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Durante 21 anos, o escocês James Gilmour dedicou a vida a anunciar as Boas-Novas aos mongóis
Por Patrícia Scott*
As Escrituras Sagradas registram as palavras de Paulo aos coríntios: Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns (1 Co 9.22). Essas palavras poderiam até ser atribuídas ao escocês James Gilmour (1843-1891). Missionário na Mongólia, nação asiática que faz fronteira com a China e a Rússia, ele vestiu as roupas e adotou a cultura mongol: aprendeu a língua, tornou-se vegetariano e passou a comer mingau como os nativos. Além disso, viajou a pé por diversas vezes e morou nas yurts [adaptação de abrigos utilizados por nômades da Ásia Central durante séculos]. Todo esforço de Gilmour tinha um único objetivo: propagar o Evangelho aos mongóis em um território com fortes raízes budistas.
Nascido na Escócia em 12 de junho de 1843, era o terceiro de seis filhos de um devoto casal cristão que seguia a doutrina calvinista. O pai, o construtor e comerciante de madeira, James Gilmour, realizava dois cultos familiares diários, e a mãe, Elizabeth Pettigrew Gilmour, lia regularmente histórias da Bíblia para ele e os irmãos. Na escola, James se destacava, fato que atribuía à mãe e à própria natureza competitiva.
Quando jovem, ele estudou latim e grego na Universidade de Glasgow, na capital escocesa, obtendo o bacharelado em 1867 e o mestrado um ano depois. Então, atendendo ao chamado de Deus para se voluntariar para o serviço de missões na Mongólia, James Gilmour ofereceu seus serviços à Sociedade Missionária de Londres. No seminário Cheshunt College, em Highgate, o jovem passou por um treinamento e estudou chinês. Assim, em 10 de fevereiro de 1870, foi ordenado missionário.
Em 22 de fevereiro daquele ano, James partiu de Liverpool, na Inglaterra, com destino a Pequim, na China, desembarcando em 18 de maio. A primeira viagem missionária que realizou – de Kalgan (província na China) a Kiachta, cidade russa localizada na fronteira com a Mongólia – levou um mês. Porém, antes que terminasse o ano, ele já estava vivendo em uma tenda em companhia de um nativo mongol, onde passou três meses aprendendo a língua e observando o povo.
A família – Durante uma visita ao amigo missionário Samuel Meech, em Pequim, Gilmour viu uma fotografia de Emily Prankard, a cunhada de Meech. Incentivado pela irmã dela, ele escreveu uma carta para a moça propondo-lhe casamento. Seis meses depois, recebeu a resposta positiva. No outono de 1874, Emily viajou para Pequim e, em dezembro do mesmo ano, casaram-se em Tientsin [atual Tianjin], no norte da China. Dois anos depois, o casal viajou por 156 dias na Mongólia. No entanto, após oito anos, eles retornaram à Grã-Bretanha, devido a problemas de saúde de Emily, e lá permaneceram até 1883. Durante esse período, o missionário publicou seu primeiro livro, intitulado Among the mongols (Entre os mongóis).
De volta à evangelização, a esposa passou a lecionar na escola para meninas chinesas, enquanto James fazia longas viagens pela Mongólia. Eles tiveram três filhos: James, William e Alexander, que morreu quando criança. Após 11 anos de casamento, Emily faleceu em 19 de setembro de 1885.
Desafios no campo – O trabalho missionário de James Gilmour enfrentava um grande desafio: o vício dos mongóis em tabaco, ópio e uísque. Contra eles, o pregador apresentava Cristo como uma poderosa solução. Assim, em todo verão, ele vivia entre os nômades mongóis. Durante o inverno, ficava em Pequim, onde ministrava à população mongol que precisava de cura física, auxiliando no fornecimento de remédios. Entretanto, mesmo após anos de atuação, o missionário não conseguira relatar uma única conversão.
No início de 1884, James Gilmour iniciou a pé uma das suas mais notáveis jornadas pelos territórios mongólicos. Nessa época, ele encontrou seu primeiro convertido, Boyinto. Eles viajaram por mais de 1.600 km e tiveram muito tempo para conversar. Em certo momento, ajoelharam-se na estrada e oraram juntos. Aquela experiência mostrou a James que o trabalho pessoal era mais eficaz na propagação do Evangelho entre aquele povo. Gilmour tinha motivos para crer assim: durante uma campanha evangelística de oito meses, ele pregara para quase 24 mil pessoas, distribuindo 4.500 folhetos, mas apenas duas confessaram Cristo publicamente.
Em abril de 1891, foi a Tientsin participar de um encontro do Comitê Distrital do Norte da China da Sociedade Missionária de Londres. Naquele evento, assumiu o cargo de presidente, mas por pouco tempo. Aos 47 anos, Gilmour teve febre tifoide [doença bacteriana aguda associada a baixos níveis socioeconômicos, principalmente em regiões com precárias condições de saneamento básico, higiene pessoal e ambiental] e faleceu em 21 de maio de 1891, após 21 anos de dedicação ao trabalho missionário e de amor aos mongóis, incentivando os cristãos de todo o mundo a seguir seus passos e inspirando-os a pregar a Palavra mesmo nas áreas mais remotas. (*Com informações de GFA Missions, Wikipédia e Wholesome Words)