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15/07/2021Cinema gospel
Filmes cristãos são usados como estratégia para propagar as Boas-Novas a jovens e crianças
Por Evandro Teixeira
Lançar mão de recursos audiovisuais para pregar o cristianismo tem sido uma prática de igrejas e ministérios do Brasil desde os anos de 1960. Nas décadas passadas, filmes com temática cristã atraíam multidões às praças públicas e aos templos, especialmente, em periferias e cidades do interior, onde havia pouco ou nenhum acesso a cinemas. A exibição da película, invariavelmente, era seguida de uma breve mensagem e do convite à salvação. O próprio Missionário R. R. Soares iniciou seu trabalho como evangelista valendo-se desse recurso. Filmes com mensagens do pregador norte-americano T. L. Osborn (1923-2013) eram projetados em praças e ruas de comunidades carentes do Rio de Janeiro. Afinal, uma boa história é capaz de emocionar, motivar, tocar fundo a alma, principalmente, quando é pautada no Evangelho.
Mesmo com a proliferação de smartphones cheios de recursos – em boa parte com base em serviços de streaming –, continua sendo eficaz a estratégia de utilizar filmes com narrativas de fé para atrair espectadores às igrejas, a fim de ouvirem a Palavra de Deus. Por isso, diversas congregações incluem, entre suas atividades, o cinema gospel. Um dos pontos positivos desse tipo de iniciativa é a facilidade de assimilação da mensagem transmitida, como observa o Pr. Renato Oliveira da Silva, líder regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Montes Claros (MG).
Segundo o ministro, o pontapé inicial para um projeto evangelístico bem-sucedido de exibição de filmes cristãos é a escolha do título, pois ele definirá o público-alvo. “Normalmente, focamos nos jovens”, explica o líder, que usa as redes sociais para divulgar as programações. Portanto, o título escolhido precisa estar de acordo com um critério fundamental: a história deve apresentar ensinamentos capazes de transformar vidas.
O projeto de cinema da IIGD em Montes Claros (MG) é desenvolvido por uma equipe de cinco pessoas do movimento Jovens Que Vencem (JQV). “Tomo conhecimento antecipadamente sobre os temas sugeridos pelo grupo. Faço uma avaliação prévia e dou meu aval para a exibição”, comenta o pregador, asseverando que os jovens escolhem títulos do catálogo da Graça Filmes. Ele cita, como exemplo, a história real contada em O recomeço (2011), que passa uma mensagem de esperança e superação.
A pandemia obrigou a IIGD a suspender as exibições dos filmes, porém o líder regional faz questão de dizer que o projeto já colheu excelentes resultados. “É uma experiência marcante. Podemos constatar como o entendimento dos espectadores se abre depois que eles assistem ao filme.”
Histórias emocionantes – Programações semelhantes aconteciam na sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus em Teresina (PI), contudo foram paralisadas em razão da pandemia do novo coronavírus. “Sempre agradava muito aos jovens. Eles compareciam e, ainda, levavam convidados”, lamenta-se a nutricionista Débora Mesquita, líder do ministério Jovens Que Vencem (JQV) no Piauí e responsável pelas atividades cinematográficas da Igreja.
De acordo com ela, títulos, como Caminho para a eternidade (2011) e Três histórias, um destino (2012), ambos da Graça Filmes, foram exibidos com grande sucesso na programação que ganhou o simpático nome de Tela Crente. Após cada exibição, a mensagem era discutida entre os presentes, com a intenção de destacar os pontos-chaves da trama, a qual apontava para a Bíblia. “As histórias, sempre emocionantes, são uma forma de pregação da Palavra.”
Não apenas os jovens são alcançados pela estratégia do cinema evangelístico, como também os ministérios infantis se beneficiam bastante dos recursos audiovisuais. “Esse tipo de atividade estimula o aprendizado, fazendo os pequenos reterem melhor as informações, produzindo forte impacto na vida deles e no seu desenvolvimento”, informa a psicopedagoga Evanize Rodrigues Flôres de Oliveira, membro da Assembleia de Deus de Cabuçu, em Nova Iguaçu (RJ). Nas programações evangelísticas que realiza em sua congregação utilizando esse recurso, a psicopedagoga segue um roteiro parecido com o da liturgia de um culto. Antes da exibição do filme, o tema central é explicado, e, após a apresentação, ocorre uma pequena ministração, seguida de um apelo (as crianças são convidadas a aceitar Jesus como Senhor e Salvador) e de uma oração. “Há ainda o momento de perguntas, as quais podem ser respondidas por meio de brincadeiras, jogos e dinâmicas.”
Os resultados dessas programações evangelísticas, de acordo com Evanize de Oliveira, “são maravilhosos”: há conversões, meninos e meninas memorizam cada detalhe das histórias, e, segundo os familiares, muitos narram as lições aprendidas. “A Bíblia deixa clara a importância do ensino para que esses pequenos tenham uma vida abençoada e ajustada.”
Ciente da força dos recursos audiovisuais, a Pra. Eristélia Bernardo Martins, atual líder da IIGD em Santos Dumont (MG), utiliza essa estratégia desde o início de seu ministério, em 2007, para pregar. “Vi muitas pessoas se firmarem no Evangelho depois de assistirem a um filme cristão”, compartilha a pregadora, que espera retomar projetos desse tipo assim que a pandemia for superada.
A líder acrescenta que esse material é capaz de apresentar uma clareza ilustrativa que pode não ser obtida pela pregação. Ela ainda acrescenta que, por meio desse recurso de vídeo, é possível atrair a atenção daqueles que tendem a ficar mais dispersos durante uma ministração convencional. Eristélia Martins defende, entretanto, que a exibição de qualquer filme deve ser finalizada com uma mensagem pastoral.
Bons resultados – O Prof. Wesley Oliveira, líder de jovens da Comunidade Sara Nossa Terra na Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), também é um entusiasta da utilização do audiovisual para alcançar vidas. Ele lembra que Deus não está morto, lançado no Brasil pela Graça Filmes em 2014 e ainda disponível para venda em DVD no site do Shopping do Povo (https://www.spovo.com.br/), foi exibido com sucesso em grandes salas de cinema do país. “Esse filme fez acender um fervor nas pessoas, levando-as a defender a sua fé a fim de mantê-la ainda mais viva”, comenta Oliveira.
Em seu ministério com jovens, Wesley aproveita a força do cinema evangélico e usa-o como estratégia para evangelizar. O objetivo dele é alcançar gente resistente à participação em cultos convencionais. Por isso, os filmes são exibidos em um espaço à parte do templo. O líder, que conta com o apoio de uma equipe que cuida dos convites, dos equipamentos e da logística, relata que a pandemia reduziu a frequência dos eventos. No entanto, ele esclarece que a programação tem sido mantida dentro do possível, seguindo as restrições determinadas pelos órgãos de saúde. “É satisfatório ver pessoas que nunca foram a uma igreja terem contato com os irmãos que compõem o Corpo de Cristo e saírem impactadas pelo amor de Deus.”
Além de atividades evangelísticas, os recursos audiovisuais podem ser usados para aplicar treinamentos e formar líderes cristãos. É o que acontece na Igreja do Evangelho Quadrangular de Santa Eugênia, em Nova Iguaçu (RJ), sob a liderança do Pr. Alberi de Souza Rodrigues. Ações desse tipo, no momento, têm acontecido com menos frequência devido à pandemia, mas, segundo o líder, sempre geram bons resultados. Para a exibição dos filmes, o pastor destaca que é interessante criar um “ambiente de cinema”, incluindo um espaço para lanches.
As exibições em sua igreja são organizadas por um grupo de dez pessoas, as quais se encarregam de planejar e cuidar da programação dos eventos. O pastor explica que a temática do filme depende do público-alvo. “No caso de uma programação voltada para público interno, abordamos algo que atenda às necessidades locais”, observa ele, assinalando que, por outro lado, quando o objetivo é a evangelização, tornam-se necessários esforço e empenho maiores de todos os envolvidos. “Diferentemente do evangelismo convencional, em que a Igreja vai até as pessoas na rua, nesse tipo de programação, temos de atraí-las para dentro da igreja”, pontua o líder, destacando que os resultados são recompensadores. “O filme facilita a compreensão da mensagem bíblica e desperta o interesse de muitos em buscar conhecê-la mais profundamente”, conclui.