a trabalhar contra, pois o corpo se acostuma mais rápido com o peso gordo do que com o magro. Então, o indivíduo precisa intensificar as ações para continuar em seu propósito. Além disso, o envelhecimento e as questões hormonais tornam cada vez mais difícil a manutenção do peso.
De que maneira o excesso de comida afeta o coração?
Isso pode ocorrer quando há um consumo além do necessário para o nosso corpo, expondo-o a uma maior probabilidade de desenvolver hipertensão arterial, diabetes, aumento dos níveis de colesterol e de triglicerídeos, além da obesidade. Todos esses são fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Como manter o coração saudável?
Alimentando-se com consciência, de modo saudável. Quanto mais naturais os alimentos, mais saudáveis eles serão. Empacote mais e desembale menos. Não ceda sempre às tentações alimentares. Coma apenas o necessário para manter o corpo e esteja sempre em movimento. Atividade física é remédio. Dessa forma, você estará cuidando do seu coração.
De que maneira o cristão deve se relacionar com a comida?
Ele deve considerar a comida da forma que Deus a fez: um alimento para suprir as necessidades físicas. Portanto, o cristão precisa ter em mente que o excesso pode prejudicar o corpo perfeito e saudável formado pelo Senhor. É importante também se lembrar de que a glutonaria é pecado (Gl 5.21) e que os alimentos servem para oferecer nutrientes ao bom funcionamento dos órgãos e tecidos, fornecendo energia para a realização de todas as tarefas do corpo. O Criador conferiu ao ser humano a responsabilidade de cuidar desse corpo, que é o templo do Espírito Santo (1 Cor 3.16,17). Deus deu a vida a cada um e deseja que todos a desfrutem em abundância. Para isso, é necessário cuidar da saúde.
Silene Souza
Cardiologista
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