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CHEIOS DE OUSADIA

Christian couple or group reading study the bible together and pray at a home or Sunday school at church. concept studying the word of god.

Foto: Deemerwha studio / Adobe Stock

CHEIOS DE OUSADIA

Em um mundo cada vez mais secularizado, cristãos enfrentam a timidez e o preconceito para compartilhar a mensagem de Jesus

Por Marcelo Santos

Rosângela Célia Basile, 60 anos, nunca imaginou que, um dia, estaria em uma praça pregando o Evangelho de Jesus sem medo de qualquer oposição. Com 1,50 m de altura, ela se agigantou quando foi confrontada por um rapaz de 1,90 m que tentava atrapalhar o trabalho evangelístico realizado por ela em um domingo de manhã, na Praça da República, no Centro de São Paulo (SP).

A evangelista Rosângela Célia Basile afirma: “O Espírito Santo é quem nos dá sabedoria, coragem e ousadia”
Foto: Marcelo Santos

A profissional da área contábil e com experiência como executiva de empresas é intrépida para anunciar a Palavra que mudou a vida dela há quase 20 anos: “A Bíblia revela em Atos 4.29: Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra. O Espírito Santo é quem nos dá sabedoria, coragem e ousadia”, afirma a evangelista.

A reportagem de Graça/Show da Fé estava presente quando aquele rapaz, que tentara tumultuar o evangelismo, acalmou-se diante da Palavra firme e da fé da serva de Deus e deixou o local constrangido.

Foto: AlfRibeiro / Adobe Stock

O exemplo de Rosângela pode e deve ser copiado. No entanto, um dos grandes obstáculos enfrentados pelos cristãos atualmente é vencer a timidez para compartilhar a fé em Cristo, sem receio, em um mundo cada vez mais distante dos padrões bíblicos. Nesse contexto, em que expressar crenças religiosas pode resultar em preconceito e discriminação, muitos optam pelo silêncio. A sociedade moderna valoriza a individualidade e, em muitos casos, a expressão de uma fé tradicional pode ser vista como retrógrada ou intolerante, destaca o Relatório Sustainability: Exploring Faith and Sustainability, um estudo realizado pelo Instituto Internacional de Liderança da Fé (IIFL, a sigla em inglês), do Reino Unido.

De acordo com a pesquisa, divulgada em maio deste ano, quase 40% dos cristãos ingleses preferem não dar publicidade à fé em Cristo. “Não vejo isso acontecendo no Brasil, um país no qual as pessoas costumam ser mais expansivas. Mas precisamos estar preparados para enfrentar esses desafios”, comenta Rosângela, que é líder do grupo de evangelismo na sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) na avenida São João, no Centro da capital paulista. “Todos têm o chamado de levar a mensagem de Jesus, mas uns têm de maneira especial, específica. Antes de evangelizar, nós nos consagramos, oramos, jejuamos e pedimos ao Espírito Santo que nos dê as palavras certas e nos ajude a falar.”

David Kinnaman, presidente do instituto norte- -americano Barna Group, comenta: Muitos jovens veem a evangelização como uma imposição de crenças e, por isso, preferem uma abordagem mais sutil, baseada em ações e exemplos
Foto: Divulgação / Barna Group

Diferenças geracionais – O estudo do IIFL aponta ainda que os motivos para a falta de evangelismo pessoal variam do receio de julgamentos à preocupação com a crescente secularização da sociedade: Muitos cristãos sentem que expressar sua fé publicamente pode resultar em discriminação ou ostracismo. O documento destaca também que, em muitas sociedades, há uma pressão constante para se conformar às normas seculares, o que pode sufocar a expressão religiosa.

Entretanto, os resultados do levantamento não se limitam aos cristãos ingleses. Uma pesquisa divulgada pelo instituto norte-americano Barna Group mostrou que a evangelização e a expressão pública da fé variavam consideravelmente entre diferentes gerações. Quase metade dos jovens cristãos (47%) da geração Y (os chamados millennials, nascidos de 1981 a 1995) acredita que tentar converter outras pessoas ao cristianismo é errado. Muitos jovens veem a evangelização como uma imposição de crenças e, por isso, preferem uma abordagem mais sutil, baseada em ações e exemplos. Eles querem ser autênticos em sua fé, mas não querem ser vistos como invasivos ou desrespeitosos, comenta David Kinnaman, presidente do instituto.

O Pr. Daniel Coutinho Guedes destaca: “Deus não nos deu espírito de medo, e sim de ousadia e equilíbrio”
Foto: Arquivo pessoal

A sondagem do Barna Group demonstra a disparidade entre o modo de pensar dos millennials e o de outras gerações: apenas 27% da geração X (de nascidos de 1965 a 1980) consideram errado evangelizar, indicando que são mais favoráveis ao evangelismo pessoal. Já os baby boomers (pessoas nascidas no Pós-Guerra, de 1946 a 1964), mostram uma atitude ainda mais positiva em relação à propagação do Evangelho: somente 19% dessa geração – que cresceu em um período em que a expressão religiosa era mais comum e socialmente aceita – julga que evangelizar é errado.

Na opinião do Pr. Daniel Coutinho Guedes, da IIGD em Diadema (SP), falta treinamento de evangelismo aos crentes. “Deus não nos deu espírito de medo, e sim de ousadia e equilíbrio”, afirma Guedes, que é professor de Capelania na Academia Teológica da Graça de Deus (Agrade). Segundo ele, só é possível vencer a timidez pelo exercício evangelístico. “Nossa intenção é nos preparar não apenas na questão teórica, mas também na prática. Sempre destacamos situações-problema, de ética, de confidencialidade, e procuramos treinar as pessoas em sala de aula”, conta o pregador, assinalando que exemplos reais são abordados nas classes.

O pastor e missionário João Carlos Batista supõe que falta simplicidade na hora de repartir a Palavra de Deus
Foto: Arquivo pessoal

Convertido em 2015, após enfrentar problemas com drogas, Daniel encontrou no evangelismo um caminho de transformação pessoal. Formado em Gastronomia, ele tem conectado o conhecimento acerca dos elementos que nutrem o corpo ao alimento do espírito, a Palavra de Deus: “Trabalho com uma estratégia que une as duas coisas”.

Timidez e desafios – Além de vencer as barreiras pessoais, como a timidez, os cristãos enfrentam desafios sociais e culturais ao evangelizar. Em muitas partes do planeta, há uma crescente pressão para que a fé seja encarada como uma questão privada, que deve estar distante do espaço público. A pesquisa realizada no Reino Unido e dados colhidos em outros países evidenciam a urgência de abrir um diálogo acerca desse tema e, ao mesmo tempo, garantir que os servos de Deus possam expressar suas crenças sem medo de sofrer represálias.

O Pr. Guilherme Andrade Soares Rosa opina: “As pessoas se retraem na hora de falar do Evangelho devido ao pouco conhecimento bíblico”
Foto: Arquivo pessoal

O pastor e missionário João Carlos Batista, membro da Comunidade Cristã Renovada, em São Paulo (SP), supõe que a dificuldade e a timidez no ato de pregar se devem, em grande parte, à falta de simplicidade na hora de repartir a Palavra. “Sempre me perguntavam como se evangeliza travestis. Eu respondia: É simples. Comece dando bom-dia, boa-tarde ou boa-noite e pergunte como a pessoa está”.

Mais conhecido pelo apelido João Boca, o missionário esteve, por quase três décadas, à frente da Missão Cena. Esta é uma das principais organizações evangélicas atuantes na Cracolândia, região do Centro da capital paulista onde há forte consumo de drogas e o tráfico de entorpecentes. “Enfrentei bastante hostilidade,” conta o servo de Cristo, complementando que um dia certo cidadão alto, forte e de aparência intimidadora quis afrontá-lo durante um trabalho na região. “O homem me perguntou por que estava olhando para ele. Na ocasião, até usava um cachimbo [de crack]. Então, eu lhe respondi: Não estou olhando para você, estou orando por você. Essa resposta o deixou sem reação. Deus é um Deus de estratégia, um Deus criativo”, sublinha o pastor.

Foto: Marcelo Santos

O Pr. Guilherme Andrade Soares Rosa, responsável pelo culto da vida sentimental, às terças-feiras, na sede estadual da IIGD em São Paulo, aponta outro aspecto da timidez na evangelização. “Quando comecei na caminhada cristã, ao evangelizar, uma moça me fez uma pergunta, e eu não soube responder a ela. Depois, fui estudar a Palavra para obter a resposta. As pessoas se retraem na hora de falar do Evangelho devido ao pouco conhecimento bíblico”, opina o ministro. Ele frisa que, de acordo com as Escrituras, aquele que ganha almas é sábio: “Quem não quer também ganhar a família, um amigo, ou outra pessoa para Cristo?”, indaga Rosa, explicando que é necessário deixar a covardia de lado. “O medo anula a fé, e temos de ter coragem para fazer a obra de Deus”, conclui.


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