FÉ FRUTÍFERA
13/10/2025
FÉ FRUTÍFERA
13/10/2025

A força da fé daqueles que intercedem pelos netos

Foto: Pixel-Shot / Adobe Stock

Por Marcelo Santos

Eles talvez não tenham mais o vigor da juventude, mas carregam uma força silenciosa que move o Céu e transforma os lares. Em muitas famílias evangélicas, os avós não são apenas figuras afetuosas e cuidadoras, mas também colunas espirituais, mentores de fé e intercessores incansáveis. De joelhos dobrados, mantêm vivas as promessas divinas sobre suas famílias. Quando os netos adoecem, passam por dificuldades ou se afastam do Senhor, os avós permanecem firmes e confiantes em um Deus que nunca falha.

Sônia Silva Marcondes, ao lado do marido, Jorge, que são pais de quatro filhos e avós de três netos: rotina de intercessão diária
Foto: Marcelo Santos

É assim para Jorge Marcondes e Sônia Silva Marcondes, ambos com 69 anos. Casados há 46 e membros da Igreja Batista do Povo, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo (SP), eles têm quatro filhos e três netos: Bernardo, 11 anos, Mateus, 9, e Anne, 4. A rotina do casal é marcada pela intercessão diária. “Todas as manhãs, oramos por eles, com nome e intenção”, compartilha Jorge, testemunhando que as orações vêm sendo respondidas.

Ele cita o retorno do neto mais velho, que estava morando longe. “Nós nos víamos pouco. Por isso, oramos em prol dessa causa, e, hoje, ele reside perto, canta no coral da igreja e está aprendendo bateria. Logo vai tocar no louvor”, afirma o avô, acrescentando que Sônia estava na igreja quando Bernardo atendeu ao apelo do pastor, indo à frente para aceitar Jesus. “Ele me pediu que o acompanhasse nesse momento de reconhecer Cristo como Seu Salvador”, lembra-se Sônia, destacando que não é fácil educar filhos e netos firmados na presença do Senhor em um mundo cheio de obstáculos e distrações. “Só conseguimos vencer com muita oração e total dependência do Espírito Santo”, avalia Jorge, assinalando que os netos precisam de avós de joelhos dobrados. “É assim que vencemos as lutas da vida: com oração, intercessão e comunhão com Jesus.”

A Pra. Ester Rodrigues da Silva Dal Bianco: mãe, avó de três netos e herdeira de um legado de fé transmitido por pais alicerçados na Palavra de Deus
Foto: Arquivo pessoal – modificada por IA

Essa mesma disposição move avós, como a Pra. Ester Rodrigues da Silva Dal Bianco, 64 anos, da Igreja Vivendo em Cristo, em Valinhos (SP), no interior paulista. Mãe, avó e herdeira de um legado de fé transmitido por pais alicerçados na Palavra, ela conta que ser avó de Sarah, 19, David, 16, e Israel, 15, foi como reviver a maternidade, só que com mais leveza, sabedoria e gratidão. “Cada etapa foi única. Tudo se tornou oração vivida: filmes com pipoca, barracas dentro de casa, ‘guerra’ de travesseiro, comidinhas feitas com afeto e hinos tocados para alegrar a bisavó. Até a nossa ‘cozinha noturna’ virou lugar de adoração”, ressalta, recordando-se da mãe, Eunice Rodrigues, 82, que faleceu há cinco anos. Vovó Nicinha, como era conhecida, foi uma mulher que respirava oração, atesta Ester. “Minha mãe me ensinou a clamar o Nome de Jesus até nos sonhos ruins. Ela foi extraordinária como mãe, avó e bisavó. Quando a perdi, ser avó me ajudou a seguir os passos dela, porque desejei honrar esse legado com meus netos.” Em 2011, sua admiração virou livro, Histórias da vovó Nicinha: tesouros de uma vida (IVC Comunicação), o qual reúne memórias de fé com a doçura de uma vovozinha.

O Pr. Marcelo Gualberto, um dos fundadores do Desperta Débora, ensina: “A maior lição que aprendi sendo avô é que Deus é Pai, mas Seu coração é de avô. O Pai provê, e o avô galardoa [recompensa]”
Foto: Arquivo pessoal – modificada por IA

Ester Dal Bianco rememora com carinho também de seu pai, o Pr. José Rodrigues, que faleceu aos 82 anos, na mesma época da morte de Eunice. Segundo ela, José era um exemplo de cuidado e afeto, tendo ensinado que, quando o amor caminha com o respeito, não há conflito entre gerações. Para a pastora, a simplicidade da vida com Cristo no centro do lar é a chave para filhos e netos felizes. “Presença, escuta e oração são sementes que florescem no tempo certo”, afirma Ester, mãe de Juliana. “Minha filha foi sábia ao nos incluir em tudo. Nunca nos intrometemos na educação dos meus netos. Participamos do crescimento deles com amor. Isso faz toda a diferença.”

Respostas de oração – Fundado em 1995, o movimento Desperta Débora tem mobilizado mães, avós e bisavós em oração. Criada originalmente para incentivar mães a orar 15 minutos por dia por seus filhos, a iniciativa ultrapassou gerações e reúne hoje mais de cem mil intercessoras em 60 países. “A maior lição que aprendi sendo avô é que Deus é Pai, mas Seu coração é de avô”, diz Marcelo Gualberto, 69 anos, um dos fundadores do projeto, pastor na Comunidade Presbiteriana Central de Belo Horizonte (MG) e diretor nacional da Mocidade Para Cristo do Brasil (MPC-Brasil). “O Pai provê, e o avô galardoa [recompensa]. Ele faz infinitamente mais do que pedimos ou pensamos”, afirma o líder, referindo-se a Efésios 3.20. “É o Deus que surpreende com mimos e cafunés que vão além do necessário”, sublinha Gualberto. Emocionado, ele se recorda de um fato ocorrido durante o congresso nacional em celebração aos 30 anos do movimento Desperta Débora, em junho deste ano, na cidade de Brasília (DF). “Uma avó pediu oração por sua neta de 14 anos, diagnosticada com uma doença grave. Mais de mil “Déboras” oraram juntas naquele encontro. Pouco tempo depois, veio a notícia: a doença havia desaparecido. Louvado seja Deus.”

Vanda Carlos Pereira da Silva viu sua fé ser fortalecida, por meio da oração, enquanto enfrentava a batalha pela vida do neto Maicon, que tinha um problema renal grave: “Hoje, ele não toma medicamento, pratica esportes e é um menino saudável para a glória de Deus”
Foto: Marcelo Santos – modificada por IA

Na opinião de Marcelo Gualberto, não é necessário criar um ministério à parte para as avós. “Isso porque: uma vez ‘Débora’, ‘Débora’ para sempre. Elas continuam orando pelos filhos e também pelos netos, bisnetos, até pelos filhos dos filhos dos filhos. A intercessão não tem prazo de validade”, pontua ele, asseverando que essas figuras desempenham um papel bastante significativo na formação espiritual das futuras gerações. “Temos a experiência, algo que, infelizmente, nem todos os filhos valorizam. Porém, se eles ouvissem mais os pais, que são avós de seus filhos, muitos erros seriam evitados”, avalia.

Essa sucessão geracional se reflete também na história de Vanda Carlos Pereira da Silva, 58 anos, membro da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) na sede estadual em São Paulo, localizada na avenida São João, 791, no Centro da capital paulista. Integrante do ministério Mulheres que Vencem (MQV), ela viu sua fé ser fortalecida, por meio da oração, enquanto enfrentava a batalha pela vida do neto Maicon, de 15 anos. Diagnosticado com um problema renal grave, o jovem passou a infância entre internações e tratamentos. “O médico chegou a dizer que ele poderia perder o rim, mas nunca parei de interceder. Levei o pedido de oração ao Pr. Jayme de Amorim Campos [líder estadual da Igreja da Graça em São Paulo], clamei e jejuei. Hoje, ele não toma medicamento, pratica esportes e é um menino saudável para a glória de Deus.”

Foto: Manaemedia / Adobe Stock

Vanda relata que conheceu o MQV durante um período de enfermidade. “Fui a um culto com minha neta Sabrina Gabrilly, de 19 anos, sem saber que haveria um encontro de mulheres. Naquele dia, Deus me colocou de volta ao chamado”, recorda-se ela, que, desde então, lidera um grupo de 50 intercessoras que ora diariamente às 21h. “A intercessora é como um soldado: jejuamos, clamamos, apresentamos a causa. Mas quem faz a obra é Deus.” Uma dessas operações divinas alcançou sua filha Thamiris, 36 anos, que retornou ao caminho do Evangelho ao descobrir que estava grávida de Gabriela, que nasceu cheia de saúde e, atualmente, está com cinco anos. “Ela vai à igreja com a mãe. Só posso agradecer ao Senhor por isso.”

Experiência semelhante é relatada por Zelma Ferreira da Silva, 60 anos, também membro da sede estadual da IIGD em São Paulo. Seu testemunho é marcado por milagres e livramentos – um deles ocorrido no nascimento do neto Calebe, em condições dramáticas. “O parto aconteceu dentro do banheiro de um posto de gasolina. Foram 50 minutos até chegarem ao hospital. O pai amarrou o umbigo com um cadarço emprestado de um amigo”, revela Zelma, acrescentando que o bebê nasceu prematuro e ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por mais de 30 dias. Sem poder visitá-lo todos os dias, ela orava na porta da unidade de saúde. “Ele vai fazer dois anos e é uma bênção.”

Zelma Ferreira da Silva orou na porta do hospital por 30 dias em prol do neto Calebe, nascido prematuro e internado na UTI: “Ele vai fazer dois anos e é uma bênção”
Foto: Marcelo Santos – modificada por IA

Zelma recorda-se também da intervenção de Deus na trajetória do neto Felipe, que sofreu um grave acidente de motocicleta há algum tempo. “Ele foi lançado a 30 metros da moto e caiu por cima dos carros em uma avenida”, conta a avó, assinalando que correu para o hospital com seu genro, mas foi impedida de ver o rapaz. “Entrei em desespero. Liguei para a irmã Vanda, líder do meu grupo de intercessão, que orou comigo por vídeo. Mas, para a glória de Deus, ele chegou à emergência sem nenhum arranhão. A moto ficou destruída, mas Felipe não sofreu nada”, afirma Zelma da Silva. Ela e outros personagens entrevistados nesta reportagem são colunas de fé, exemplos de vida dedicada à intercessão, atravessando o tempo e construindo um legado eterno, geração após geração.


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